Religiões no Brasil: quais são, dados, resumo - Brasil Escola

Religiões no Brasil

O Brasil é um país rico em diversidade religiosa. Embora o catolicismo se mantenha como a principal religião, há o crescimento de novas manifestações religiosas.

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As religiões no Brasil são o catolicismo, o protestantismo, as de matriz africana, as indígenas e o espiritismo majoritariamente. Além disso, destacam-se os grupos sem religião, que se formam por tradições ou experiências religiosas próprias, além de acompanharem um processo de maior secularização e ceticismo na sociedade brasileira.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre religiões no Brasil

  • Os principais grupos religiosos no Brasil são os católicos, os evangélicos e as religiões de matriz afro-brasileira, como a umbanda e o candomblé.
  • O grupo “sem religião” ocupa o terceiro segmento “religioso” do Brasil. É formado majoritariamente por homens, com idades entre 20 e 24 anos.
  • Embora o Brasil seja um país laico, grupos religiosos com maior representação social tendem a exercer maior pressão sobre as políticas de Estado.
  • Em 2024, o Brasil registrou um aumento de 80% no número de denúncias de intolerância religiosa. O combate a essas práticas exige um esforço da sociedade, buscando garantir a plena liberdade religiosa.

Quais são as religiões no Brasil?

Altar com oferendas a santos e a orixás, em referência ao sincretismo das religiões no Brasil.
No Brasil, muitas vezes, diferentes manifestações religiosas se misturam e compartilham dos mesmos elementos religiosos.

O Brasil é um país com tradições religiosas de diferentes matrizes. Embora o catolicismo ainda seja a religião que representa a maioria da população, destaca-se que, nos últimos anos, outras manifestações religiosas têm crescido e diversificado o cenário das manifestações da espiritualidade.

Dessa forma, entre os grandes grupos religiosos, estão o catolicismo, o protestantismo, o espiritismo, a umbanda e o candomblé, além de religiões de menor expressão no cenário brasileiro, como o hinduísmo, o islã, e os grupos sem religião.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao Censo Demográfico de 2022, publicado em 2025, a variação entre o percentual de membros dessas religiões se modificou entre 2010 e 2022. O Gráfico 1 apresenta a distribuição desses dados:

Gráfico 1 – Distribuição da população por grandes grupos de religião – 2010/2022

Gráfico sobre distribuição da população por grandes grupos de religiões no Brasil (2010/2022).
Evangélicos têm crescido no Brasil, mas católicos ainda são a maioria.

Os dados do Censo indicam que, em 2010, os católicos representavam 65,1% da população brasileira, sofrendo uma queda para 56,7% em 2022. Concomitantemente, observa-se que os evangélicos, que em 2010 representavam 21,6%, subiram para 26,9% em 2022.

Ao mesmo tempo, o grupo espírita, que correspondia a 2,2% em 2010, sofreu uma queda para 1,8% em 2022. Em relação à umbanda e ao candomblé, evidencia-se um aumento de 0,3% em 2010 para 1% em 2022.

Embora tenha havido uma queda na representação católica no Brasil — o que pode ser justifico pelo crescimento da população de evangélicos —, destaca-se, com base nos dados, que esse fenômeno também contribuiu para o crescimento de novas práticas religiosas, sobretudo as religiões afro-brasileiras e outras manifestações religiosas.

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Mesmo que seja possível considerar uma diminuição expressiva no percentual de católicos no Brasil e um aumento expressivo nas manifestações evangélicas, destaca-se que esse processo tem desacelerado.

Além disso, é importante observar o crescimento de grupos sem religião. Em 2010, esses indivíduos representavam 7,9% da população e em 2022 passaram a corresponder a 9,3%. Embora o crescimento desse grupo não seja um fenômeno novo, uma vez que já foi observado em pesquisas anteriores, destaca-se que esse crescimento confirma uma tendência de recrudescimento da influência religiosa na população brasileira.

Dessa maneira, torna-se importante considerar essa distribuição religiosa por regiões. O Gráfico 2 apresenta a distribuição desses dados.

Gráfico 2 – Distribuição da população por grandes grupos de religião, segundo as grandes regiões – 2022

Gráfico de distribuição da população por grandes grupos de religião no Brasil, segundo as grandes regiões (2022).
O grupo sem religião constitui o terceiro maior grupo social “religioso” no Brasil.

Considerando-se os dados do Gráfico 2, observa-se que o catolicismo é a religião preponderante nas cinco regiões do país, sendo menor na região Norte, representando 50,5% da população. Ao considerar-se outros grupos religiosos, destaca-se que, na mesma região, os evangélicos representam 36,8%. No Centro-Oeste, os evangélicos correspondem a 31,4% da população.

