Nomenclatura dos sais

A nomenclatura dos sais é realizada por meio de regras estabelecidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada, a Iupac. Ela segue uma metodologia estequiométrica em que basicamente se faz a junção do nome do cátion com o nome do ânion, iniciando-se o nome do sal a partir do ânion. Contudo, regras antigas para nomenclatura dos ânions ainda são muito comuns no cotidiano da Química e, por isso, costumam ser mais utilizadas para a formação do nome dos sais.

Leia também: O que são sais?

Tópicos deste artigo

• 1 - Resumo sobre a nomenclatura dos sais
• 2 - Videoaula sobre a nomenclatura dos sais
• 3 - Como fazer a nomenclatura dos sais?
• 4 - Classificação dos sais
• 5 - Exercícios resolvidos sobre a nomenclatura dos sais

Resumo sobre a nomenclatura dos sais

• A nomenclatura dos sais é feita com base nas regras estabelecidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada, a Iupac.
• Os sais, em geral, seguem uma metodologia estequiométrica para sua nomenclatura, que se baseia na junção do nome do cátion com o nome do ânion.
• Os ânions, entretanto, possuem formas de nomenclatura que foram pensadas antes das regras sistemáticas e, por conta disso, essas formas ainda são muito comuns e mais utilizadas.

Videoaula sobre a nomenclatura dos sais

Como fazer a nomenclatura dos sais?

Embora existam diversos métodos possíveis, o mais utilizado aqui no Brasil é a nomenclatura estequiométrica, que faz a produção do nome do sal por meio da junção do cátion com o ânion, sendo que é o ânion quem inicia o nome oficial do sal.

A Iupac estabelece que os ânions simples (como Cl⁻, N³⁻, S²⁻, F⁻...) devem receber o sufixo “–ETO”. Já os ânions compostos (como SO₄²⁻, NO₃⁻. ClO⁻...) devem receber obedecer a uma nomenclatura sistemática, por meio de regras estabelecidas pela Iupac.

Porém, vale dizer que os ânions compostos adquiriram, ao longo do desenvolvimento da Química, nomes clássicos, os quais são anteriores às regras de nomenclatura sistemática. Por conta disso, nomes tradicionais para ânions compostos ainda são bem difundidos e mais comuns que os nomes sistemáticos, inclusive aqui no Brasil. Por conta disso, vamos nos ater a essa forma de nomenclatura.

A principal reação de obtenção de um sal é por meio da chamada reação de neutralização (ácido reagindo com base). Assim sendo, os ânions, como são provenientes dos ácidos utilizados, acabam adquirindo uma nomenclatura que é consequência da nomenclatura dos ácidos, mais especificamente, o sufixo.

Vejamos alguns exemplos de par ácido/ânion:

• HCl (ácido clorídrico) → Cl⁻ (ânion cloreto)
• H₂SO₄ (ácido sulfúrico) → SO₄²⁻ (ânion sulfato)
• H₃PO₃ (ácido fosforoso) → PO₄³⁻ (ânion fosfito)
• HClO (ácido hipocloroso) → ClO⁻ (ânion hipoclorito)
• HClO₄ (ácido perclórico) → ClO4− (ânion perclorato)

Assim, para a nomenclatura do sal, basta que, posterior ao nome do ânion, seja colocado o nome do cátion. Para os cátions formados a partir de elementos com número de oxidação variável, a referida carga deve ser indicada por meio de um algarismo romano. Vejamos alguns exemplos:

• NaCl → cloreto de sódio
• CaBr₂ → brometo de cálcio
• Al(NO₃)₃ → nitrato de alumínio
• FeCl₃ → cloreto de ferro III
• Cu₂S → sulfeto de cobre I
• NaClO → hipoclorito de sódio

Alguns autores também persistem numa forma de nomenclatura específica para sais formados por cátions de elementos de número de oxidação variável. Partem do pressuposto de uma regra adotada para ácidos, na qual o sufixo “–ICO” é utilizado para a versão mais oxigenada do ácido (logo, de maior número de oxidação para o elemento central) e o sufixo “−OSO” é utilizado para a versão menos oxigenada do ácido (logo, de menor número de oxidação para o elemento central).

Dessa forma, por exemplo, o elemento ferro, pode formar dois cátions: o Fe²⁺ e o Fe³⁺. Nessa ideia, o Fe²⁺ é chamado de “íon ferroso” e o Fe³⁺ é chamado de “íon férrico”. Assim, o FeCl₂ seria o cloreto ferroso e o FeCl₃ seria o cloreto férrico. Isso também pode ser aplicado para outros cátions, vejamos alguns exemplos:

• Cobre (Cu) → Cu⁺ (íon cuproso); Cu²⁺ (íon cúprico)
• Ouro (Au) → Au⁺ (íon auroso); Au³⁺ (íon áurico)
• Chumbo (Pb) → Pb²⁺ (íon plumboso); Pb⁴⁺ (íon plúmbico)

Ácidos poli-hidrogenados (H₂SO₄, H₂CO₃, H₃PO₄...) podem sofrer a chamada neutralização parcial, que dá origem a ânions hidrogenados. Nesse caso, a Iupac recomenda a utilização do prefixo “hidrogeno−“ para distinção. Vejamos alguns exemplos:

• H₂CO₃ (ácido carbônico) → HCO₃⁻ (ânion hidrogenocarbonato)
• H₂SO₄ (ácido sulfúrico) → HSO₄⁻ (ânion hidrogenossulfato)
• H₃PO₄ (ácido fosfórico) → H₂PO₄⁻ (ânion di-hidrogenofosfato)
• H₃PO₄ (ácido fosfórico) → HPO₄²⁻ (ânion hidrogenofosfato)

O ânion hidrogenocarbonato é muito conhecido como ânion bicarbonato. Esse é mais um caso em que um nome histórico suprime um nome sistemático. Dessa forma, podemos chamar o sal NaHCO₃ de hidrogenocarbonato de sódio ou bicarbonato de sódio.

