Carlota Joaquina: quem foi, importância, morte - Brasil Escola

Carlota Joaquina

Carlota Joaquina foi uma monarca espanhola que se tornou rainha consorte de Portugal. Esposa de d. João VI, passou sua vida conspirando para derrubar seu marido do trono.

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Carlota Joaquina foi uma monarca de origem espanhola que ocupou a posição de rainha consorte de Portugal entre 1816 a 1826. Casou-se com d. João (que depois se tornou d. João VI) quando tinha apenas 10 anos de idade, mantendo-se casada com ele até o fim da vida de seu marido, mas vivendo uma união marcada pela infelicidade.

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Carlota Joaquina ficou marcada por sua personalidade forte e por conspirar constantemente contra o seu marido, buscando removê-lo do poder em diversas ocasiões. Os relatos contam que ela veio ao Brasil forçadamente e ficou radiante de felicidade quando retornou a Portugal. Gerou nove filhos, sendo que um deles foi Pedro de Alcântara, o d. Pedro I.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Carlota Joaquina

  • Carlota Joaquina foi uma rainha casada com d. João VI, rei de Portugal.
  • Ela nasceu na Espanha, em 1775.
  • Casou-se com d. João quando tinha apenas 10 anos de idade, mantendo um casamento infeliz.
  • Foi rainha consorte de Portugal, passando sua vida conspirando contra o rei, seu próprio marido.
  • Os relatos contam que ela não quis vir ao Brasil, sendo infeliz durante sua estadia.
  • Viveu em isolamento de seu marido durante quase toda a sua vida.
  • Gerou nove filhos, entre os quais, d. Pedro I.

Videoaula sobre Carlota Joaquina

Quem foi Carlota Joaquina?

Carlota Joaquina foi uma monarca de origem espanhola que ficou marcada como a esposa de d. João VI, rei de Portugal, sendo, portanto, rainha consorte de Portugal. Ela era filha de Carlos IV, rei da Espanha, casando-se com um príncipe português ainda em sua infância. Carlota Joaquina residiu no Brasil entre 1808 e 1821, com os relatos apontando que sempre quis retornar à Europa.

A mudança de Carlota Joaquina para o Brasil foi consequência da decisão de d. João VI de mudar a família real portuguesa para o Brasil pela ocasião da invasão de Portugal pelas tropas francesas no contexto das Guerras Napoleônicas. Ela também ficou marcada por detestar o seu marido, conspirando constantemente contra ele e em benefício de seu país de origem, a Espanha.

A relação ruim de Carlota Joaquina com seu marido, o rei d. João VI, fez com que ela morresse isolada no Palácio Real de Queluz, em Portugal. Apesar das más relações com o marido, ela e d. João VI tiveram nove filhos, entre os quais estava Pedro de Alcântara, também conhecido em nosso país como d. Pedro I.

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O nome completo de Carlota Joaquina era bastante extenso, sendo que em espanhol era: Carlota Joaquina Theresa Marcos Cayetana Coleta Francisca de Sales Rafaela Vizenta Ferrer Juana Nepomucena Fernanda Josepha Luisa Sinforosa Antonia Francisca Bibiana Maria Casilda Rita Genara y Pasquala de Borbón y Borbón.

Ela nasceu em Aranjuez, na Espanha, no dia 25 de abril de 1775, sendo filha de Carlos IV da Espanha e de Maria Luísa de Parma. Enquanto membro da nobreza espanhola, ela recebeu uma educação de qualidade, sendo conhecida por sua inteligência. Sua infância foi interrompida pelas negociações de seu casamento.

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Casamento de Carlota Joaquina

As negociações para o casamento de Carlota Joaquina começaram em 1783 entre o reino da Espanha e Portugal. Esse acordo foi finalizado em 8 de maio de 1785 e ficou determinado que ela se casaria com o duque de Beja, d. João, príncipe português. O casamento foi costurado para selar a paz entre as duas nações ibéricas.

O casamento de Carlota Joaquina e d. João aconteceu no dia 9 de junho de 1785, ocasião em que ela tinha apenas 10 anos, enquanto que seu marido tinha 18 anos de idade. O casamento de Carlota Joaquina com d. João foi um grande fracasso, uma vez que os dois mantinham uma relação infeliz, convivendo praticamente separados.

Nesse sentido, Carlota Joaquina destacou-se por seu temperamento ácido e sua personalidade forte, impondo as coisas conforme sua vontade. Além disso, existem muitos relatos de que Carlota Joaquina traía constantemente o seu marido, mantendo muitos casos extraconjugais. Alguns historiadores chegaram cogitar a possibilidade de que alguns de seus filhos não fossem de seu marido, mas fruto de seus relacionamentos fora do casamento.

D. João VI e Carlota Joaquina retratados em pintura. O casamento visava selar a paz entre Portugal e Espanha.
D. João VI e Carlota Joaquina retratados em pintura. O casamento visava selar a paz entre Portugal e Espanha.

A relação dela com seu marido era muito ruim, e em diversos episódios ela agiu contra os interesses dele ou de Portugal para beneficiar a si ou ao seu país de origem, a Espanha. Um caso emblemático se deu em 1805, quando ela tentou um golpe para destituir o seu marido da posição de príncipe regente de Portugal.

Essa tentativa de golpe recebeu o nome de Conspiração do Alfeite, caracterizada pela intenção de Carlota Joaquina de tomar o poder de seu marido, passando a governar como regente de Portugal. Ela contou com apoio de figuras da nobreza portuguesa, mas acabou sendo descoberta por d. João VI.

O rei de Portugal não quis dar holofotes ao caso, decidindo não permitir que sua esposa fosse presa. Ele acabou confinando-a no Palácio de Queluz e os dois passaram a viver isolados. Ela ainda tentou tomar o poder em outros momentos na década de 1820. Por conta de seu comportamento, passou os últimos anos de seu casamento longe do marido, até que ele faleceu, em 1826.

