Pós-modernismo foi um estilo de época ou um conjunto de manifestações artísticas ocorridas na segunda metade do século XX. Englobou correntes estéticas como a pop art, a op art, a arte conceitual e o minimalismo.A literatura pós-modernista é marcada pela metalinguagem, fragmentação e experimentalismo. Assim, o pós-modernismo foi composto por manifestações artísticas que refletiram ou reagiram a uma época dominada pela indústria cultural.
Leia também: O que é o modernismo?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre pós-modernismo
- 2 - Videoaula sobre pós-modernismo
- 3 - O que é o pós-modernismo?
- 4 - Características do pós-modernismo
- 5 - Obras do pós-modernismo
- 6 - Autores do pós-modernismo
- 7 - Pós-modernismo no Brasil
- 8 - Arte pós-moderna
- 9 - Origem do pós-modernismo
- 10 - Exercícios resolvidos sobre pós-modernismo
Resumo sobre pós-modernismo
- O pós-modernismo foi um estilo literário ou corrente estética que esteve em voga na segunda metade do século XX.
- As principais características do pós-modernismo foram a pluralidade e a oposição ao modernismo.
- A arte pós-moderna é composta de correntes artísticas como pop art, op art, arte conceitual e minimalismo.
- A arquitetura pós-moderna é pouco funcional e mais chamativa.
- A literatura do pós-modernismo apresenta metalinguagem, fragmentação e realismo fantástico.
Videoaula sobre pós-modernismo
O que é o pós-modernismo?
O pós-modernismo foi um conjunto de manifestações artísticas e culturais da segunda metade do século XX. Os conceitos de “pós-modernismo” e “pós-modernidade” vêm sendo debatidos nas últimas décadas. No entanto, não há, ainda, uma conclusão para esse debate acerca da definição desses dois termos. Comumente, o “pós-modernismo” é associado a questões estéticas, enquanto a “pós-modernidade”, à questões históricas.
Segundo o doutor em sociologia Gustavo Moura de Cavalcanti Mello|1|:
[…] enquanto o modernismo estético se caracteriza pelos manifestos, pelas marcadas diferenciações reivindicadas por parte de coletivos coesos e conscientemente inovadores, com base em sólidos princípios políticos e estéticos, o pós-modernismo caracteriza-se sobremaneira pela indiferenciação, pela experimentação descompromissada, numa pretensa fuga ao formalismo e ao doutrinário.
Dessa forma, o pós-modernismo pode ser considerado um estilo de época ou corrente artística. Estão dentro dessa classificação obras produzidas a partir do final dos anos 1940, após a Segunda Guerra Mundial.
Características do pós-modernismo
De forma ampla, o pós-modernismo esteve relacionado ao pop; ao universalismo; à diluição ou indissociação entre alta cultura e cultura de massa (associada ao consumismo), entre arte e não arte; e à crítica à indústria cultural. Ao mesmo tempo, focalizou a pluralidade, a alteridade, a fragmentação e a efemeridade.
A arte pós-moderna faz oposição ao modernismo que a antecedeu. É plural e pode ter caráter político, ser interativa ou mesmo valorizar a simplicidade. Já a arquitetura mescla o popular e o acadêmico, não é funcionalista, mas chamativa e espetacular. Por fim, a literatura pós-modernista é marcada pela diversidade. São características desse tipo de literatura:
- realismo social;
- caráter metalinguístico;
- experimentalismo;
- fluxo de consciência ou monólogo interior;
- fragmentação;
- temática universal; e
- realismo fantástico.
Veja também: O que é o fantástico na literatura?
Obras do pós-modernismo
- O casamento da razão e da miséria (1959), obra do artista estado-unidense Frank Stella.
- Almoço nu (1959), romance do estado-unidense William S. Burroughs.
- Edifício Guild House (1960), do arquiteto estado-unidense Robert Venturi.
- Latas de sopa Campbell (1962), obra do artista estado-unidense Andy Warhol.
![Latas de sopa Campbell, de Andy Warhol, famosa obra do pós-modernismo. [imagem_principal]](https://s3.static.brasilescola.uol.com.br/be/2025/08/pos-modernismo-obras-2.jpg)
- Uma e três cadeiras (1965), arte de instalação do estado-unidense Joseph Kosuth.
