Você sabe o que é hierarquia urbana? Hierarquia urbana é o ordenamento das cidades de acordo com o seu grau de influência em uma rede urbana. A sua classificação é feita de acordo com um conjunto de critérios, o que inclui a concentração de serviços e de infraestruturas, a presença de empresas e de estabelecimentos comerciais e culturais e o tamanho da sua população. Com as transformações no espaço e o advento de novas tecnologias da informação e da comunicação, a maneira como as redes urbanas se estabelecem foi alterada, o que afetou a conexão entre as cidades e a determinação dos níveis de hierarquia urbana.
A hierarquia urbana é um instrumento que auxilia na compreensão do espaço urbano e da forma como as cidades se relacionam umas com as outras, sendo um tema importante da Geografia que é cobrado em provas como o Enem. Para além disso, ela é fundamental para a realização de uma boa gestão das cidades e para a condução do planejamento urbano e territorial de maneira eficaz.
Leia também: Afinal, o que é rede urbana?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre hierarquia urbana
- 2 - Afinal, o que é hierarquia urbana?
- 3 - Níveis de hierarquia urbana
- 4 - Hierarquia urbana brasileira
- 5 - Mapa da hierarquia urbana do Brasil
- 6 - Hierarquia urbana no Enem
- 7 - Fatores que determinam a hierarquia urbana
- 8 - Importância da hierarquia urbana
- 9 - Espaço geográfico e a hierarquia urbana
- 10 - Exercícios resolvidos sobre hierarquia urbana
Resumo sobre hierarquia urbana
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Hierarquia urbana é o ordenamento das cidades segundo o seu grau de influência na rede urbana.
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Os níveis atuais de hierarquia urbana foram definidos com base nas transformações sofridas pelo espaço urbano após a globalização. São eles:
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Grande metrópole nacional;
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Metrópole nacional;
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Metrópole regional;
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Centro regional;
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Cidade local;
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Vila.
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A hierarquia urbana brasileira é complexa e formada por diferentes níveis, os quais apresentam, também, subníveis de acordo com a centralidade exercida pela cidade. São eles:
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Grande metrópole nacional;
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Metrópole nacional
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Metrópole;
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Capital regional (A, B ou C);
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Centros sub-regionais (A ou B);
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Centro de zona (A ou B);
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Centro local.
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Como sendo um tema importante pertencente à Geografia Urbana, questões sobre hierarquia urbana podem ser encontradas na prova do Enem.
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Os fatores que determinam a hierarquia urbana são, dentre outros, a concentração de serviços (financeiros, saúde, educação), infraestruturas, estabelecimentos culturais e comerciais, atividades de gestão e empresarial.
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A hierarquia urbana ajuda-nos a entender melhor o ordenamento do espaço urbano e, ainda, é importante para a gestão das cidades e para o planejamento urbano e territorial.
Afinal, o que é hierarquia urbana?
Hierarquia urbana é o nome dado ao arranjo organizacional do espaço urbano com base no nível de influência das cidades. Nesse sentido, a hierarquia urbana divide as cidades em diferentes níveis hierárquicos de acordo com a concentração de elementos e de serviços que elas oferecem, levando em consideração a rede urbana que é formada por elas.
Entende-se por rede urbana todo o conjunto de relações que é estabelecido por um determinado centro urbano, reunindo diferentes cidades que podem ou não estar localizadas nas suas adjacências. Com base na extensão dessa rede urbana e no poder de centralização que aquela localidade em questão exibe, é definida, então, a posição hierárquica que a cidade assume no espaço urbano de um determinado território.
Níveis de hierarquia urbana
A atual hierarquia urbana é formada pelos seguintes níveis:
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Grande metrópole nacional: são as cidades com maior nível hierárquico na rede urbana. Elas apresentam altíssimo grau de influência em todo um país e concentram um elevado número de serviços para atender tanto à sua população quanto aquela de outras localidades. As grandes metrópoles nacionais são verdadeiros polos econômicos, tecnológicos e culturais e que também apresentam forte conexão com as redes urbanas internacionais. Quando isso acontece, elas recebem a denominação de metrópoles globais.