Filhos de Carlota Joaquina

Ao todo, o casamento de Carlota Joaquina com d. João VI resultou no nascimento de nove filhos. Os filhos do casal foram:

  • Maria Teresa;
  • Francisco Antônio;
  • Maria Isabel;
  • Pedro de Alcântara;
  • Maria Francisca;
  • Isabel Maria;
  • Miguel;
  • Maria da Assunção;
  • Ana de Jesus.

Carlota Joaquina no Brasil

Em 1807, Carlota Joaquina vivia em isolamento por conta de seu envolvimento na conspiração contra d. João. Ela foi mantida incomunicável, e nesse contexto foi obrigada a embarcar e se mudar para o Brasil, em 1807. A mudança para o Brasil ocorreu porque d. João decidiu transferir a Corte para o Rio de Janeiro.

Isso porque d. João não aderiu ao Bloqueio Continental, imposto pela França. Com isso, Portugal foi invadido por tropas francesas. Os relatos contam que Carlota Joaquina não queria se mudar para o Brasil. Uma vez aqui, recebeu a notícia de que seus pais haviam se tornando prisioneiros de Napoleão Bonaparte.

Ela atuou de maneira intensa para sustentar uma resistência espanhola contra os franceses, movendo esforços diplomáticos e buscando tomar o poder tanto de Portugal quanto da Espanha. Muitos defenderam que ela assumisse como regente exilada da Espanha, mas essa ideia não avançou. Ela queria assumir essa posição em Buenos Aires, mas nunca recebeu a permissão de ir até a cidade portenha.

Retorno de Carlota Joaquina a Portugal

Os relatos contam que Carlota Joaquina nunca esteve satisfeita em residir no Brasil. Após Napoleão Bonaparte ser derrotado e após d. João ser coroado d. João VI, ela teria intensificado os pedidos para retornar para a Europa. Ela não se adaptou à vida no Rio de Janeiro e os relatos contam que ela detestava o calor.

Seu retorno a Portugal aconteceu porque o rei d. João VI recebeu um ultimato das Cortes Gerais e Extraordinárias, instituição legislativa que surgiu durante a Revolução Liberal do Porto. O rei d. João VI, temendo perder o trono, retornou contra a sua vontade para Portugal. O retorno a Portugal deixou a rainha Carlota Joaquina muito satisfeita.

Uma vez de volta a Portugal, Carlota Joaquina seguiu com seus planos e conspirações contra o seu marido. Em 1822, eclodiu a Conspiração da Rua Formosa, que buscava destituir d. João VI do trono e acabar com a Constituição portuguesa. Ela não concordava com a Constituição, recusando-se a jurar lealdade a esse documento. Por conta disso, ela foi colocada em confinamento no Palácio do Ramalhão, localizado na cidade de Sintra.

Mesmo em isolamento, ela ainda participou da organização de outra conspiração: a Vilafrancada. Nessa revolta, ela instigou o seu filho d. Miguel a se rebelar contra o próprio pai, em 1823.

Carlota Joaquina tornou-se parte de um grupo de defensores do absolutismo e atuou em mais uma revolta contra o seu marido: a Abrilada, ocorrida em abril de 1824. Essa foi mais uma revolta de d. Miguel contra o próprio pai. Novamente, o movimento foi derrotado. Depois disso, d. João VI enviou sua esposa para o Palácio de Queluz, sendo proibida de comparecer na Corte portuguesa.

Em 1826, seu marido morreu, e alguns historiadores levantam a hipótese de que ele teria sido envenenado. Seu filho d. Miguel usurpou o trono português, em 1828, tornando-se rei de Portugal, mas Carlota Joaquina seguiu no seu isolamento. Nos últimos anos de sua vida, passou a ser conhecida pela população portuguesa de “Megera de Queluz”.

Importância de Carlota Joaquina

Sem dúvidas, Carlota Joaquina é uma figura importante da história portuguesa nos séculos XVIII e XIX. Conhecida por sua personalidade forte, ela foi alvo de muitos rumores, sendo retratada de maneira muito negativa por seus inimigos. Ela, no entanto, era engajada politicamente e atuante na defesa dos seus interesses.

Morte de Carlota Joaquina

Carlota Joaquina faleceu em isolamento e esquecimento no Palácio de Queluz em 7 de janeiro de 1830. Na ocasião ela tinha 54 anos.

Legado de Carlota Joaquina

Carlota Joaquina é marcada como uma das figuras mais importantes da história de Portugal. Espanhola de nascimento, ela chegou à Corte portuguesa ainda uma criança, aprendendo a se impor e a atuar na defesa dos seus interesses. Ficou conhecida pelos seus casos extraconjugais, mas também por buscar tomar o poder de seu marido com frequência.

Saiba mais: Princesa Isabel — 6 fatos curiosos sobre uma das mulheres mais famosas da história do Brasil

Filmes sobre Carlota Joaquina

Carlota Joaquina tornou-se uma figura muito conhecida na história brasileira, sendo retratada nos seguintes filmes:

  • Independência ou Morte (1972)
  • Carlota Joaquina, a Princesa do Brazil.

Fontes

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Carlota Joaquina retratada em pintura.
Carlota Joaquina foi rainha consorte de Portugal e esposa de d. João VI.
Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.
Deseja fazer uma citação?
SILVA, Daniel Neves. "Carlota Joaquina"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/historiab/carlota-joaquina.htm. Acesso em 09 de setembro de 2025.
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Escrito"Carlota Joaquina de Bourbon" próximo a ilustração de Carlota Joaquina de Bourbon.
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