Dilema do prisioneiro: o que é, qual a explicação - Brasil Escola

Dilema do prisioneiro

O dilema do prisioneiro é um problema formulado na teoria dos jogos, que serve como importante instrumento de análise do conflito e da cooperação entre diferentes indivíduos.

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O dilema do prisioneiro é um problema formulado na teoria dos jogos. Esse problema informa que, na busca por vantagens individuais, a ação isolada dos indivíduos tende a contribuir para um resultado menos vantajoso ou diferente do esperado. O dilema possibilita compreender que, muitas vezes, em situações de conflito, a cooperação entre diferentes indivíduos e interesses é mais vantajosa do que a busca por um favorecimento pessoal. Esse problema pode ser aplicado na análise de diversas situações, por exemplo, as relações parlamentares na aprovação de leis, a relação entre diferentes países ou comportamentos sociais.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre dilema do prisioneiro

  • O dilema do prisioneiro é um problema hipotético-filosófico da teoria dos jogos, que demonstra que a cooperação entre diferentes indivíduos pode ser mais vantajosa do que sua ação isolada.

  • O dilema ilustra uma situação hipotética em que dois prisioneiros, condenados por um crime, são interrogados e precisam decidir se trairão ou não um ao outro.

  • Há três opções, mas cada uma delas implica resultados menos ou mais vantajosos para ambos ou apenas para um deles.

  • O dilema ilustra como uma ação individual, tomada de forma isolada, pode levar a resultados muito diferentes do planejado inicialmente.

  • O dilema do prisioneiro é um instrumento de análise para diversas situações.

  • Quando um indivíduo age de forma isolada, a sua ação pode levar a um resultado diferente do esperado, impactando inclusive outros indivíduos.

  • Nas relações internacionais, por exemplo, esse problema permite compreender como diferentes Estados, na defesa de seus interesses, podem chegar a resultados inesperados.

Videoaula sobre dilema do prisioneiro

O que é o dilema do prisioneiro?

O dilema do prisioneiro é um problema hipotético-filosófico usado na teoria dos jogos. Corresponde a uma situação que ilustra como os indivíduos, ao agirem ou tomarem decisões de forma isolada e racional, podem obter resultados menos vantajosos ou diferentes do esperado, ou do que se poderia obter, se tivessem cooperado e agido de forma coletiva.

Esse dilema busca compreender como a decisão individual, muitas vezes egoísta, pode contribuir para uma dinâmica que, por sua vez, acarreta um resultado pior (ou diferente do esperado) do que aquele obtido se a decisão fosse tomada por meio da cooperação mútua.

O dilema do prisioneiro é um dos exemplos mais relevantes da teoria dos jogos, ele demonstra que cooperação e ação coletiva são mais importantes, em termos de resultados, do que a mera ação individual, e que esta, por sua vez, pode comprometer, inclusive, os outros envolvidos.

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O dilema do prisioneiro é considerado também um problema de soma nula, ou seja, quando um indivíduo X, quer aumentar suas vantagens, de forma isolada, ele pode comprometer o resultado Y, não apenas para si, mas também para os outros. Em suma, a cooperação entre diferentes indivíduos (jogadores) pode ser mais vantajosa para a obtenção de um resultado melhor do que o obtido pela ação individual.

O dilema permite analisar como determinadas ações, tomadas por indivíduos ou organizações, a partir de diferentes perspectivas e interesses, podem acarretar resultados diferentes do esperado.

Veja também: Qual é a diferença entre ética e moral?

Explicação do dilema do prisioneiro

No dilema do prisioneiro clássico, a situação é a seguinte: dois prisioneiros foram detidos, acusados de determinado crime, e serão interrogados de forma separada para que sejam confrontados os fatos.

O interrogador apresenta aos prisioneiros as seguintes opções:

a) se o prisioneiro A delatar o prisioneiro B, e o prisioneiro B ficar em silêncio, o prisioneiro A, que o delatou, será libertado, e o B será condenado a 10 anos de prisão;

b) se os dois prisioneiros delatarem um ao outro, cada um será condenado a 5 anos de prisão;

c) se os dois prisioneiros ficarem em silêncio, ambos serão condenados apenas a 1 ano de prisão.