Existem também os sais hidratados, que carregam, na sua estrutura cristalina, ao menos, uma molécula de água. Dessa forma, o número de moléculas de água integradas à estrutura cristalina é representada pelos prefixos mono−, di−, tri−, ..., enquanto a presença de água é indicada pela palavra “hidratado”. Vejamos alguns exemplos:

• CoCl₂∙6H₂O: cloreto de cobalto II hexa-hidratado.
• Na₂SO₄∙10H₂O: sulfato de sódio deca-hidratado.
• NaCH₃COO∙3H₂O: etanoato de sódio tri-hidratado.

Leia também: Regras para a nomenclatura dos hidrocarbonetos

Classificação dos sais

Os sais podem apresentar três sistemas básicos de classificação, os quais são expostos a seguir. Tais classificações não são excludentes, o que quer dizer que um mesmo sal pode estar presente nas três classificações ao mesmo tempo.

1) Quanto à presença de água na estrutura cristalina

Os sais anidros são aqueles que não possuem moléculas de água integradas à sua estrutura cristalina, como é o caso de KCl, NaBr, K₂SO₄, entre outros. Já os sais hidratados são aqueles que possuem moléculas de água integradas à estrutura cristalina, como CoCl₂∙6H₂O ou Na₂SO₄∙10H₂O.

2) Quanto à natureza química

Os sais podem ser de natureza orgânica ou inorgânica. Os sais orgânicos possuem uma cadeia carbônica em sua estrutura, como é o caso do etanoato de sódio (CH3COONa) e do oxalato de cálcio (CaC₂O₄). Já os sais inorgânicos não irão apresentar uma cadeia carbônica em sua constituição, como os sais FeCl₃, NaCl, KBr e CoCl₂∙6H₂O.

3) Quanto ao nível de acidez

Os sais também podem ser divididos em ácidos, neutros ou básicos. Os sais ácidos são aqueles que aumentam a concentração do íon H⁺ em solução, consequência da reação de hidrólise de seu cátion. É o caso de Fe(NO₃)₂ e Al₂(SO₄)₃, por exemplo.

Já os sais básicos são aqueles que aumentam a concentração do íon OH⁻ em solução, consequência da reação de hidrólise do seu ânion. É o caso de K₂CO₃ e CH₃COONa, por exemplo.

Já os sais neutros não interferem nas concentrações dos íons H⁺ e OH⁻, uma vez que seus íons não sofrem reações de hidrólise, como é o caso de NaCl, KBr e Ca(NO₃)₂.

Exercícios resolvidos sobre a nomenclatura dos sais

Questão 1

(Uerj 2025) O mineral apatita, utilizado como matéria-prima na produção de fertilizantes, contém diferentes sais de cálcio, dentre eles o Ca₃(PO₄)₂.

Nesse sal, o ânion presente é denominado:

A) hipofosfato.

B) hipofosfito.

C) fosfito.

D) fosfato.

Resposta: Letra D.

O ânion PO₄³⁻ é oriundo do ácido fosfórico (H₃PO₄). Assim sendo, o sufixo –ICO é convertido em –ATO e, portanto, o nome do ânion é fosfato.

Questão 2

(Etec 2024) Além da Amazônia Verde, o Brasil tem uma área oceânica que totaliza 4,5 milhões de km², denominada de Amazônia Azul. Rica em biodiversidade marinha, a Amazônia Azul se estende de norte a sul, ao longo da costa brasileira.

Na Amazônia Azul, existem depósitos minerais, como petróleo e calcário. O principal componente do calcário é o carbonato de cálcio, um sal formado por átomos de carbono, oxigênio e cálcio.

https://tinyurl.com/3254w5tu. Acesso em: 2016.06.2024. Adaptado.

Assinale a alternativa que apresenta a fórmula do principal componente do sal mencionado no texto.

A) CaO

B) Na₂O

C) CaC₂

D) CaCO₃

E) NaC₂

Resposta: Letra D.

O carbonato de cálcio, além de possuir o íon cálcio (Ca²⁺), tem seu ânion originado a partir do ácido carbônico (ICO → ATO), cuja fórmula é H₂CO₃. Assim sendo, o carbonato de cálcio é o CaCO₃.

Fontes

INTERNATIONAL UNION OF PURE AND APPLIED CHEMISTRY – IUPAC. Nomenclature of Inorganic Chemistry – IUPAC Recommendations. Cambridge, Inglaterra: RSC Publishing, 2005.

DO CANTO, E. L.; LEITE, L. L. C.; CANTO, L. C. Química – na abordagem do cotidiano. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

ATKINS, P.; JONES, L.; LAVERMAN, L. Príncípios de Química: Questionando a vida e o meio ambiente. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018.

FRANCISCO, F. M.; DO CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. 5ª ed. vol. 1. São Paulo: Moderna, 2009.

USBERCO, J.; SPITALERI, P.; SALVADOR, E. Química 1: conecte live. 3ª ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2018.

REIS, M. Química: ensino médio. 2ª ed. vol. 1. São Paulo: Ática, 2016.