Além disso, verifica-se que, nas regiões Sul e Sudeste, as religiões afro-brasileiras são mais preponderantes, representando respectivamente 1,6% e 1,4%. Em relação aos grupos sem religião, que representam o terceiro maior segmento “religioso” do Brasil, pode-se destacar que a distribuição entre as regiões é relativamente próxima, variando de 2% a 3% entre as cinco regiões. No entanto, a região Sudeste desponta com uma maior presença desse grupo religioso, correspondendo a 10,5%.

Em termos sociodemográficos, as mulheres despontam como o grupo social preponderante nas grandes religiões brasileiras. A Tabela 1 apresenta essa distribuição.

Tabela 1 – Distribuição religiosa por gênero no Brasil – 2022

Tabela sobre distribuição religiosa por gênero no Brasil (2022), em texto sobre religiões no Brasil.
As mulheres despontam como o grupo de gênero majoritário em todas as religiões, exceto nas tradições indígenas.

Desse modo, no catolicismo, as mulheres representam 51% dos membros, contra 49% de homens. Ao mesmo tempo, entre os evangélicos, as mulheres correspondem a 55,4%, frente a 44,6% de homens. Ademais, nas religiões de matriz africana, destaca-se que as mulheres correspondem a 56,7%, enquanto os homens correspondem a 43,3%.

Embora as mulheres sejam a maioria dos membros dos grandes grupos religiosos, esse processo se inverte ao considerar-se as tradições indígenas, em que elas representam 49,1%, enquanto os homens constituem 50,9%. Concomitantemente, entre os grupos sem religião, as mulheres correspondem a 43,8%, enquanto os homens são 56,2% da população. Em termos étnico-raciais, a Tabela 2 apresenta a sua distribuição.

Tabela 2 – Distribuição religiosa no Brasil com base em grupos étnico-raciais – 2022

Tabela sobre distribuição religiosa no Brasil com base em grupos étnico-raciais (2022), em texto sobre religião no Brasil.
Os brancos são maioria nas religiões de matriz afro-brasileira.

Em termos de distribuição étnico-racial, pessoas brancas representam parte expressiva dos católicos, correspondendo a 45,9%; dos espiritas, com 63,8%; e das religiões de matriz africana, com 42,9%. Ao considerar-se outros grupos raciais, tem-se que os pretos são distribuídos, majoritariamente, por três grandes grupos religiosos: 23,2% na umbanda e no candomblé, 12,6% em outras religiosidades, e 12% no protestantismo.

Outro grupo étnico relevante, sobretudo em relação a sua distribuição populacional, são os pardos. Os pardos estão presentes de forma expressiva em todos os grupos religiosos brasileiros, sendo importante destacar o grupo dos evangélicos (49,1%), em que são a maioria dos fiéis. Além disso, é importante considerar a sua prevalência entre os católicos, com 44%; a umbanda e o candomblé, com 33,2%; e as outras religiosidades, com 42,2%.

Diante disso, entre os pretos e pardos, as religiões mais prevalecentes são o catolicismo, o protestantismo e as religiões de matriz africana. Essa distribuição é importante, sobretudo, não apenas porque essas religiões são as que apresentam maior proporção no país, mas também porque apontam para um cenário de maior diversificação das práticas religiosas no Brasil, especialmente em relação às religiões afro-brasileiras.

Concomitantemente, em relação à população branca, pode-se destacar um cenário interessante, isto é, o fato de representar 42,9% dos que professam religiões afro-brasileiras. Esse processo pode ser explicado, preliminarmente, por uma maior popularização dessas práticas religiosas, pelas políticas públicas de desconstrução de estigmas e pela participação dessas religiões nas cidades brasileiras, o que contribuiu não apenas para um crescimento dessas práticas como também para a diversificação no perfil dos fiéis.

Leia mais: Qual é a diferença entre umbanda e candomblé?

Grupos sem religião no Brasil

Conforme o tópico anterior, os grupos sem religião têm crescido no Brasil, principalmente ao se estabelecer uma comparação entre o Censo de 2010 e o de 2022. Os dados indicam que houve um aumento de 1,4% no número de brasileiros de afirmam não ter nenhuma religião. Embora esse aumento possa parecer, num primeiro momento, um fenômeno sem relevância, esse grupo tem crescido no país desde os anos 2000.

Os que não têm religião, mesmo que isso não signifique uma maior integração ao ateísmo, têm crescido, conforme argumenta o estudo de Marcelo Camurça intitulado “Os ‘Sem Religião’ no Brasil”, publicado em 2017. O estudo de refere ao fato de que há um aumento da secularização da sociedade em virtude de um maior individualismo, do descrédito das religiões institucionalizadas e da maior escolarização da população.

Todavia, Marcelo Camurça argumenta que esse grupo também compreende indivíduos que transitam entre diferentes religiões, não tendo uma prática religiosa fixa. Por exemplo, indivíduos que frequentam missas católicas e participam de festas ou rituais afro-brasileiros. Os sem religião, no Brasil, representam 9,3% da população, sendo mais expressivos entre os homens (56,2%), pardos (45,1%) e brancos (39,2%) com idades entre 20 e 24 anos.

