Redação pronta: do Enem, exemplo, dicas, partes - Brasil Escola

Redação pronta

A redação do Enem é um texto dissertativo-argumentativo composto por introdução, desenvolvimento e conclusão. Nela, o candidato apresenta argumentos defendendo seu ponto de vista sobre o tema proposto.

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Os exemplos de redações prontas listados neste texto seguem o modelo de redação do Enem: um texto dissertativo-argumentativo composto por três partes — introdução, desenvolvimento e conclusão. Neles, os candidatos apresentam argumentos em defesa de seu ponto de vista acerca do tema proposto no exame.

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A introdução é a parte da redação em que o candidato contextualiza o tema e explica seu posicionamento. No desenvolvimento, ele apresenta argumentos que justifiquem o seu posicionamento. Por fim, na conclusão, o candidato retoma as ideias apresentadas no texto. No Enem, deve-se também apresentar uma proposta de intervenção.

Leia também: Afinal, como começar uma redação?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre redação pronta

  • A redação do Enem segue a estrutura de texto dissertativo-argumentativo.

  • Nesse tipo de redação, o candidato precisa analisar o tema, posicionar-se a respeito dele e defender seu ponto de vista com argumentos.

  • A redação precisa ter introdução, desenvolvimento e conclusão.

  • Na introdução (primeiro parágrafo), o candidato contextualiza o tema e explica seu posicionamento.

  • No desenvolvimento (parágrafos do meio), o candidato apresenta argumentos que justifiquem e reforcem o seu posicionamento.

  • Na conclusão (último parágrafo), o candidato retoma as ideias apresentadas e, para o Enem, apresenta uma proposta de intervenção.

Modelos de redação pronta nota 1000

Veja cinco redações prontas que tiraram nota 1000 no Enem, entre os anos de 2024 e 2020.

  • Redação 1

Tema: Desafios para a valorização da herança africana no Brasil (2024)

Candidata: Anna Beatriz Veríssimo, de Baraúna (RN)

Na obra literária “Torto Arado”, Itamar Vieira retrata uma comunidade quilombola na fazenda Água Negra, na Bahia, relatando aspectos socioculturais relevantes para essa população afrodescendente, como os rituais religiosos e os saberes tradicionais passados pelas gerações. Fora da ficção, é nítido que a sociedade brasileira não valoriza a herança africana presente desde a histórica formação nacional. Essa problemática da invisibilidade decorre da mentalidade colonial eurocêntrica, bem como da lacuna educacional no tocante ao resgate da cultura afro-brasileira.

Dado o exposto, pode-se considerar a persistência de ideais eurocêntricos como empecilho para o reconhecimento do vasto legado africano no país, uma vez que tais formas de conhecimento são estigmatizadas em detrimento da valorização dos costumes hegemônicos dos colonizadores. Tal questão pode ser verificada sob o conceito de “racismo estrutural”, cunhado pelo antropólogo Silvio Almeida, em razão da naturalização do racismo em diversas esferas, a exemplo da linguagem e do uso de expressões como “magia negra” para vincular um sentido negativo ao que é negro. Dessa forma, o pensamento de desvalorização da herança africana se materializa no cotidiano, conforme denunciado por Almeida, e distancia a nação do desejo de aprender acerca dos costumes e valores africanos, ao atribuir estereótipos de desqualificação a esses saberes, o que aprofunda o óbice.

Além disso, é notória a falha educacional brasileira no que se refere ao resgate da cultura afro-brasileira, presente em canções, ritmos, festas populares e diversas manifestações importantes para o patrimônio nacional. Nesse viés, embora a Lei de Diretrizes e Base preconize o ensino obrigatório da história africana no ambiente escolar, ainda há uma escassez de programas nesse âmbito, na medida em que observa-se um amplo desconhecimento acerca das grandes personalidades negras ou de suas origens (como o escritor Machado de Assis, muitas vezes representado como branco), bem como do heroísmo dos abolicionistas, a exemplo do advogado Luiz Gama. Dessa maneira, elementos culturais, como a literatura negra, são esquecidos por parte da população, o que destona da proposta memorialística da LDB.

