A história da literatura tem início na Grécia do século VIII a. C., com a produção dos dois poemas épicos de Homero: Ilíada e Odisseia. Durante a Idade Média, com a predominância do teocentrismo, as cantigas trovadorescas e as novelas de cavalaria foram as produções literárias da época.
A literatura da Idade Moderna é composta por obras clássicas, barrocas e árcades. Por sua vez, a literatura do século XIX é composta por obras românticas, realistas, naturalistas, parnasianas e simbolistas. Por fim, no século XX, predominou a estética modernista, que deu lugar à literatura da Idade Contemporânea.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a história da literatura
- 2 - Qual a origem da literatura?
- 3 - Literatura na Antiguidade Clássica
- 4 - Literatura medieval
- 5 - Literatura na Idade Moderna
- 6 - Literatura no século XIX
- 7 - Literatura no século XX
- 8 - História da literatura brasileira
- 9 - O que é literatura?
- 10 - Exercícios resolvidos sobre história da literatura
Resumo sobre a história da literatura
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A literatura ocidental tem origem na Grécia Antiga, no século VIII a. C.
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Os poemas épicos Ilíada e Odisseia são as principais obras da Antiguidade clássica.
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O teatro grego possui importantes dramaturgos, como Sófocles, Eurípides e Ésquilo.
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A literatura medieval é composta pelas cantigas trovadorescas e pelos romances de cavalaria.
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A literatura humanista, composta por poetas italianos como Dante Alighieri e Francesco Petrarca, além do dramaturgo português Gil Vicente, encerra o período medieval.
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O classicismo, o barroco e o arcadismo são estilos de época que vigoraram durante a Idade Moderna.
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No século XIX, o romantismo, o realismo, o naturalismo, o parnasianismo e o simbolismo foram os estilos de época do período.
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No século XX, o modernismo esteve em voga no mundo ocidental.
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A literatura da atualidade é marcada pelas diversidades temática e estilística.
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Qual a origem da literatura?
Se pensamos na literatura oral, a origem da literatura está associada ao próprio desenvolvimento da fala humana. Portanto, quando a humanidade desenvolveu a fala, ela mostrou-se capaz de contar histórias. Dessa forma, não é possível dizer quando a literatura oral teve início de fato.
Porém, a literatura como arte da escrita, no Ocidente, surgiu na Grécia Antiga. As obras fundadoras da literatura ocidental são os famosos poemas épicos de Homero, isto é, Ilíada e Odisseia, produzidos no século VIII a. C.
Literatura na Antiguidade Clássica
A Antiguidade Clássica teve início, aproximadamente, no século VIII a. C. e durou até o século V d. C., quando começou a Idade Média, no ano 476 d. C. Fazem parte da literatura grega desse período:
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a poesia lírica da poetisa Safo, que chegou até nossos dias apenas em fragmentos;
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as tragédias de Sófocles: Édipo rei, Édipo em Colono, Electra, Antígona, Ájax, As traquínias e Filoctetes;
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tragédias de Eurípides, como, por exemplo, Medeia, Andrômaca, Electra (homônima à de Sófocles), As troianas, Ifigênia em Táuris e Orestes;
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tragédias de Ésquilo, como Prometeu acorrentado, As suplicantes e Sete contra Tebas;
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O banquete e A República, de Platão, que apresentam cunho narrativo e filosófico.
Em Roma, as principais obras do período clássico são:
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Eneida, poema épico de Virgílio;
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Metamorfoses, poema épico de Ovídio;
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Odes, poesia lírica de Horácio;
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Satíricon, narrativa de Petrônio;
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peças teatrais de Plauto, como a comédia Epídico.
As obras desse período são caracterizadas pelo olhar antropocêntrico, o qual exalta a razão, o conhecimento e o prazer. Além disso, é perceptível a valorização da natureza, o bucolismo, elementos mitológicos e o aspecto pedagógico de algumas obras. Por fim, apresenta crítica social, cunho satírico, reflexões morais, caráter épico e idealizador, além da valorização do trágico.
Literatura medieval
A literatura medieval europeia é marcada pelo olhar teocêntrico, de forma que elementos associados à religiosidade católica influenciaram fortemente essa literatura. O teatro medieval apresenta cunho religioso e satírico, mas não foi tão valorizado quanto o teatro da Antiguidade Clássica.
As principais obras de cunho literário foram as cantigas medievais, portanto, pertencentes ao gênero lírico:
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cantiga de amor: temática amorosa centrada no sofrimento do trovador diante da rejeição da mulher amada e idealizada;
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cantiga de amigo: temática da saudade, em que é evidenciado o sofrimento do eu lírico feminino pela ausência de seu “amigo” (amante);
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cantigas de escárnio e maldizer: caracterizadas por crítica social, sarcasmo e ironia.