Assim, observa-se que os sem religião constituem um grupo heterogêneo, composto não só por pessoas que não mantêm práticas religiosas, como também por indivíduos que professam mais de uma forma religiosa e, em razão disso, não se identificam com uma religião específica.

Esse processo é relevante, pois compreende o surgimento de práticas religiosas específicas que estão alinhadas não apenas com o crescimento de determinadas matrizes religiosas, mas também com o aumento da secularização e do ceticismo religioso na sociedade brasileira.

O Brasil é um Estado laico?

Conforme define a Constituição de 1988, especificamente em seu artigo 5º, incisos VI, VII e VIII, o Brasil se define como um Estado laico, isto é, não tem uma forma ou prática religiosa oficial, e busca estabelecer formas de proteção às manifestações religiosas sem distinção ou preconceito.

Nesse sentido, observa-se que há uma separação entre o Estado e a religião, em que o primeiro atua na promoção da liberdade religiosa e orienta suas ações pelo bem comum. No entanto, sabe-se que religiões com maior participação da sociedade acabam por exercer maior influência nas políticas públicas, na composição política das casas legislativas ou na orientação de ações de Estado.

Esse processo pode ser observado, por exemplo, em casos em que pautas políticas progressistas, e que se contrapõem a visões religiosas, acabam enfrentando maior resistência no Parlamento.

Intolerância religiosa no Brasil

A intolerância religiosa pode ser compreendida como um processo no qual um indivíduo age com violência, preconceito ou injúria contra outras manifestações religiosas, de modo a desqualificá-las, violentá-las ou cercear a sua liberdade de culto. No Brasil, a intolerância religiosa é tida como crime, tipificado pela Lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989.

No entanto, mesmo sendo qualificada como crime, a intolerância religiosa no país é alarmante, pois não apenas impede o exercício da liberdade de culto e de manifestação religiosa, como também contribui significativamente para o fortalecimento de estigmas e de preconceitos associados a determinadas práticas religiosas.

Conforme a pesquisa realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), por meio do canal Disque 100, o país registrou, em 2024, 3853 casos de intolerância religiosa, o que corresponde a um aumento de 80% em relação a 2023, quando foram registrados 2128 casos. Dessa maneira, observa-se que esse aumento no número de casos pode estar relacionado, principalmente, a dois fatores.

O primeiro fator pode ser analisado sob a ótica do crescimento das práticas de intolerância religiosa, associadas ao crescimento e à popularização de religiões não hegemônicas/institucionalizadas, como as de matriz afro-brasileira, as tradições indígenas e as formas exotéricas. Esse processo, por sua vez, ocorre em virtude de preconceitos e estigmas sociais associados a essas religiões e que, muitas vezes, fazem com que as pessoas tenham comportamentos violentos e preconceituosos.

Quanto ao segundo fator, observa-se que o crescimento no número de denúncias pode estar associado a uma mudança na consciência social em relação ao combate dessas práticas, o que pode fazer com que os indivíduos, ao sofrerem tais atos, procurem as instâncias governamentais para a denúncia e a repressão de tais práticas. 

No entanto, o combate à intolerância, sobretudo no Brasil, deve partir de um esforço social coletivo, compreendendo diferentes instituições e ações, de modo que se crie uma consciência social acerca da diversidade religiosa, do respeito aos diferentes e à liberdade religiosa.

Esse processo exige não somente um esforço educativo como também a elaboração de políticas públicas que busquem afirmar essa pluralidade religiosa no Brasil. Se você quiser se profundar no tema, leia nosso texto.

Fontes

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Liberdade de Crença. Gov.br, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2024/janeiro/no-dia-nacional-de-combate-a-intolerancia-religiosa-mdhc-reforca-canal-de-denuncias-e-compromisso-com-promocao-da-liberdade-religiosa. Acesso em: Jul. 2025.

CAMURÇA, Marcelo Ayres. Os “sem religião” no Brasil: juventude, periferia, indiferentismo religioso e trânsito entre religiões institucionalizadas. Estudos de religião, v. 31, n. 3, p. 55-70, 2017.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2022 – Religiões - Resultados preliminares da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2025. Disponível em: https://static.poder360.com.br/2025/06/censo-demografico-IBGE-2022-religioes.pdf. Acesso em: Jul. 2025.

Escritor do artigo
Escrito por: Matheus Felipe Gomes Dias Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG). Mestre e doutorando em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (ICS/UnB). Tem interesse nas temáticas dos estudos sobre identidade, neoliberalismo, teoria sociológica e metodologias de pesquisa
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DIAS, Matheus Felipe Gomes. "Religiões no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/sociologia/religioes-no-brasil.htm. Acesso em 10 de setembro de 2025.
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