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Metrópole nacional: dentro dos limites de um território, as metrópoles nacionais são aquelas que exercem centralidade sobre as demais cidades que compõem as posições inferiores a ela. Assim, elas influenciam tanto as metrópoles regionais, por exemplo, quanto as vilas de maneira direta, sem intermediação.
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Metrópole regional: essas metrópoles têm menor concentração de população do que as metrópoles nacionais. Elas também exercem centralidade no território em que ocupam, mas a extensão da rede que elas constituem é menor em comparação também às metrópoles nacionais.
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Centro regional: as cidades classificadas como centros regionais formam uma rede de influência que se limita a uma determinada região. A sua centralidade está mais relacionada com empregos que são gerados, com serviços variados (como saúde e educação) e com estabelecimentos comerciais que não estão presentes em cidades como as locais, por exemplo.
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Cidade local: em se tratando de áreas urbanas classificadas como cidades, a cidade local está na posição hierárquica mais baixa na rede urbana. São cidades com um menor número de moradores e com uma menor concentração de serviços, de estabelecimentos e de infraestruturas, sendo necessário recorrer aos centros regionais ou às metrópoles com certa frequência.
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Vila: são pequenos aglomerados urbanos que não se enquadram na definição de cidade, o que explica a nossa definição de cidade local apresentada acima. Os moradores de vilas frequentemente se deslocam para as cidades locais ou para os centros regionais para terem acesso a determinados serviços e estabelecimentos, já que eles não estão presentes na área em que habitam.
Hierarquia urbana brasileira
A determinação da hierarquia urbana brasileira é feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A sua última atualização aconteceu no ano de 2018, com o lançamento de uma publicação a respeito da Região de Influência das Cidades (Regic) em 2020. Uma vez que teve uma urbanização que aconteceu de forma acelerada e sem planejamento, além de uma alta concentração populacional no litoral e nas regiões Sul e Sudeste, a rede urbana brasileira é mais densa nessas áreas do que nas demais, como nos mostra o mapa da imagem abaixo. Não somente essas áreas concentram as metrópoles brasileiras, nelas há também alta presença de centros regionais.

A seguir, conheça as categorias que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) determinou para a hierarquia urbana brasileira e veja exemplos de cidades que se enquadram em cada uma delas:
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Grande metrópole nacional: existe apenas uma cidade que se encaixa nos requisitos dessa categoria, que é a cidade de São Paulo (SP).
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Metrópole nacional: o Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF) são as cidades consideradas como metrópole nacional pelo IBGE.
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Metrópole: essas são as cidades que detêm 3 milhões de habitantes em média. Ao todo, o Brasil tem 12 metrópoles: Campinas (SP), Manaus (AM), Belém (PA), Goiânia (GO) e Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Vitória (ES).
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Capital regional: são as 97 cidades brasileiras que exercem centralidade em uma determinada área, mas em menor grau do que as metrópoles. Possui algumas subdivisões, mas é importante ressaltar que nem todos os estados apresentam cidades nessas categorias:
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Capital regional A: tem relação direta com a metrópole e população entre 800 mil e 1,4 milhão de habitantes. Um exemplo é Ribeirão Preto (SP).
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Capital regional B: são 24 cidades brasileiras que apresentam alta influência no interior dos seus respectivos estados, como São José dos Campos (SP) e Uberlândia (MG).
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Capital regional C: é a categoria formada por um conjunto de 64 cidades, como Anápolis (GO), Macapá (AP), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC).
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Centros sub-regionais: são cidades que têm população entre 75 mil e 120 mil habitantes e cuja centralidade é inferior àquela das capitais regionais. Também se divide em:
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Centro sub-regional A: 96 cidades brasileiras enquadram-se nessa categoria, a maioria das quais pertencentes à região Sudeste.
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Centro sub-regional B: as 256 cidades dessa categoria são menos populosas do que os centros anteriormente descritos e se distribuem por mais regiões do país.