Alguns trovadores famosos desse período foram o francês Arnaut Daniel, além dos portugueses João Garcia de Guilhade e Paio Soares de Taveirós. Por sua vez, o gênero narrativo da Idade Média é representado pelos romances de cavalaria (ou novelas de cavalaria), que narram aventuras heroicas de cavaleiros medievais e apresentam damas idealizadas.
Um dos romances de cavalaria mais famosos é Amadis de Gaula, cuja autoria não é certa, podendo ser obra de origem galega ou espanhola. Por sua vez, o principal romance de cavalaria do ciclo arturiano é A morte de Arthur, de autoria do inglês Thomas Malory.
No final da Idade Média, surgiu na Itália uma corrente literária denominada humanismo, a qual passou a influenciar a literatura europeia a partir do século XIV. De caráter antropocêntrico, o humanismo valoriza a cultura clássica greco-latina e apresenta elementos de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.
São importantes autores humanistas o poeta italiano Francesco Petrarca (autor da obra Triunfos), o dramaturgo português Gil Vicente (autor da peça teatral Auto da barca do inferno), além do famoso poeta italiano Dante Alighieri (autor da obra A divina comédia).
Confira também: Como foi o humanismo na literatura?
Literatura na Idade Moderna
A Idade Moderna teve início em 1453, com a conquista de Constantinopla, e término em 1789, com a Queda da Bastilha. Durante esse período, autores da literatura europeia produziram obras nos estilos literários que apresentamos a seguir.
→ Classicismo (século XVI e início do século XVII)
O classicismo possui caráter humanista e antropocêntrico, faz a retomada da cultura greco-latina, apresenta idealização do amor e da mulher, bucolismo e narrativa épica, além de usar a medida nova (versos decassílabos) na poesia.
Seus principais autores são o poeta português Luís de Camões (autor de Os Lusíadas), o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (autor de peças como Romeu e Julieta, Hamlet e Macbeth), além do poeta espanhol Garcilaso de la Vega.
Veja também: Classicismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Barroco (final do século XVI e século XVII)
O barroco é marcado pela angústia existencial e pela valorização do contraste. Na poesia barroca, são recorrentes o uso de antíteses e de paradoxos. Também são elementos barrocos o pessimismo, a morbidez e a linguagem rebuscada. Dois elementos destacam-se na literatura barroca: o cultismo (jogo de palavras) e o conceptismo (jogo de ideias).
É um autor de destaque na literatura barroca europeia o poeta espanhol Luis de Góngora. Também merece destaque a obra Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes, que é considerada, pelo crítico literário Arnold Hauser, como maneirista, ou seja, apresenta elementos de transição entre o classicismo e o barroco.
Acesse também: Barroco — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Arcadismo ou neoclassicismo (século XVIII)
O arcadismo ou neoclassicismo valoriza a cultura greco-latina e apresenta características como: pastoralismo, valorização do amor e da mulher. Algumas temáticas são típicas dessa estética, como:
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fugere urbem (fuga da cidade);
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aurea mediocritas (mediocridade áurea);
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locus amoenus (lugar ameno);
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inutilia truncat (cortar o inútil);
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carpe diem (aproveitar o momento).
O principal nome da literatura neoclássica europeia é o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Veja também: Arcadismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
Literatura no século XIX
Durante o século XIX, autores da literatura mundial produziram obras nos seguintes estilos literários:
→ Romantismo
Iniciado no final do século XVIII, o romantismo perdurou até a primeira metade do século XIX. A literatura romântica apresenta subjetividade, elementos nacionalistas, idealização do amor e da mulher, valorização da liberdade, caráter teocêntrico, fuga da realidade e evidenciação dos costumes burgueses.
Os principais autores românticos europeus são o alemão Johann Wolfgang von Goethe (autor do romance Os sofrimentos do jovem Werther), o poeta inglês Lord Byron, a escritora inglesa Mary Shelley (autora de Frankenstein), o romancista português Camilo Castelo Branco (autor de Amor de perdição) e os escritores franceses Victor Hugo (autor de Os miseráveis) e Alexandre Dumas (autor de Os três mosqueteiros).
Confira também: Romantismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Realismo
A literatura realista surgiu na França, em 1857. De caráter antirromântico, não possui idealizações. Os romances realistas são marcados pela objetividade, pela temática social e pela crítica à classe burguesa. Apresentam análise psicológica e têm o adultério feminino como temática recorrente.