Portanto, é preciso reconhecer e valorizar a herança africana no Brasil. Para isso, o Governo Federal, em parceria com as secretarias estaduais de educação, deve ampliar as campanhas de valorização da cultura africana, sob um viés afrocentrado, por meio de votação entre deputados e senadores — responsáveis pela aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) —, com a finalidade de combater a visão eurocêntrica presente na sociedade, promovendo o aprendizado da história sob a ótica dos afrodescendentes. Ainda, cabe ao Ministério da Educação, como responsável pela elaboração de políticas públicas de educação, fomentar palestras socioeducativas, ministradas por pedagogos negros, nas instituições escolares, a fim de disseminar o conhecimento acerca o inestimável legado africano na história e na cultura do país. Nessa perspectiva, o panorama diverso destacado em “Torto Arado” será devidamente valorizado pela sociedade brasileira.

  • Redação 2

Tema: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil (Enem 2023)

Candidata: Catharina Ferreira, de São Paulo (SP)

O trabalho de cuidado se mostra necessário na medida em que é o responsável pelo zelo de crianças, idosos, pessoas com deficiências e afazeres domésticos. Entretanto, nota-se, na comunidade brasileira, a invisibilidade desse serviço e seu protagonismo majoritariamente feminino. Isso ocorre por duas causas principais: o baixo prestígio social estigmatizado a essas tarefas e as convenções de gênero estabelecidas pela sociedade brasileira.

A princípio, o prestígio social de um trabalho é um fator importante para a determinação de seu reconhecimento e remuneração. Nesse raciocínio, atividades de cuidado são estigmatizadas dentro do corpo social como inferiores e descriminalizadas pelo seu baixo nível de escolaridade. Isso acontece, pois com a predominância do capitalismo no ocidente e a Revolução Tecnológica introduzida a partir da 3ª Revolução Industrial no mundo contemporâneo, houve a crescente valorização de serviços de alto grau de especialização e nível acadêmico. Dessa forma, atividades de baixo ou nenhum valor tecnológico, como o trabalho do cuidado ou tarefas domésticas, foram socialmente marginalizadas em escala global.

Além disso, percebe-se a predominância de mulheres na realização de serviços de assistência. Essa é uma realidade que demonstra que as transformações sociais ocorridas no Brasil não foram suficientes para desconstruir convenções de gênero e seus papéis sociais, pois atividades relacionadas ao cuidado e de cunho doméstico são predominantemente associadas a mulheres. Como exemplificação, “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, retrata esse cenário pela personagem Macabéa, nordestina que trabalha como empregada doméstica no Rio de Janeiro. Descrita ao longo da narrativa como pequena e inviável, ausente de acontecimentos ou importância em sua própria história. Clarice representa, dessa maneira, a invisibilidade e o preconceito da sociedade brasileira pelas mulheres que realizam o trabalho do cuidado e seus desafios.

Portanto, é necessária a aplicação de medidas para o enfrentamento da desvalorização do trabalho de cuidado no Brasil. Para isso, o Governo Executivo Federal deverá realizar ações de combate à desigualdade social sofrida por essa atividade, por meio de políticas de valorização do serviço de assistência, como a validação legal dessa prestação como trabalho remunerado e a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo. Assim, o Brasil se tornará um país que enxerga e prioriza todos os tipos de serviços.

  • Redação 3

Tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil (Enem 2022)

Candidata: Ana Alice Teixeira

Na minissérie documental “Guerras do Brasil.doc”, presente na plataforma Netflix, o professor indígena Ailton Krenak propõe a reflexão acerca da dizimação dos povos originários a partir de perspectivas atuais, em que é retratada a história sob o olhar do esquecimento e da violência contra esses povos, a despeito da sua riqueza cultural e produtiva. Essas formas de desvalorização das comunidades tradicionais do Brasil são respaldadas, dentre outros fatores, pela invisibilização histórica desses atores sociais no ensino básico e pelo preconceito que rege o senso comum. Dessa forma, é imprescindível a intervenção sociogovernamental, a fim de superar os desafios mencionados.

