Romantismo: características, autores, obras - Brasil Escola

Romantismo

O romantismo é um estilo de época marcado pelo sentimentalismo e pela idealização amorosa. O fato histórico associado ao seu surgimento é a Revolução Francesa.

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O romantismo é um estilo de época. Apesar de ter surgido na Alemanha, o fato histórico que motivou o aparecimento desse movimento artístico foi a Revolução Francesa, um acontecimento importante para toda a Europa. Ele é caracterizado pelo subjetivismo, excesso sentimental, idealização e fuga da realidade.

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Em Portugal, o romantismo levou à produção de obras famosas, como: Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, e As pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis. No Brasil, Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo; Os escravos, de Castro Alves; e Iracema, de José de Alencar, são livros importantes do romantismo brasileiro.

Leia também: Goethe — um dos criadores do movimento alemão que foi responsável pelo surgimento do romantismo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o romantismo

  • O romantismo é um estilo de época que surgiu na Alemanha.

  • O marco histórico para o surgimento do romantismo é a Revolução Francesa.

  • É um estilo de época caracterizado pelo excesso sentimental.

  • Em Portugal, seus principais autores são Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis.

  • No Brasil, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves e José de Alencar são importantes nomes do romantismo.

Contexto histórico do romantismo

O marco histórico do romantismo é a Revolução Francesa (1789-1799). A partir dela, a burguesia passou a ter grande poder político e a aristocracia entrou em decadência. Dessa forma, a estética romântica é também burguesa, pois reflete os ideais e costumes dessa classe social.

O lema dessa revolução era “Liberdade, igualdade, fraternidade”. E inspirou os artistas românticos, principalmente no que diz respeito à liberdade. Os artistas passaram a enaltecer a liberdade de pensamento, de comportamento e, inclusive, a liberdade de amar. Isso, no entanto, ia de encontro ao conservadorismo burguês.

Nos primeiros anos do século XIX, Napoleão Bonaparte (1769-1821) empreendeu grande esforço para expandir o império francês. Em países como a Alemanha, as invasões napoleônicas acabaram despertando o sentimento de nacionalidade, uma das principais características do romantismo em sua origem.

Videoaula sobre o contexto histórico do romantismo

Principais características do romantismo

O romantismo é um estilo de época marcado pela subjetividade. Assim, as obras românticas apresentam fortes emoções e sentimentalismo exagerado. Isso é feito por meio de adjetivação excessiva e uso intenso de exclamações. Seus autores valorizam a liberdade e expressam sentimento nacionalista.

É recorrente na poesia e na prosa românticas a idealização da mulher e do amor, além da expressão do sofrimento amoroso. Estão presentes também elementos bucólicos e uma visão teocêntrica. Os valores burgueses como fé, coragem e amor são enaltecidos. Não há realismo, pois a fuga da realidade é uma forte característica romântica.

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Romantismo x classicismo

O classicismo é um estilo de época ocorrido na Europa do século XVI. Já o romantismo teve seu auge no século XIX. Eles apresentam valores opostos, mas com algumas características em comum.

Características opostas

Classicismo

Romantismo

Antimedievalismo

Valorização da Idade Média

Antropocentrismo

Teocentrismo

Racionalismo

Sentimentalismo

Equilíbrio

Exagero

Características em comum

Classicismo

Romantismo

Amor idealizado

Mulher idealizada

Bucolismo

Romantismo em Portugal

O romantismo em Portugal teve três fases. A primeira fase do romantismo português (1825-1840) é marcada pelo nacionalismo. Já a segunda (1840-1860) apresenta caráter ultrarromântico, com muito sentimentalismo, melancolia e pessimismo. Por fim, a terceira fase (1860-1870) é pré-realista, já que traz temática social, crítica sociopolítica e menos idealização.

Autores do romantismo em Portugal

  • Almeida Garrett (1799-1854)

  • António Feliciano de Castilho (1800-1875)

  • Alexandre Herculano (1810-1877)

  • Camilo Castelo Branco (1825-1890)

  • Soares de Passos (1826-1860)

  • João de Deus (1830-1896)

  • Júlio Dinis (1839-1871)

  • Antero de Quental (1842-1891)

Obras do romantismo em Portugal

Capa do livro “Amor de perdição”, de Camilo Castelo Branco, uma das principais obras do romantismo português.
O livro Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, é uma das principais obras do romantismo português. [1]
  • Camões (1825), poesias de Almeida Garrett