São famosas obras realistas os romances: Madame Bovary, do francês Gustave Flaubert, Crime e castigo, do russo Fiódor Dostoiévski, O primo Basílio, do português Eça de Queiroz e O príncipe e o mendigo, do estado-unidense Mark Twain.
Veja também: Realismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Naturalismo
A literatura naturalista é marcada pelo seu caráter cientificista, pois supervaloriza as teorias científicas de sua época, de forma a utilizá-las na construção dos personagens. Assim, sua principal característica é o determinismo, teoria que defende uma suposta influência do meio, da raça e do momento histórico sobre o indivíduo.
As obras naturalistas valorizam as características biológicas dos personagens, os quais estão submetidos ao poder dos instintos. A animalização dos personagens é recorrente, sendo conhecida como zoomorfização. É uma literatura caracterizada por objetividade e crítica sociopolítica. Seu principal representante é o francês Émile Zola, autor do romance Germinal.
Leia também: Naturalismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Parnasianismo
A poesia parnasiana é antirromântica, pois é objetiva e não apresenta idealizações. Apesar de ser realista, apresenta alienação social. Tal poesia é descritiva, valoriza a beleza estética e possui rigor formal. De caráter antropocêntrico, apresenta referências greco-latinas.
São autores de destaque da poesia parnasiana o francês Leconte de Lisle (autor de Poemas antigos); o cubano naturalizado francês José María de Heredia (autor de Os troféus) e o português Cesário Verde (autor da obra O livro de Cesário Verde).
Acesse também: Parnasianismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
→ Simbolismo
A poesia simbolista é antirrealista e valoriza a irracionalidade, a intuição e o inconsciente. Está associada a elementos misteriosos e metafísicos. O poema simbolista apresenta rigor formal, musicalidade, sinestesia e a maiúscula alegorizante, a qual serve para destacar certas palavras. Possui forte poder de sugestão, uso de reticências, alienação social e pessimismo.
As principais obras simbolistas europeias são As flores do mal, do francês Charles Baudelaire, Uma temporada no inferno, do francês Arthur Rimbaud, O entardecer de um fauno, do francês Stéphane Mallarmé, Sabedoria, do francês Paul Verlain, Hinos, do alemão Stefan George e Só, do português António Nobre.
Acesse também: Simbolismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
Literatura no século XX
Na Europa, a literatura simbolista deu lugar à literatura modernista no início do século XX. Esse estilo literário perdurou durante muitas décadas desse século. Apresenta inovação, nacionalismo, liberdade formal, ironia, metalinguagem, fluxo de consciência, fragmentação, realismo fantástico, crítica social, experimentalismo e antiacademicismo.
São escritores modernistas famosos mundialmente a romancista inglesa Virginia Woolf (autora de Orlando e de Mrs. Dalloway), o escritor irlandês James Joyce (autor do romance Ulysses), além do tcheco Franz Kafka (autor de A metamorfose e de O processo). Em Portugal, o nome mais famoso do modernismo é o poeta Fernando Pessoa.
Leia também: Modernismo — mais detalhes sobre esse estilo de época
História da literatura brasileira
A literatura brasileira começou em 1500, com a Carta de Pero Vaz de Caminha, documento que faz parte da literatura de informação, composta pelos primeiros textos escritos no Brasil ou sobre o Brasil. Além desse tipo de literatura, há também a literatura de catequese, que consiste em peças de teatro e em poemas escritos com o intuito de catequizar os indígenas.
Assim, de caráter teocêntrico, o estilo literário vigente no primeiro século da história oficial do Brasil é conhecido como quinhentismo, e os dois principais autores do período são o português Pero Vaz de Caminha e o padre espanhol (a serviço da coroa portuguesa) José de Anchieta.
Por sua vez, o barroco vigorou entre 1601 e 1768, tendo como principais autores o poeta baiano Gregório de Matos (autor de poesias sacras, filosóficas e satíricas) e o padre português Antônio Vieira, autor de sermões. O estilo apresenta as mesmas características europeias, mas a sátira de Gregório de Matos possui elementos socioculturais brasileiros. O estilo foi inaugurado no Brasil com a obra Prosopopeia, de Bento Teixeira.
O arcadismo ou neoclassicismo esteve em evidência de 1768 a 1836. Também apresenta características europeias. Sua peculiaridade reside no fato de que elementos políticos podem estar impressos nos versos dos poetas, já que o contexto histórico marcante do período foi a Inconfidência Mineira.