Com efeito, cabe destacar a exclusão generalizada dos aspectos históricos e culturais referentes às etnias tradicionais dentro do sistema educacional como fator proeminente à perpetuação da desvalorização do grupo em questão, uma vez que, sendo a escola um dos núcleos de integração social e informacional, a carência de estímulos ao conhecimento dos povos nativos provoca desconhecimento, e consequentemente, o cidadão comum não tem base da informação acerca da indispensabilidade das comunidades originárias à formação do corpo social brasileiro. Nesse sentido, os versos “Nossos índios em algumas poucas memórias/Os de fora nos livros das nossas escolas”, da banda cearense Selvagens à Procura de Lei, ilustram a construção do ensino escolar pautada no esquecimento dessa minoria, de maneira a ampliar sua desvalorização. Assim, é constatável a estreita relação entre as lacunas na educação e o fraco reconhecimento dos povos e das comunidades tradicionais.

Ademais, vale ressaltar o preconceito cultivado no ideário popular como empecilho à importância atribuída aos povos nativos, posto que, em decorrência da baixa representatividade em ambientes escolares, como mencionado anteriormente, e do baixo respaldo cultural, marcado por estereótipos limitantes e etnocentristas, isto é, que supõem superioridade de uma etnia em relação à outra, há formação de estigmas sobre pessoas dessas minorias e, por conseguinte, não há o reconhecimento de suas ricas peculiaridades. Seguindo essa linha de raciocínio, é possível estabelecer conexões entre a atualidade e a carta ao rei de Portugal escrita por Pero Vaz de Caminha, no momento da chegada dos portugueses ao Brasil, de forma que a perspectiva do navegador em relação ao indígena, permeada de suposta inocência, maleabilidade e passividade, pouco alterou-se na concepção atual, evidenciando a prepotência e a altivez que são implicações da ignorância e do silenciamento das fontes tradicionais. Então, são necessárias medidas de mitigação dessa problemática para o alcance do bem-estar da sociedade.

Em suma, entende-se o paralelo entre a desvalorização dos povos nativos e o apagamento histórico destes, além do preconceito sobre este grupo, de modo a urgir atenuação do cenário exposto. Para isso, cabe ao Ministério da Educação a ampliação do ensino histórico e cultural do acervo tradicional, por meio da reformulação das bases de assuntos abordados em sala de aula e da contratação de profissionais dessas etnias, com o objetivo de pluralizar as narrativas e evitar a exclusão provocada por apenas uma história, em consonância com o livro da escritora angolana Chimamanda Ngozie Adichie “O perigo da história única”. Também, é papel dos veículos culturais, como a mídia, a representação ampla e fidedigna desses grupos, com o fito de minorar a visão estigmatizada do que foi construída. Com isso, o extermínio simbólico denunciado por Krenak será minguado.

  • Redação 4

Tema: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil (Enem 2021)

Candidata: Giovanna Gamba Dias, de Recife (PE)

Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.

Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funciona como uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.

Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada. Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forma-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no país.

Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um Projeto Nacional de Acesso à Certidão, o qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária cidadania e desigualdade.

  • Redação 5

Tema: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira (Enem 2020)

Candidata: Isabella Gadelha (PA)

Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas mídias.

Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.

Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora HBO, "Euphoria", mostra as dificuldades de conviver com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse modo, esse processo agrava os esteriótipos contra essas pessoas e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

Portanto, faz-se imprescindível que a mídia — instrumento de ampla abrangência — informe a sociedade a respeito dessas doenças e sobre como conviver com pessoas portadoras, por meio de comerciais periódicos nas redes sociais e debates televisivos, a fim de formar cidadãos informados. Paralelamente, o Estado — principal promotor da harmonia social — deve promover a representatividade de pessoas com transtornos mentais nas artes, por intermédio de incentivos monetários para produzir obras sobre o tema, com o fato de amenizar o problema. Assim, o corpo civil será mais educado e os estigmas contra indivíduos com patologias mentais não serão uma realidade do Brasil.

Veja também: Os maiores erros de redação — quais são e como evitar?