  • D. Branca (1826), poesias de Almeida Garrett

  • A noite do castelo e Os ciúmes do bardo (1836), poesias de António Feliciano de Castilho

  • A harpa do crente (1838), poesias de Alexandre Herculano

  • Um auto de Gil Vicente (1838), peça teatral de Almeida Garrett

  • A crente na liberdade (1838), peça teatral de Alexandre Herculano

  • O Alfageme de Santarém (1842), peça teatral de Almeida Garrett

  • Os infantes em Ceuta (1842), peça teatral de Alexandre Herculano

  • Frei Luís de Sousa (1843), peça teatral de Almeida Garrett

  • Eurico, o presbítero (1844), romance de Alexandre Herculano

  • Poesias (1856), de Soares de Passos

  • Um rei popular (1858), peça teatral de Júlio Dinis

  • Um segredo de família (1860), peça teatral de Júlio Dinis

  • O morgado de Fafe em Lisboa (1861), peça teatral de Camilo Castelo Branco

  • Amor de perdição (1862), romance de Camilo Castelo Branco

  • Coração, cabeça e estômago (1862), romance de Camilo Castelo Branco

  • Odes modernas (1865), de Antero de Quental

  • As pupilas do Senhor Reitor (1867), romance de Júlio Dinis

  • Flores do campo (1868), poesias de João de Deus

Romantismo no Brasil

A poesia romântica brasileira conta com três fases. A primeira geração (1836-1853) é indianista e nacionalista. Já a segunda (1853-1870) é ultrarromântica e marcada pelo pessimismo. Enfim, a terceira geração (1870-1881) é caracterizada pela crítica sociopolítica e por uma visão menos idealizada da realidade.

A prosa conta com o romance indianista, o romance urbano e o romance regionalista. O romance indianista possui caráter nacionalista e histórico. Já o romance urbano retrata o estilo de vida burguês na cidade do Rio de Janeiro. Além desses, o romance regionalista mostra personagens e costumes do interior do Brasil. Já o teatro é marcado pela crítica, ironia, além de elementos históricos.

Autores do romantismo no Brasil

  • Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

  • Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

  • Maria Firmina dos Reis (1822-1917)

  • Gonçalves Dias (1823-1864)

  • Bernardo Guimarães (1825-1884)

  • José de Alencar (1829-1877)

  • Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)

  • Álvares de Azevedo (1831-1852)

  • Sousândrade (1833-1902)

  • Casimiro de Abreu (1839-1860)

  • Fagundes Varela (1841-1875)

  • Franklin Távora (1842-1888)

  • Visconde de Taunay (1843-1899)

  • Castro Alves (1847-1871)

Obras do romantismo no Brasil

  • Suspiros poéticos e saudades (1836), poesias de Gonçalves de Magalhães

  • A moreninha (1844), romance de Joaquim Manuel de Macedo

  • Últimos cantos (1851), poesias de Gonçalves Dias

  • Lira dos vinte anos (1853), poesias de Álvares de Azevedo

  • O noviço (1853), peça teatral de Martins Pena

  • Memórias de um sargento de milícias (1854), romance de Manuel Antônio de Almeida

  • Macário (1855), peça teatral de Álvares de Azevedo

  • O demônio familiar (1857), peça teatral de José de Alencar

  • Os timbiras (1857), poema épico de Gonçalves Dias

  • O guarani (1857), romance de José de Alencar

  • O guesa errante (1858), poema épico de Sousândrade

  • Úrsula (1859), romance de Maria Firmina dos Reis

  • As primaveras (1859), poesias de Casimiro de Abreu

  • As asas de um anjo (1860), peça teatral de José de Alencar

  • Lucíola (1862), romance de José de Alencar

  • Vozes da América (1864), poesias de Fagundes Varela

  • Cantos e fantasias (1865), poesias de Fagundes Varela

  • Iracema (1865), romance de José de Alencar

  • Gonzaga ou A revolução de Minas (1867), peça teatral de Castro Alves

  • A luneta mágica (1869), romance de Joaquim Manuel de Macedo

  • Espumas flutuantes (1870), poesias de Castro Alves

  • Inocência (1872), romance de Visconde de Taunay

  • Ubirajara (1874), romance de José de Alencar

  • Senhora (1875), romance de José de Alencar

  • A escrava Isaura (1875), romance de Bernardo Guimarães

  • O Cabeleira (1876), romance de Franklin Távora

  • Os escravos (1883), poesias de Castro Alves

Veja também: Lord Byron — um dos escritores mais importantes do romantismo europeu

Exercícios resolvidos sobre o romantismo

Questão 1

(Enem) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:

A) ...o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...