Os principais autores desse período são o poeta Cláudio Manuel da Costa e o famoso poeta Tomás Antônio Gonzaga (autor de Marília de Dirceu e de Cartas chilenas). Poemas épicos importantes da época são O Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de frei José de Santa Rita Durão.
O romantismo no Brasil foi inaugurado em 1836, com a obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães. Esse estilo esteve em vigor no Brasil até 1881. O romantismo brasileiro é dividido em três fases poéticas, além de apresentar alguns tipos diferentes de prosa.
A primeira fase da poesia romântica é nacionalista e indianista, e seu principal autor é o poeta Gonçalves Dias. A segunda fase é ultrarromântica, marcada pelo exagero sentimental, e seus principais autores são Álvares de Azevedo (autor das obras Lira dos vinte anos, Macário e Noite na taverna) e o poeta Casimiro de Abreu.
A terceira fase é pré-realista, pois mantém o sentimentalismo romântico aliado ao realismo social. Seu principal autor é o poeta baiano Castro Alves (autor do poema O navio negreiro). Essa fase também conta com o poeta Sousândrade (autor de Guesa errante).
Por sua vez, a prosa romântica é formada por romances indianistas como Iracema e O guarani (de José de Alencar) e também por romances urbanos, como Senhora, de José de Alencar, Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, além de A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo).
Além dos romances indianistas e urbanos, também foram produzidos romances regionalistas, como: A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, Inocência, de Visconde de Taunay, O Cabeleira, de Franklin Távora, e Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Já o teatro romântico é marcado pelo sucesso das obras, particularmente cômicas, de Martins Pena, como O noviço.
O realismo brasileiro teve início em 1881, com a publicação do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Esse autor, em sua fase realista — pois também escreveu obras românticas como Helena, por exemplo —, produziu obras marcadas por ironia, por crítica à burguesia e por análise psicológica.
Outros famosos romances realistas do autor são Dom Casmurro, Quincas Borba e Esaú e Jacó. Outra obra famosa de Machado de Assis é a irônica novela O alienista.
O naturalismo brasileiro também teve início no Brasil em 1881, com a publicação do romance O mulato, de Aluísio Azevedo. No entanto, a obra mais famosa desse autor é O cortiço. O estilo, no Brasil, apresenta os mesmos elementos europeus, como a zoomorfização e o determinismo.
Outras obras importantes desse período são Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, e O Ateneu, de Raul Pompeia. As obras de Júlia Lopes de Almeida também possuem traços naturalistas, como A falência, que é seu romance mais conhecido.
A poesia parnasiana brasileira esteve em evidência entre 1882 e 1893. Possui caráter descritivo e rigor formal. No entanto, tem uma peculiaridade, ou seja, nem todas as poesias desse período, no Brasil, respeitam a objetividade parnasiana, de forma que, muitas vezes, apresenta subjetividade.
Seu autor mais famoso é o poeta Olavo Bilac. Outros nomes representantes desse estilo no Brasil são Francisca Júlia, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. A poetisa Francisca Júlia é autora da obra Mármores, a qual se aproxima mais da frieza e da objetividade características do parnasianismo do que as poesias de Bilac.
O principal nome do simbolismo brasileiro é o poeta Cruz e Sousa (autor do livro Broquéis). Outro poeta importante do período é Alphonsus de Guimaraens. A poesia simbolista brasileira esteve em evidência entre 1893 e 1902 e respeita as características do simbolismo europeu.
O período literário de 1902 e 1922, no Brasil, é conhecido como pré-modernismo. É caracterizado por elementos de transição entre simbolismo e modernismo, como o determinismo naturalista, o rigor formal parnasiano, elementos simbolistas, além do nacionalismo, da ironia e da crítica sociopolítica modernista.
As principais obras do período são: Os sertões, de Euclides da Cunha, o romance Canaã, de Graça Aranha, Eu, do poeta Augusto dos Anjos, Triste fim de Policarpo Quaresma, romance de Lima Barreto, e Urupês, livro de contos de Monteiro Lobato.
Em 1922, ocorreu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna, a qual inaugurou a estética modernista no Brasil. A primeira fase da literatura modernista brasileira vigorou entre 1922 e 1930, caracterizada pela inovação, pelo nacionalismo, pela liberdade formal, pela ironia e pelo antiacademicismo. Seus principais autores são Oswald de Andrade, o poeta Manuel Bandeira e o escritor Mário de Andrade (autor de Macunaíma).
A segunda fase do modernismo brasileiro durou de 1930 a 1945. É composta por poesia de caráter existencial, às vezes com teor místico, além de crítica sociopolítica. Utiliza versos livres, brancos e regulares. Seus poetas mais famosos são Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles (autora do livro Romanceiro da Inconfidência).
