Sionismo: o que é, como surgiu, antissionismo - Brasil Escola

Sionismo

O sionismo surgiu em 1897, na Europa, como um movimento político que reivindicava a criação de um Estado judeu como forma de garantir proteção e autonomia para essa população.

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O sionismo é um movimento judeu que surgiu na Europa em 1897. Tendo como base o Primeiro Congresso Sionista, realizado na Suíça, esse movimento defendia a criação de um Estado judeu como alternativa às condições de violência, exclusão e perseguição a judeus na Europa.

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Embora seja um movimento judeu, o sionismo enfrenta críticas de parte da comunidade judaica, sobretudo por não corresponder aos preceitos religiosos e por ignorar as populações que habitavam a região em que se localiza o Estado de Israel.

O sionismo é dividido em suas vertentes política, religiosa e cultural, que concebem de formas distintas a afirmação da identidade judaica e a promoção da autonomia do povo judeu.

Leia mais: Judaísmo — uma das principais religiões do mundo e uma das primeiras a cultuar um único deus

Tópicos deste artigo

Resumo sobre sionismo

  • O sionismo é um movimento político que tem por objetivo a criação de um Estado-nação judeu.
  • Divide-se, principalmente, em três vertentes: política, religiosa e cultural.
  • Os judeus são um grupo social étnico e cultural que compartilha uma matriz religiosa. Já o sionismo acredita na necessidade de criação de um Estado judeu. Dessa forma, judeus podem ser ou não sionistas. Por fim, o semitismo diz respeito a uma origem cultural, linguística e étnica comum.

O que é sionismo?

Mão segurando a Bandeira de Israel, em texto sobre sionismo.[imagem_principal]
O movimento sionista foi fundamental para criação, em 1948, do Estado de Israel.

O termo “sionismo” deriva da palavra hebraica “Sião”, que pode ser traduzida como colina ou cume. Em termos históricos, Sião é uma das colinas de Jerusalém, local em que se originou o povo judeu. Dessa maneira, o sionismo é um movimento político-nacionalista que surgiu no século XIX, sobretudo na Europa. Esse movimento, composto majoritariamente por judeus, tinha como pauta política central a construção de um Estado-nação para o povo judeu.

Nesse sentido, o sionismo, enquanto movimento político, compreendia que a situação dos judeus, principalmente na Europa, era precária e suscetível a práticas antissemitas, como a perseguição a esse grupo, a censura de obras judaicas, o confisco de bens, e leis discriminatórias, que acabavam colocando esse grupo em uma condição de vulnerabilidade.

Dessa maneira, como resposta ao crescimento de ações hostis contra a população judaica, o sionismo surgiu como uma proposta política prática a essas situações. Desse modo, tinha por objetivo a construção de um Estado-nação judeu, especificamente na região da Palestina, que fazia parte do Império Otomano.

Com base nisso, a perspectiva de construção de um Estado judeu apareceu, principalmente, como forma de estabelecer a esse grupo formas de proteção, autonomia e direitos, que lhes estavam sendo corriqueiramente limitados ou negados.

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Divisões do sionismo

Embora o sionismo tivesse como objetivo central a construção de um Estado-nação judeu, existem diferentes perspectivas em seu interior. Desse modo, pode-se destacar o sionismo político, religioso e cultural.

  • Sionismo político: é uma das vertentes mais preponderantes do sionismo. Teve como pensadores centrais os jornalistas húngaros Nathan Birnbaum (1864-1937) e Theodor Herzl (1860-1904), que defendiam a criação de um Estado judeu por meio da diplomacia. Nesse sentido, essa vertente motivou, sobretudo, a criação do Estado de Israel por meio da atuação judaica na Organização das Nações Unidas.
  • Sionismo religioso: com grande influência na base religiosa do judaísmo, compreendia que a terra de Israel era divina e, por consequência, morada natural do povo judeu. Nesse sentido, o sionismo religioso previa um retorno a sua terra de origem, dada por Deus.
  • Sionismo cultural: embora não defendesse diretamente a construção de um Estado-nação judeu, compreendia a importância de resgatar e manter vivas as práticas culturais judaicas e do hebraico como forma de reafirmar a identidade judaica. Assim, o sionismo cultural defendia o resgate da unidade linguística, por meio do hebraico, bem como o resgate de tradições e festas judaicas como forma de união e reaproximação desse grupo social.

Diferenças entre sionistas, judeus e semitas

Mapa demarcando o Estado de Israel, em texto sobre sionismo.
A escolha da região em que foi criado o Estado de Israel compreendeu um local histórico e sagrado para as religiões semitas.

O sionismo, o judaísmo e o semitismo, embora apresentem elementos comuns entre si, têm diferenças importantes e que marcam posições e perspectivas distintas. Nesse sentido, conforme mencionou-se anteriormente, o sionismo é um movimento político judaico que tem como objetivo a construção de um Estado-nação judeu. Esse movimento, embora tenha origem judaica, não é apoiado por toda a comunidade judia.

Concomitantemente, pode-se observar que os judeus constituem um grupo social e religioso que tem uma identidade étnica e cultural específica, alinhada aos preceitos da Torá e das Leis de Moisés. Desse modo, os judeus se dividem, sobretudo, entre sionistas e antissionistas, ou seja, os que defendem a necessidade de criação de um Estado judaico e os que se opõem a isso.