B) ...era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...

C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,...

D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...

E) ...o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

Resolução:

Alternativa A.

Ao dizer que “o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas”, o narrador está criticando a idealização romântica.

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Questão 2

(Enem) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.

ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra

A) embalsama.

B) infinito.

C) amplidão.

D) dormir.

E) sono.

Resolução:

Alternativa E.

Ao dizer “Terás o sono sob a lájea fria”, o eu lírico usa “sono” como eufemismo para morte, já que “lájea fria” faz referência ao túmulo.

Questão 3

(Enem)

Texto I

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro
Respirando esse ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu de meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

ABREU, C. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.

Texto II

A ideologia romântica, argamassada ao longo do século XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época).

MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (fragmento).

De acordo com as considerações de Massaud Moisés no Texto II, o Texto I centra-se

A) no imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que estar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já que o país sufoca o eu lírico.

B) no nacionalismo, reforçado pela distância da pátria e pelo saudosismo em relação à paisagem agradável onde o eu lírico vivera a infância.

C) na liberdade formal, que se manifesta na opção por versos sem métrica rigorosa e temática voltada para o nacionalismo.

D) no fazer anárquico, entendida a poesia como negação do passado e da vida, seja pelas opções formais, seja pelos temas.

E) no sentimentalismo, por meio do qual se reforça a alegria presente em oposição à infância, marcada pela tristeza.

Resolução:

Alternativa B.

No poema, é perceptível o distanciamento do eu lírico de seu “lar”, ou seja, de seu país, no qual ele quer “ouvir na laranjeira, à tarde,/ Cantar o sabiá!”. Sobre o lugar onde ele está no momento, o eu lírico diz: “Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro/ Respirando esse ar”. Assim, ele quer “de novo/ Os gozos do meu lar!”. Sobre sua terra natal, ele diz que há: “sítios gentis onde eu brincava/ Lá na quadra infantil”. Desse modo, fica evidenciado que ele tem saudade de sua pátria, onde viveu a infância, saudade do “céu da pátria,/ O céu de meu Brasil!”. A idealização de seu país natal é um elemento nacionalista.

Crédito de imagem

[1] Editora Moderna (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

COSSON, Rildo; SCHWANTES, Cíntia. Romance histórico: as ficções da história. Itinerários, Araraquara, n. 23, p. 29-37, 2005. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/view/2804.

GUERREIRO, Emanuel. O nascimento do Romantismo em Portugal. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 1, n. 17, p. 66-82, 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/4036.

MARQUES, Wilton Jose. Alexandre Herculano e A voz do profeta. Navegações, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 40-47, 2012. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/view/11065.

PEDROSA, Ana Bárbara. Almeida Garrett e a proposta política do Romantismo. Diacrítica, Braga, v. 29, n. 3, 2015. Disponível em: https://cehum.elach.uminho.pt/cehum/static/publications/diacritica_29-3.pdf.

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura 

“A balsa da Medusa”, de Théodore Géricault, um exemplo de obra que faz parte do romantismo.
A balsa da Medusa, pintura romântica de Théodore Géricault (1791-1824).
Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Deseja fazer uma citação?
SOUZA, Warley. "Romantismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/literatura/romantismo.htm. Acesso em 10 de setembro de 2025.
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Exercício 1

(Enem)

Capítulo LIV — A pêndula

Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim:

— Outra de menos...

— Outra de menos...

— Outra de menos...

— Outra de menos...

O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.

Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque

A) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.

B) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.

C) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.

D) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.

E) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

Exercício 2

(Enem)

Leito de folhas verdes

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d’alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

DIAS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro: Agir, 1979 (fragmento).

Na perspectiva do Romantismo, a representação feminina espelha concepções expressas no poema pela

A) reprodução de estereótipos sociais e de gênero.

B) presença de traços marcadores de nacionalidade.

C) sublimação do desejo por meio da espiritualização.

D) correlação feita entre estados emocionais e natureza.

E) mudança de paradigmas relacionados à sensibilidade.

Exercício 3

(Enem)

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.

ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.

O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como “parenta” de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois

A) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época.

B) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu romance.

C) as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do narrador romântico.

D) o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente independente.

E) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade daquele período histórico.