Por sua vez, a prosa da segunda fase apresenta caráter regionalista, realismo social, elementos deterministas e linguagem simples. As principais obras desse período são: O quinze, de Rachel de Queiroz, Vidas secas, de Graciliano Ramos, O tempo e o vento, de Erico Verissimo, e Capitães da areia, de Jorge Amado.
A terceira fase modernista brasileira (ou pós-modernismo) compreende o período de 1945 a 1978. A geração de 1945 apresenta poesia marcada pelo cuidado formal e com temática sociopolítica. Seus principais poetas são Ferreira Gullar (autor de Poema sujo) e João Cabral de Melo Neto (autor de Morte e vida severina).
A poesia concreta é verbivocovisual, pois alia palavra, som e imagem, valorizando o espaço da folha de papel. Seus três principais representantes são os poetas Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Por fim, a prosa pós-moderna apresenta fragmentação, metalinguagem, fluxo de consciência, elementos fantásticos e caráter universal.
A principal escritora desse tipo de prosa é Clarice Lispector (autora de A hora da estrela e A paixão segundo G.H.), além de João Guimarães Rosa (autor do romance Grande sertão: veredas). Também merecem destaque Lygia Fagundes Telles, Hilda Hilst e Murilo Rubião.
É preciso mencionar também a poetisa goiana Cora Coralina, que só publicou sua primeira obra quando tinha 75 anos de idade. Ela possui uma obra marcada pela temática cotidiana e pela linguagem simples. Sua obra não se encaixa em um estilo específico, apesar de apresentar a liberdade formal modernista.
Outra escritora importante na literatura brasileira do século XX é Carolina Maria de Jesus, autora do famoso livro Quarto de despejo: diário de uma favelada. Ela não está filiada a nenhum estilo de época e é uma precursora do que hoje chamamos de “literatura de minorias”, ao representar a voz de uma mulher negra e pobre.
A partir da década de 1970, no Brasil, teve início a literatura contemporânea brasileira, com destaque para a geração mimeógrafo, autora da poesia marginal da época, assim conhecida por não ser publicada por editoras, mas artesanalmente pelos próprios autores. Alguns escritores associados à poesia marginal são Ana Cristina Cesar, Paulo Leminski, Chacal, Waly Salomão, Torquato Neto e Glauco Mattoso.
A literatura brasileira da contemporaneidade é marcada pela liberdade de criação e pela diversidade de temas, de estruturas e de estilos. Elementos como realismo social, fragmentação e intertextualidade são marcantes na atualidade. São temáticas recorrentes o vazio existencial, o forte individualismo, além da solidão e da violência urbanas. Está em evidência também a literatura de minorias.
Acesse também: literatura brasileira — conheça suas principais características
O que é literatura?
A literatura é a arte da palavra. Por ser uma arte, ela não é necessariamente funcional, isto é, não tem uma utilidade prática. Assim, um texto literário diferencia-se de um texto não literário. Afinal, um texto não literário, como, por exemplo, uma notícia, tem uma função. Já o texto literário, como, por exemplo, uma poesia, não tem uma função específica.
A utilidade da notícia é evidente: informar. Mas qual é a utilidade de uma poesia? Como obra literária, a poesia não é escrita com um objetivo específico, ao contrário da notícia. A subjetividade e a conotação (ou plurissignificação) também são inerentes ao texto literário, enquanto o texto não literário é denotativo e mais objetivo.
Exercícios resolvidos sobre história da literatura
Questão 1
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) Ilíada e Odisseia são obras importantes da literatura humanista.
( ) As cantigas trovadorescas fazem parte da literatura da Idade Moderna.
( ) William Shakespeare é um representante do romantismo europeu.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, F, F.
C) V, F, F.
D) F, F, V.
E) V, V, V.
Resolução:
Alternativa B.
Ilíada e Odisseia são obras importantes da Antiguidade Clássica. As cantigas trovadorescas fazem parte da literatura da Idade Média. William Shakespeare é um representante do classicismo europeu.
Questão 2
Analise estas afirmações:
I- A história da literatura brasileira tem início em 1500.
II- O Barroco é um estilo de época do século XIX.
III- A divina comédia é uma obra do neoclassicismo italiano.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A) I apenas.
B) II apenas.
C) III apenas.
D) I e II apenas.
E) I, II e III.
Resolução:
Alternativa A.
A história da literatura brasileira tem início em 1500, com a Carta de Pero Vaz de Caminha. O Barroco é um estilo de época do século XVII. Por fim, A divina comédia é uma obra humanista do italiano Dante Alighieri.
Fontes
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