- Cem anos de solidão (1967), romance do colombiano Gabriel García Márquez.
- Vega-Nor (1969), obra do artista húngaro Victor Vasarely.
- A mulher do tenente francês (1969), romance do escritor inglês John Fowles.
- A casa cósmica (1978), do arquiteto estado-unidense Charles Jencks.
- Se um viajante numa noite de inverno (1979), romance do cubano Italo Calvino.
- A câmara sangrenta (1979), contos da escritora inglesa Angela Carter.
Autores do pós-modernismo
São autores pós-modernistas mundialmente conhecidos:
- Angela Carter — Inglaterra
- Clarice Lispector — Brasil
- Gabriel García Márquez — Colômbia
- Italo Calvino — Cuba/Itália
- John Fowles — Inglaterra
- William S. Burroughs — Estados Unidos
Pós-modernismo no Brasil

A arte pós-modernista brasileira conta com nomes como Hélio Oiticica (arte conceitual e neoconcretismo), Lygia Clark (neoconcretismo), Claudio Tozzi (pop art e arte conceitual), Rubens Gerchman (pop art, concretismo e neoconcretismo) e Luiz Sacilotto (concretismo). Já a arquitetura pós-moderna brasileira tem como principal nome o arquiteto Éolo Maia.
A poesia pós-modernista brasileira é composta pelo(a):
- Geração de 1945: crítica sociopolítica, metalinguagem, contenção emotiva, cuidado formal.
- Poesia concreta: experimentalismo e verbivocovisualidade (combinação de palavra, som e imagem).
- Neoconcretismo: valorização de formas geométricas e caráter interativo.
- Poesia práxis: valorização do verso e do ritmo, anticoncretismo, crítica social, multivocidade (plurissignificação).
- Poema processo: caráter antidiscursivo, com prevalência de sinais gráficos em vez de palavras.
A prosa pós-moderna apresenta fluxo de consciência, estrutura fragmentada, metalinguagem (ou metanarrativa), temática universal e realismo fantástico. A literatura pós-modernista brasileira compreende o período de 1945 a 1978, quando teve início a literatura contemporânea, e possui obras como:
- Ciranda de pedra (1954), de Lygia Fagundes Telles.
- Morte e vida severina (1955), de João Cabral de Melo Neto.
- Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa.
- O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino.
- A ave (1956), de Wlademir Dias-Pino.
- Lavra lavra (1962), de Mário Chamie.
- A paixão segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector.
- A hora dos ruminantes (1966), de José J. Veiga.
- Linguaviagem (1967), de Augusto de Campos.
- Exercício findo (1968), de Décio Pignatari.
- O pirotécnico Zacarias (1974), de Murilo Rubião.
- Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar.
- A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector.
- A obscena senhora D (1982), de Hilda Hilst.
- Galáxias (1984), de Haroldo de Campos.
Arte pós-moderna
A arte pós-moderna é composta por movimentos artísticos de variadas perspectivas, tais como:
- Arte conceitual: comprometida menos com a estética e mais com os elementos políticos, de forma a valorizar a ideia em detrimento da forma.
- Op art ou arte ótica: trabalha com elementos geométricos e abstratos, ilusão de ótica e apresenta caráter interativo.
- Pop art ou arte pop: trabalha com elementos da cultura de massa (televisão, cinema, publicidade etc.) e elementos associados ao mundo do consumo, além de mostrar elementos do cotidiano e criticar a indústria cultural.
- Arte minimalista: é pautada na simplicidade, na objetividade, nos elementos geométricos básicos e na valorização das formas, do espaço e da cor.
Origem do pós-modernismo
De acordo com Gustavo Moura de Cavalcanti Mello, doutor em Sociologia: “a mobilização generalizada da noção de pós-moderno não foi nada tardia; na realidade, converteu-se num rótulo que aderia a boa parte das obras estéticas e teóricas após a difusão e consagração do termo, na década de 1970”.
Ele afirma que a generalização do uso do termo “pós-modernismo” na década de 1970 teve como marco a publicação do periódico estado-unidense Boundary 2 — Revista de Literatura e Cultura Pós-Modernas.
