Miguel de Cervantes é um escritor espanhol. Ele nasceu em 29 de setembro de 1547, na cidade de Alcalá de Henares. Mais tarde, tornou-se militar e lutou em batalhas como a Batalha de Lepanto, em que foi gravemente ferido e perdeu os movimentos da mão esquerda. Esteve cinco anos preso em Argel.
O autor, que faleceu em 22 de abril de 1616, em Madri, na Espanha, publicou obras de caráter satírico. Escreveu narrativas, dramas e poesia. Sua obra mais famosa é o romance Dom Quixote, publicado em dois volumes, o qual faz uma crítica aos fantasiosos romances de cavalaria, além de ser o primeiro romance moderno.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Miguel de Cervantes
- 2 - Biografia de Miguel de Cervantes
- 3 - Características de Miguel de Cervantes
- 4 - Obras de Miguel de Cervantes
- 5 - Como Miguel de Cervantes perdeu os movimentos da mão?
- 6 - Morte de Miguel de Cervantes
- 7 - Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
Resumo sobre Miguel de Cervantes
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Miguel de Cervantes foi um escritor espanhol, nascido em 1547.
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Além de poeta, romancista e dramaturgo, também foi militar e comissário real.
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O romance Dom Quixote é sua obra mais famosa e um clássico da literatura.
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Suas obras apresentam caráter satírico, crítica social e referências greco-latinas.
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Dom Quixote, o primeiro romance moderno, é uma obra de caráter maneirista.
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Cervantes faleceu em 1616.
Biografia de Miguel de Cervantes
Miguel de Cervantes foi o quarto dos sete filhos de Rodrigo de Cervantes (1509-1585) e Leonor de Cortinas (1520-1593). Provavelmente, nasceu em 29 de setembro de 1547, já que foi batizado em 9 de outubro desse ano, na cidade espanhola de Alcalá de Henares. Mais tarde, em 1551, seu pai foi preso por endividamento, em Valladolid.
Dois anos depois, sua família se mudou para Córdoba, onde vivia o avô do escritor — Juan de Cervantes, que morreu em 1556. No ano seguinte, a esposa de Juan, Leonor de Torreblanca, também faleceu. Anos depois, em 1564, o pai do autor, sempre endividado, trabalhou como médico, em Sevilha. Passados dois anos, a família do escritor foi viver em Madri, onde Miguel de Cervantes iniciou sua carreira como poeta.
Em 1567, ele publicou sua primeira obra, um soneto dedicado à infanta Catalina Micaela (1567-1597). No ano seguinte, tornou-se discípulo do escritor e professor espanhol Juan López de Hoyos (1511-1583). Em 1569, após ferir Antonio de Sigura, em um duelo, Miguel de Cervantes se mudou para Roma, onde trabalhou para o futuro cardeal Julio Acquaviva (1546-1574). Já em 1570, ingressou no serviço militar e foi mandado para Nápoles, na Itália. Foi combatente da Batalha de Lepanto, em 1571, e acabou gravemente ferido. Porém, continuou no serviço militar.
Estava voltando de Nápoles para Barcelona, em 1575, quando seu navio foi interceptado por corsários e Cervantes foi levado prisioneiro para Argel, onde ficou preso pelos próximos cinco anos. Tentou fugir da prisão quatro vezes, sem sucesso. Em 1581, liberto, atuou como militar em Lisboa, Portugal.
Em 1584, nasceu sua filha Isabel de Saavedra (1584-1659), de seu relacionamento com Ana Villafranca de Rojas (1563-1598). Nesse mesmo ano, ele se casou com Catalina de Palacios Salazar Vozmediano (1565-1626). Três anos depois, em Sevilha, assumiu o cargo de comissário real a serviço de Antonio de Guevara. E 1592, Cervantes foi preso, na cidade de Castro del Río, por vender trigo ilegalmente. Dois anos depois, novamente, foi preso por ações como ex-comissário que levaram à falência do banqueiro Simón Freire de Lima. Novamente foi preso, em Sevilha, no ano de 1597, ainda em consequência da falência do banqueiro.
Estava endividado e morava em um subúrbio de Valladolid, em 1603. Dois anos depois, em 1605, publicou o primeiro volume de sua obra mais famosa, o romance Dom Quixote, que fez sucesso imediato. Nesse ano, Cervantes foi novamente preso em Valladolid, agora pelo suposto assassinato de Gaspar de Ezpeleta. Mas logo foi solto.
Foi viver em Madri no ano de 1606. Três anos depois, tornou-se membro da Congregação dos Escravos do Santíssimo Sacramento do Olival e, em 1613, da Ordem Terceira de São Francisco, em Alcalá de Henares. Por fim, em 1615, publicou o segundo volume de Dom Quixote.