Exercício 4

(Enem)

Em 1866, tendo encerrado seus estudos na Escola de Belas Artes, em Paris, Pedro Américo ofereceu a tela A Carioca ao imperador Pedro II, em reconhecimento ao seu mecenas. O nu feminino obedecia aos cânones da grande arte e pretendia ser uma alegoria feminina da nacionalidade. A tela, entretanto, foi recusada por imoral e licenciosa: mesmo não fugindo à regra oitocentista relativa à nudez na obra de arte, A Carioca não pôde, portanto, ser absorvida de imediato. A sensualidade tangível da figura feminina, próxima do orientalismo tão em voga na Europa, confrontou-se não somente com os limites morais, mas também com a orientação estética e cultural do Império. O que chocara mais: a nudez frontal ou um nu tão descolado do que se desejava como nudez nacional aceitável, por exemplo, aquela das românticas figuras indígenas? A Carioca oferecia um corpo simultaneamente ideal e obsceno: o alto — uma beleza imaterial — e o baixo — uma carnalidade excessiva. Sugeria uma mistura de estilos que, sem romper com a regra do decoro artístico, insinuava na tela algo inadequado ao repertório simbólico oficial. A exótica morena, que não é índia — nem mulata ou negra — poderia representar uma visualidade feminina brasileira e desfrutar de um lugar de destaque no imaginário da nossa “monarquia tropical”?

OLIVEIRA, C. Disponível em: http://anpuh.org.br. Acesso em: 20 maio 2015.

O texto revela que a aceitação da representação do belo na obra de arte está condicionada à

A) incorporação de grandes correntes teóricas de uma época, conferindo legitimidade ao trabalho do artista.

B) atemporalidade do tema abordado pelo artista, garantindo perenidade ao objeto de arte então elaborado.

C) inserção da produção artística em um projeto estético e ideológico determinado por fatores externos.

D) apropriação que o pintor faz dos grandes temas universais já recorrentes em uma vertente artística.

E) assimilação de técnicas e recursos já utilizados por movimentos anteriores que trataram da temática.

Artigos de Romantismo


A escrava Isaura
“A escrava Isaura” é um romance regionalista do escritor mineiro Bernardo Guimarães. A obra conta a história de Isaura, uma bela escrava branca assediada pelo vilão Leôncio.
Canção do exílio
Canção do exílio é o poema mais famoso de Gonçalves Dias. A obra, de cunho saudosista, enaltece o Brasil e apresenta características românticas, como o nacionalismo.
Memórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milícias é um romance urbano escrito por Manuel Antônio de Almeida. A obra mostra as peripécias do anti-herói brasileiro Leonardo.
O guarani
O guarani é uma das obras mais famosas de José de Alencar, fazendo parte do Romantismo. Ela é marcada pela subjetividade, além de apresentar caráter nacionalista e indianista.
Orgulho e preconceito
Orgulho e preconceito é um famoso romance inglês escrito por Jane Austen. Ele conta a tumultuada história de amor entre o senhor Darcy e Elizabeth Bennet.
Características do Romantismo
As características do Romantismo são aspectos associados aos valores burgueses e aos ideais de liberdade que prevaleceram na Europa do século XIX.
Classicismo x Romantismo
O Romantismo foi a primeira estética literária a romper com os fundamentos que regiam o Classicismo.
Condoreirismo
O condoreirismo foi um movimento do romantismo brasileiro que apresentou crítica social e visão abolicionista. Seu principal representante foi o poeta baiano Castro Alves.
Iracema — José de Alencar
Obra de maior excelência do indianismo de José de Alencar, Iracema é um romance de fundação escrito em prosa poética, cujo enredo passa-se no início de 1600.
Primeira geração do Romantismo
A primeira geração do Romantismo, também conhecida como indianista, foi um dos principais movimentos literários brasileiros do século XIX.
Romantismo - A Prosa
Romantismo em Portugal
O romantismo valorizou a sentimentalidade, a individualidade e a liberdade. Em Portugal, destacaram-se nomes como Almeida Garret e Camilo Castelo Branco.
Romantismo no Brasil
O romantismo no Brasil foi um movimento artístico marcado pelo forte nacionalismo na primeira fase, pelo pessimismo na segunda fase e pela crítica social na terceira fase.
Segunda geração do Romantismo
A segunda geração romântica, também conhecida como ultrarromântica, é caracterizada pelo egocentrismo e um forte tom depressivo.
Terceira geração do Romantismo
A terceira geração do Romantismo é a fase do Romantismo que esteve em evidência no Brasil de 1870 a 1881. A poesia dessa geração é abolicionista e mais realista.
Ultrarromantismo
O Ultrarromantismo é uma vertente do movimento romântico marcada pelo egocentrismo e por forte tendência depressiva.