Partes da redação

A redação do Enem deve apresentar três partes básicas: introdução, desenvolvimento e conclusão. Para entender cada parte, vamos analisar a redação do candidato Rafael Santana Assunção, de Belo Horizonte (MG), que tirou nota máxima no Enem, em 2024, cujo tema era “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

  • Introdução da redação

A introdução contextualiza o tema, explicando informações que serão relevantes para o desenvolvimento da redação. Na introdução, o candidato expõe seu ponto de vista e explica o que defenderá. Veja, por exemplo, na redação do candidato Rafael:

O álbum musical "Duas Cidades", da banda brasileira BaianaSystem, aborda, em algumas de suas canções, o apagamento da influência histórica africana no Brasil. Inegavelmente, em dias atuais, é possível constatar uma relação direta entre a composição artística citada e a desvalorização da herança africana no país. Isso é explicado devido à falta de política pública de ensino e à ausência de lei específica. Logo, é essencial analisar e intervir sobre essa problemática.

O tema da redação era a herança africana no Brasil. Em seu parágrafo introdutório, o candidato trouxe o álbum da banda BaianaSystem para contextualizar o tema, uma vez que a banda canta, em algumas de suas músicas, sobre o apagamento da influência africana no Brasil, o que se relaciona com a temática dos desafios para a valorização da herança africana. Em seguida, ele apresentou o que, no seu ponto de vista, são os desafios para essa valorização: “falta de política pública de ensino” e “ausência de lei específica”. Feita essa introdução, espera-se que, no desenvolvimento, ele faça um parágrafo explicando melhor cada um desses desafios.

  • Desenvolvimento da redação

No desenvolvimento, o candidato deve elaborar os argumentos que justificarão sua opinião a respeito do tema, trazendo exemplos, dados, citações de autoridade ou explicações que reforcem a tese apresentada na introdução. Veja a continuação da redação nota mil apresentada anteriormente:

A princípio, deve-se observar que o pouco fomento governamental em ações de gestão educacional é um problema a ser combatido. Sob a perspectiva de Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos, é urgente a necessidade de iniciativas para a inclusão da história e da cultura afro-brasileira nas escolas. Para entender melhor tal posicionamento, é importante compreender que o atual ensino sobre os povos africanos é apenas relatado em aulas específicas de algumas disciplinas, como história e literatura, sem se aprofundar na grande influência cultural que a África possui no Brasil. Dessa forma, de acordo com Chico César, cantor e compositor de músicas afro-brasileiras, as crianças e os adolescentes necessitam ter uma formação ampla sobre a temática, com aulas multidisciplinares, por exemplo, de música e de capoeira, bem como as tradicionais aulas já existentes, porém integradas à herança africana presente na sociedade. Nesse sentido, é substancial modificar esse contexto e desenvolver uma forte política pública de ensino.

Ademais, é imperativo pontuar que atitude insuficiente do Poder Legislativo Federal em atuar no tema é um problema a ser combatido. Sob a ótica de Duda Salabert, deputada federal e professora de literatura, é imprescindível a alteração da lei que orienta a educação básica brasileira. Isso pode ser explicado pelo entendimento de que apenas com empenho legislativo é possível transformar o mecanismo legal que define as matrizes de referência do ensino nacional. Dessa maneira, com a união de parlamentares para o reconhecimento da importância da herança africana na formação educacional, poderá ocorrer a consolidação de políticas públicas, como o investimento da capacitação de professores e de profissionais especializados em cultura afro-brasileira. Assim, o crescimento do fomento estatal no setor, garantido por aparato legal, contribuirá para a efetivação de uma forte identidade nacional. Em suma, se o Congresso Nacional se omite de enfrentar tal cenário danoso, entende-se o porquê de sua perpetuação.

Como, na introdução, o candidato havia trazido dois tópicos vistos por ele como um desafio para a valorização da herança africana no Brasil, ele fez um desenvolvimento para cada um dos desafios, ou seja, um parágrafo para cada.