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Centro de zona: sua influência acontece mais por causa da proximidade, o que favorece o uso de serviços e de infraestrutura pelas populações vizinhas. São divididas em:
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Centro de zona A: formada por 147 cidades de 40 mil habitantes aproximadamente.
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Centro de zona B: formada por 251 cidades com população entre 25 e 35 mil habitantes.
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Centro local: são cidades que desempenham influência apenas dentro dos seus próprios limites municipais. Essa classe é formada por 4.057 cidades, ou seja, pela maioria das cidades brasileiras.
Mapa da hierarquia urbana do Brasil

Hierarquia urbana no Enem
A urbanização é um dos principais temas de Geografia que são cobrados no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Dentro do escopo da urbanização está a hierarquia urbana, que é abordada na prova a partir de diferentes perspectivas. Portanto, para obter sucesso nas questões que trazem a hierarquia urbana como temática é muito importante compreender:
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quais são os fatores determinantes para a hierarquização das cidades nas redes urbanas, o que inclui os motivos pelos quais um dado centro urbano tornou-se polarizador;
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a formação das redes urbanas no espaço geográfico, levando em consideração o atual período técnico e histórico em que estamos inseridos;
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como se constitui a hierarquia urbana brasileira e qual é a importância das cidades que estão situadas nos níveis mais elevados;
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de que maneira as cidades de diferentes níveis hierárquicos se relacionam;
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o ordenamento socioespacial das cidades brasileiras e a sua relação com questões estruturais do país, como as desigualdades sociais e econômicas.
Fatores que determinam a hierarquia urbana
Os fatores que determinam a hierarquia urbana são os mesmos fatores que conferem polaridade a um aglomerado urbano. Isso significa que a presença desses elementos, que estão relacionados com serviços e com a gestão territorial, faz com que aquela determinada cidade passe a exercer influência sobre as outras em diferentes escalas espaciais (global, nacional, regional ou local), e, dessa maneira, ela constrói a sua própria rede urbana. Dessa forma, ela adquire importância no espaço urbano. É a medida dessa importância que constitui a hierarquia urbana de um território.
Levando isso em consideração, em conjunto com metodologia empregada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na reformulação da Região de Influência das Cidades (Regic), podemos elencar como fatores determinantes da hierarquia urbana:
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concentração de atividades de gestão pública e empresarial (IBGE, 2020);
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oferta de serviços para a população em diferentes setores, como finanças, saúde e educação;
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presença de infraestrutura urbana de transportes e de comunicações;
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presença de uma variedade de estabelecimentos comerciais e culturais, bem como de empresas;
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dimensões da população que habita naquele aglomerado urbano;
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volume e tipo de atividades econômicas desenvolvidas na cidade;
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poder de influência política, econômica e cultural sobre outros centros urbanos.
Importância da hierarquia urbana
Mais do que um instrumento para o estudo aprofundado da organização do espaço urbano e a compreensão da forma como as cidades se relacionam, a hierarquia urbana tem importância para a gestão das cidades e para o planejamento urbano e territorial.
A partir da sua revisão cuidadosa, são tomadas decisões administrativas que redirecionam o volume ideal de recursos para cada nível hierárquico de cidade, assim como é possível identificar áreas para a ação do poder público com base no tipo de cidade, nas conexões que são feitas a partir daquele centro urbano e nas demandas observadas por serviços e por infraestruturas. Assim, torna-se mais fácil a elaboração de políticas públicas adequadas, e o gerenciamento do espaço geográfico é feito de forma mais eficaz, atendendo às necessidades de cada ponto da rede urbana.
Espaço geográfico e a hierarquia urbana
Um aspecto básico do espaço geográfico e, por extensão, do espaço urbano é o fato de que ele é dinâmico. A dinamicidade do espaço geográfico significa que ele está em constante movimento e que passa por transformações recorrentes que estão diretamente relacionadas com o período em que estamos vivendo.