Em relação aos semitas, estes são os povos que compartilham uma origem étnica e cultural, principalmente línguas e tradições comuns. O aspecto mais relevante dos semitas diz respeito às bases linguísticas, sobretudo dos povos judeus e árabes. Dessa forma, os semitas compreendem populações que residem na região do Oriente Médio e que têm uma origem cultural, étnica e linguística comum, sendo compostos majoritariamente por judeus e árabes.

Leia mais: Hebreus — povo de origem semita que, segundo a Bíblica, estabeleceu-se em Canaã por meio de Abraão

O que é ser antissionista?

Conforme pontuado, o sionismo como movimento político teve como objetivo a criação de um Estado judeu. Embora essa proposta tenha ganhado força após a Segunda Guerra Mundial, em virtude dos horrores nazistas quanto aos judeus, há grupos que se posicionam como antissionistas. Nesse sentido, do ponto de vista judaico, grupos de judeus ortodoxos se colocam como antissionistas, principalmente por uma perspectiva que entende que a criação do Estado de Israel só será efetivada com a vinda do Messias.

O antissionismo, na Contemporaneidade, está associado a posições contrárias à existência do Estado de Israel. Esse processo se justifica, conforme os defensores dessa corrente, porque a região em que se localiza o Estado sionista de Israel já era ocupada por outras populações e tradições étnico-culturais, principalmente os povos palestinos.

Diante disso, pode-se observar que o antissionismo contrapõe a existência do Estado de Israel, pelo menos em seus moldes atuais, que negam a existência de outras populações que residiam na região, sendo elas alvos frequentes de políticas de ocupação, segregação e violência, principalmente contra palestinos.

Como surgiu o sionismo?

Ocupação sionista.
A partir do Primeiro Congresso Sionista, houve um movimento de imigração judaica para a região da palestina.

O sionismo moderno surgiu por influência do jornalista Theodor Herzl, em 1896, após um conjunto de experiências discriminatórias e violentas contra as populações judaicas na Europa. Herzl propunha como solução para a condição dos judeus na Europa, marcada pela exclusão, violência, políticas discriminatórias e estigmatização, a criação de um Estado judeu.

A criação desse Estado, conforme Herzl, objetivava dar maior proteção e segurança para as populações judias, que se viam vítimas de múltiplas formas de violência. Em 1897, foi realizado na Suíça o Primeiro Congresso Sionista, no qual Herzl discursou e apresentou a proposta de criação de um Estado. Embora não houvesse, inicialmente, uma definição da localização desse Estado, a região da Palestina surgiu como alternativa, uma vez que ela guarda elementos que remetem à história, cultura e identidade judaicas.

Esse processo passou a ser apoiado por comunidades judaicas, principalmente as do Leste-Europeu, que se viam perseguidas por suas práticas religiosas e culturais. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, o sionismo ganhou mais adeptos, sobretudo a partir da perseguição e do genocídio do povo judeu provocados pelos nazistas. Desse modo, esse processo culminou na criação do Estado de Israel em 1948, na região da Palestina. Esse movimento contou, inclusive, com o apoio do Brasil, que também defendia a criação do Estado palestino.

Exercícios resolvidos sobre sionismo

Questão 1 (Exército) Sobre o movimento sionista, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. Movimento nacionalista criado pelo escritor húngaro Theodor Herzl que defendia a criação do Estado palestino.

II. Os kibutzim foram criados por imigrantes sionistas de influência socialista.

III. Caracterizou-se como movimento político nacionalista que desconsiderava os aspectos religiosos como elemento de luta pela formação do Estado judaico na Palestina.

Alternativas:

  1. Somente I está correta.
  2. Somente II está correta.
  3. Somente I e III estão corretas.
  4. Somente II e III estão corretas.
  5. Todas estão corretas.

Resposta: Letra “B”. Os kibutzim são uma parte crucial da história do sionismo. Essas comunidades foram estabelecidas por imigrantes sionistas com influências socialistas, visando estabelecer um modo de vida comunitário e autossuficiente na Palestina. Portanto, a afirmativa B está correta.

Questão 2 (Uece) O Conflito Israel-Hamas fez revigorar a discussão do aspecto expansionista territorial israelense no que suas lideranças políticas, militares e religiosas mais ortodoxas reivindicam ser seu o direito à autodeterminação em seu solo pátrio, razão pela qual defendem a colonização de áreas até então ocupadas desde longa data pelos palestinos. O movimento que tem tais conotações territorialmente expansionistas é denominado de:

A) semitismo.

B) assimilação.

C) sionismo.

D) judaísmo.

Resposta: Letra “C”. O sionismo consistiu em um movimento político que objetivava a criação de um Estado judeu. Esse movimento contribuiu para a criação do Estado de Israel em 1948, na região da Palestina.

Fontes

ALTMAN, Breno. Contra o sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista. São Paulo: Alameda, 2023.

BUTLER, Judith. Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo. São Paulo: Boitempo, 2017.

Escritor do artigo
Escrito por: Matheus Felipe Gomes Dias Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG). Mestre e doutorando em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (ICS/UnB). Tem interesse nas temáticas dos estudos sobre identidade, neoliberalismo, teoria sociológica e metodologias de pesquisa
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DIAS, Matheus Felipe Gomes. "Sionismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/historiag/sionismo.htm. Acesso em 09 de setembro de 2025.
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Professor ao lado do texto"Conflitos entre Israel e Palestina" em fundo verde.
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