No primeiro parágrafo do desenvolvimento, ele discute a falta de política pública de ensino. Para fundamentar o seu argumento, o candidato recorreu à perspectiva de Macaé Evaristo, então Ministra dos Direitos Humanos, para tecer críticas ao modo como o sistema educacional brasileiro tem lidado com o ensino de saberes africanos. Além disso, ele também citou o cantor Chico César para apresentar uma proposta de mudança.

No segundo parágrafo do desenvolvimento, ele amplia a análise para outro aspecto: o legislativo, criticando a atuação do Poder Legislativo Federal. Para isso, apoia-se na deputada e professora Duda Salabert, para defender a necessidade de mudança na lei que orienta a educação básica. Em seguida, o candidato explica que a mudança é possível com a atuação do Congresso, exemplificando como o investimento na formação de professores especializados pode fortalecer a identidade nacional.

  • Conclusão da redação

Na conclusão, o candidato deve retomar os problemas discutidos, apresentar propostas de intervenção detalhadas e explicar como essas ações contribuem para resolver o tema. Veja como o candidato estruturou esse parágrafo:

Portando [sic], com o intuito de solucionar esses desafios, o Poder Executivo Federal, por meio do aumento de ações governamentais, deve estimular iniciativas educacionais relacionadas à herança africana, a fim de valorizar a temática. Além disso, o Poder Legislativo Federal, por intermédio da criação de um projeto de lei, necessita elaborar uma nova política nacional de ensino, com a obrigatoriedade de investimento público na área, com a definição de medidas de gestão pública capazes de instituir aulas multidisciplinares, como de música e de cultura afro-brasileira nas escolas, com o objetivo de reconhecer a importância do tema na formação da sociedade. Feito isso, o apagamento da influência africana abordado na obra da banda BaianaSystem será, enfim, combatido.

No parágrafo de conclusão, o candidato apresentou duas propostas de intervenção que dialogam com os dois desafios apontados por ele nos parágrafos anteriores. As propostas apresentaram os cinco elementos esperados:

  • agente (quem faz),

  • ação (o que deve ser feito),

  • modo de execução,

  • finalidade (efeito da ação) e

  • detalhamento de algum dos elementos.

Saiba mais: Quais são as 5 competências da redação do Enem?

Dicas para redação do Enem nota 1000

  1. Treine com redações de temas variados: pratique a escrita desse gênero com temas usados nos anos anteriores e outras propostas que você julgar pertinentes ou inspiradoras.

  2. Entenda a estrutura básica do texto: elabore o rascunho pensando nas partes do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) e em como o conteúdo apresentado nelas se conecta.

  3. Atente-se ao tema: analise as palavras-chave do tema da redação e inspire-se lendo os textos motivadores.

  4. Organize seus argumentos: defina dois ou três aspectos principais para analisar (e propor como resolver) o problema, pensando em argumentos com os quais você se sinta confortável e confiante para escrever sobre.

  5. Use repertório produtivo e legitimado: traga o seu próprio repertório para legitimar seus argumentos. Obras culturais (músicas, filmes, livros), dados estatísticos (IBGE, OMS, Unesco), conceitos de filósofos ou sociólogos (Durkheim, Bauman, Arendt, Beauvoir) são exemplos de repertórios legítimos que podem ser usados. Para usá-lo, você precisa citá-lo de forma que ele se relacione com o tema, explicando como esse repertótio se aplica ao que você vai falar.

Créditos da imagem

[1] Shutterstock.com

Fontes

INEP. A redação do Enem – Cartilha do(a) participante. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-institucionais/avaliacoes-e-exames-da-educacao-basica/a-redacao-do-enem-cartilha-do-a-participante

Mãos escrevendo em um caderno ao lado de provas do Enem, em texto sobre redação pronta.
Treinar com redações prontas de temas variados é uma forma de se preparar para a redação do Enem.[1]
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Bacharel e licenciado em Letras e em Educomunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalha com produção de conteúdo didático nas áreas de língua portuguesa, literatura e redação.
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VIANA, Guilherme. "Redação pronta"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/redacao/redacao-pronta.htm. Acesso em 09 de setembro de 2025.
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