Desde, pelo menos, a segunda metade do século XX, estamos imersos em um período de intensa inovação tecnológica que proporcionou uma verdadeira revolução nos transportes e na forma como nos comunicamos, o que alterou relações pessoais, comerciais e diplomáticas em todo o mundo. Tais mudanças refletiram no espaço através do surgimento do meio técnico-científico-informacional.
Como sendo uma expressão por excelência da intervenção humana no meio, e onde se concentram as principais atividades econômicas e as infraestruturas que as viabilizam, as cidades passaram por profundas mudanças nesse ínterim. Mais do que isso, a maior fluidez do espaço mundial e os avanços observados em setores-chave, que são a comunicação e os transportes, alteraram a maneira como as cidades se relacionam, ocasionando o reordenamento das redes urbanas e a redefinição, portanto, da hierarquia das cidades.
Assim, por causa da globalização, a hierarquia urbana foi modificada. Antes, as relações entre os centros urbanos aconteciam de forma vertical e quase engessadas, seguindo, de fato, uma escala gradativa desde áreas mais influentes até as menos influentes. Cidades mais distantes na hierarquia urbana exerciam influência indireta umas sobre as outras, diferente do cenário atual. Hoje, essas relações tornaram-se mais complexas e difusas ao mesmo tempo, com a criação de um maior número de conexões diretas que são formadas a partir de todos os centros urbanos que são parte da rede. Ainda assim, observa-se a diferenciação no seu grau de influência a partir da centralidade de serviços e de infraestruturas.
Acesse também: Afinal, o que é espaço geográfico?
Exercícios resolvidos sobre hierarquia urbana
Questão 1
(Enem PPL)
O critério que rege a hierarquia urbana é a:
A) existência de distritos industriais de grande porte.
B) importância histórica dos centros urbanos tradicionais.
C) centralidade exercida por algumas cidades em relação às demais.
D) proximidade em relação ao litoral das principais cidades brasileiras.
E) presença de sedes de multinacionais potencializando a conexão global.
Resolução:
Alternativa C.
O principal critério para a determinação da hierarquia urbana é a influência que uma cidade exerce sobre as demais, ou seja, a sua centralidade.
Questão 2
(Enem)
Tal fenômeno não pode ser reduzido a alguns núcleos urbanos no topo da hierarquia. É um processo que conecta serviços avançados, centros produtores e mercados em rede com intensidade diferente e em diferente escala, dependendo da relativa importância das atividades localizadas em cada área face à rede mundial.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000 (adaptado).
A estrutura descrita depende da ocorrência da seguinte característica espacial:
A) Extensão da malha ferroviária.
B) Presença de centros de pesquisa.
C) Geração de energias renováveis.
D) Automação das unidades produtivas.
E) Qualidade do sistema de telecomunicações.
Resolução:
Alternativa E.
É a qualidade dos sistemas de telecomunicações que permite a conexão entre diferentes centros urbanos em localidades distintas. Note que, apesar de não demandar quais são os fatores que colocam uma cidade em posição de centralidade na rede urbana, era fundamental conhecer os critérios para a determinação da hierarquia urbana para responder a essa questão.
Fontes
CONTE, Cláudia Heloiza. REDE URBANA: UMA BREVE ABORDAGEM TEÓRICA. Geografia em Atos (Online), Presidente Prudente, v. 1, n. 14, 2013. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/view/2625.
IBGE. Hierarquia Urbana. IBGE. Quadro Geográfico de Referência para Produção, Análise e Disseminação de Estatísticas, [2020]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/quadrogeografico/pdf/50_Hierarquia%20Urbana.pdf.
IBGE. Regiões de influência das cidades: 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101728
MOURA, Rosa [et al.]; RIBEIRO, Luís César de Queiroz (Org.). Hierarquização e identificação dos espaços urbanos. Rio de Janeiro: Letra Capital, Observatório das Metrópoles, 2009.
![Imagem explicando o que é hierarquia urbana. [imagem_principal] Imagem explicando o que é hierarquia urbana. [imagem_principal]](https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/be/2025/07/1-imagem-explicando-o-que-e-hierarquia-urbana-imagem-principal.jpg)