Do ponto de vista do dilema do prisioneiro, a decisão racional individual mais favorável tende a levar cada prisioneiro a delatar o outro, como forma de evitar a punição mais dura. No entanto, essa escolha conduz a um resultado de 5 anos para ambos os prisioneiros, em lugar de um resultado mais favorável.

Dois prisioneiros em uma sela, em texto sobre o dilema do prisioneiro. [imagem_principal]
No dilema do prisioneiro, três opções são oferecidas. A escolha pode afetar os prisioneiros de forma menos ou mais vantajosa.

Entretanto, se os prisioneiros cooperarem um com o outro, preferindo o silêncio, ambos alcançarão o resultado mais favorável, ou seja, a menor pena de prisão.

O dilema do prisioneiro ilustra um processo de conflito entre o interesse individual e o coletivo. Esse processo permite considerar, por exemplo, que na busca por uma maior vantagem, que nesse caso seria a liberdade, a ação individual acaba por levar a um resultado diferente do esperado, isto é, à condenação de ambos a 5 anos de prisão. Desse modo, o problema ilustra que, muitas vezes, a cooperação permite obter resultados mais vantajosos do que a ação individual.

Saiba mais: Qual é o mito de Sísifo e qual a sua explicação filosófica?

Para que serve o dilema do prisioneiro?

O dilema do prisioneiro serve para analisar situações complexas e de conflito entre diferentes grupos ou indivíduos. Bem como outros problemas existentes na teoria dos jogos, pode ser aplicado em um vasto conjunto de situações reais. Por exemplo, no âmbito político, o problema permite compreender como a ação de um Estado-nação específico pode levar a um resultado diferente do esperado ou pode contribuir para a ineficiência dessa ação.

Ainda no contexto político, quando um determinado partido político se engaja na aprovação de determinada lei, sem a cooperação e o diálogo com outros partidos, muitas vezes de diferentes esferas, a legislação proposta pode não ser aprovada, ou seja, é impossível se chegar ao resultado mais vantajoso.

Situação semelhante observa-se também em relações internacionais, quando dois países entram em conflito sobre determinada política e, em vez de cooperarem, acabam atuando no acirramento da questão. Podemos mencionar o conflito comercial entre Estados Unidos e China. Ambos os países queriam manter relações comerciais, mas os Estados Unidos operaram na imposição de tarifas comerciais. Em vez de cooperarem para um equilíbrio nas relações, a tensão se acirrou a ponto de a China também impor tarifas comerciais e limitar a oferta de produtos aos Estados Unidos.

Para além do contexto político-econômico, o dilema do prisioneiro serve também para analisar como diferentes países e indivíduos têm dificuldades, por exemplo, de cooperar para a proteção do meio ambiente. Ao possuírem interesses diversos, esses grupos acabam atuando na defesa do que é mais vantajoso para si, em vez de cooperarem para o resultado mais benéfico para a coletividade.

Fontes

ALMEIDA, Helberte França; CHACHA, Lucas Alves. Dilema do Prisioneiro Iterado e Estratégia Evolucionariamente Estavel: Uma Abordagem Econômica. Revista de Economia, v. 40, n. 1, p. 35-53, 2014.

EPSTEIN, Isaac. O dilema do prisioneiro e a ética. Estudos avançados, v. 9, p. 149-163, 1995.

FIANI, Ronaldo. Teoria dos jogos. São Paulo: Elsevier, 2006.

Escritor do artigo
Escrito por: Matheus Felipe Gomes Dias Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG). Mestre e doutorando em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (ICS/UnB). Tem interesse nas temáticas dos estudos sobre identidade, neoliberalismo, teoria sociológica e metodologias de pesquisa
Deseja fazer uma citação?
DIAS, Matheus Felipe Gomes. "Dilema do prisioneiro"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/filosofia/dilema-do-prisioneiro.htm. Acesso em 10 de setembro de 2025.
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