O autor menciona que, na década de 1980, o arquiteto estado-unidense Charles Jencks festejava o pós-moderno como uma civilização mundial de tolerância pluralística e opções superabundantes, uma civilização que “tornava sem sentido” polaridades ultrapassadas, como “esquerda e direita, capitalista e classe operária”, e decretava o fim das vanguardas e das ideologias, já que “[...] não há inimigo para derrotar”. O pós-modernismo anunciava a produção de uma “[...] ordem simbólica comum do tipo fornecido por uma religião”.
Assim, apesar de ter nascido no contexto da Guerra Fria, uma das bases do pós-modernismo foi a ausência de utopia da pós-modernidade, da qual esse estilo fez parte e com a qual ele se confundiu. Vale ressaltar que a difusão desses termos começou na década de 1970, mas as obras com características pós-modernistas remontam à segunda metade da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, sendo impossível dizer qual a primeira obra a apresentar tais características.
Saiba mais: Qual a relação entre o modernismo e a Primeira Guerra Mundial?
Exercícios resolvidos sobre pós-modernismo
Questão 1
Pós-modernismo
O primeiro desafio para introduzir o leitor ao movimento pós-moderno e suas possibilidades é sua mera definição. Primeiramente, há múltiplas facetas e subcorrentes pós-modernas; segundo, há formas de defini-lo, e cada uma tende a não reconhecer as outras como “legitimamente pós-modernas” (Norris). Mas, de forma genérica, pode-se dizer que o pós-modernismo corresponde a um movimento teórico multidisciplinar que vai da filosofia à estética, envolvendo as artes, a sociologia, chegando ao campo dos estudos organizacionais. O denominador comum é a resistência à modernidade e, em particular, a crítica à razão.
[...]
Muitos autores, como Harvey e Derrida, caracterizam a chamada “era pós-moderna” por diversos elementos, como a globalização; o relativismo e o pluralismo, caracterizados pela dissipação da objetividade e da racionalidade, tidas como tipicamente modernas; a espetacularização da sociedade, marcada pela centralidade da mídia e da imagem; a cultura de massa; a normalização da mudança pela perpetuação de tudo como volátil e transitório; o papel do indivíduo na sociedade primordialmente como consumidor; e a comoditização do conhecimento.
[...]
É importante salientar, no entanto, que há um conjunto significativo de autores que não entendem ser a “pós-modernidade” uma ruptura com a modernidade, e sim um estágio “tardio” da modernidade — como Habermas ou Giddens — ou como estágios distintos da modernidade, como o conceito de “modernidade sólida” e “modernidade líquida” de Bauman. [...].
VIEIRA, Marcelo Milano Falcão; CALDAS, Miguel P. Teoria crítica e pós-modernismo: principais alternativas à hegemonia funcionalista. RAE, São Paulo, v. 46, n. 1, jan./ mar. 2006.
Nesse trecho de um artigo científico sobre o pós-modernismo, fica evidenciado que não há consenso na definição desse movimento. No entanto, o texto sugere que o pós-modernismo fez oposição:
A) à modernidade e à racionalidade.
B) ao pluralismo e ao identitarismo.
C) à cultura de massa e aos canais midiáticos.
D) a qualquer tipo de ruptura artística ou social.
Resolução: Alternativa A.
O texto sugere que são características do pós-modernismo “a resistência à modernidade e, em particular, a crítica à razão”.
Questão 2
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) O artista estado-unidense Andy Warhol está vinculado à pop art, corrente artística pós-modernista.
( ) A prosa pós-moderna no Brasil tem Clarice Lispector como uma de suas principais representantes.
( ) O movimento antropofágico, o concretismo e o neoconcretismo são importantes movimentos pós-modernistas.
A sequência correta é:
A) V, V, V.
B) F, F, V.
C) V, V, F.
D) F, V, F.
E) V, F, V.
Resolução: Alternativa C.
O movimento antropofágico esteve vinculado ao modernismo brasileiro.
Nota
|1| MELLO, Gustavo Moura de Cavalcanti. Pós-modernismo: entre a crítica e a ideologia. Trans/Form/Ação, Marília, v. 39, n. 1, jan./ mar. 2016.
Créditos da imagem
[1] Kongkiat Samangsri / Shutterstock
Fontes
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