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Características de Miguel de Cervantes
As obras de Cervantes fazem parte do Século de Ouro da literatura espanhola. De forma geral, apresentam estas características:
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humor;
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elementos satíricos;
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irreverência;
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crítica social;
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oposição entre fantasia e realidade;
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caráter parodístico;
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pastoralismo;
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elementos greco-latinos;
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rigor formal na poesia.
Obras de Miguel de Cervantes
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O cerco de Numância (ca. 1582) — peça teatral.
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O acordo de Argel (1582) — peça teatral.
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A galateia (1585) — romance.
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Dom Quixote (1605) — romance, primeiro volume.
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Novelas exemplares (1613) — novelas.
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Viagem do Parnaso (1614) — poesia.
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Oito comédias e oito entremeses nunca antes representados (1615) — peças teatrais.
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Dom Quixote (1615) — romance, segundo volume.
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Os trabalhalhos de Persiles e Sigismunda (1617) — romance.
Como Miguel de Cervantes perdeu os movimentos da mão?
Em 1571, Cervantes foi ferido em batalha. Levou dois tiros no peito e um na mão esquerda. Assim, não se recuperou de todo, pois ficou sem os movimentos dessa mão. Por isso, ficou conhecido como el manco de Lepanto (o maneta de Lepanto).
Morte de Miguel de Cervantes
Doente de hidropisia, o escritor morreu em 22 de abril de 1616, em Madri. Foi enterrado no dia seguinte, no convento das Trinitárias Descalças.
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Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
Obra-prima do autor, Dom Quixote é um romance maneirista, pois faz a transição entre o Classicismo e o Barroco. São marcas do maneirismo cervantino o exagero, o humor e a ironia. O extenso livro, originalmente publicado em dois volumes (o primeiro em 1605; e o segundo, em 1615), apresenta diversos episódios que contam as façanhas e desventuras do herói.
Obra de grande sucesso popular em sua época, também é apreciado pela crítica acadêmica como sendo o primeiro romance moderno. Nele, Dom Quixote, o protagonista, é um fidalgo que fica louco após ler muitos romances de cavalaria. Assim, ele acredita ser um cavaleiro andante.
De posse de uma velha armadura que pertenceu a seus bisavós, ele monta em seu pangaré, de nome Rocinante, e vai em busca de aventuras. Elege para sua dama idealizada uma camponesa de nome Aldonza Lorenzo, a quem passa chamar de Dulcineia del Toboso. Na casa do fidalgo, sua sobrinha, um padre e um barbeiro empenham-se em impedir que o cavaleiro andante saia pelo mundo.
Mas Dom Quixote não pode ser contido. Ele escolhe um vizinho camponês para ser seu escudeiro. Sancho Pança é convencido quando o fidalgo lhe promete a possibilidade de riquezas em suas aventuras. Assim, Sancho deixa a esposa e os filhos e, montado em um jumento, acompanha o cavaleiro Dom Quixote.
Entre as aventuras e as desventuras do herói, Dom Quixote é ridicularizado por sua loucura, confunde moinhos de vento com monstruosos gigantes e ouve histórias de pastores. Em sua fantasia, confunde uma estalagem com um castelo e acredita que seus hóspedes são nobres.
No decorrer da trama, Sancho passa a chamar Dom Quixote de “O Cavaleiro da Triste Figura”. E, entre realidade e fantasia, o herói e seu fiel escudeiro vivem diversas e tragicômicas aventuras. No fim da história, cavaleiro e escudeiro voltam para sua aldeia na Mancha, onde Dom Quixote adoece e morre.
Créditos das imagens
[2] L&PM Editores (reprodução)
Fontes
ARROYO, Florencio Sevilla; RODRÍGUEZ, Begoña Rodríguez. Cronología de la vida y obra de Miguel de Cervantes Saavedra. Disponível em: https://www.cervantesvirtual.com/portales/miguel_de_cervantes/autor_cronologia.
CONCEIÇÃO, Bárbara Souza dos Santos. Representações sociais em Dom Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes. 2023. TCC (Graduação em Letras) – Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Santo Antônio de Jesus, 2023.
FINE, Ruth. La figura del cruce en el Quijote: posible cifra de um manierismo literário. Disponível em: https://www.cervantesvirtual.com/obra/la-figura-del-cruce-en-el-quijote--posible-cifra-de-un-manierismo-literario/.
FONSECA, Maria Gabriella Flores Severo. Paratextos de edições brasileiras do Quixote. 2017. Dissertação (Mestrado em Letras e Artes) – Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2017.
OLIVEIRA, Manoela Hoffmann. Dom Quixote como o primeiro romance moderno. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 11., 2008, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: ABRALIC, 2008.
RUTHERFORD, John. Introdução. In: CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. Tradução de Ernani Ssó. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.