Conheça a história da conquista do voto feminino no Brasil

Dia da conquista do voto feminino no Brasil, conheça a história do movimento sufragista

Hoje, o voto feminino completa 92 anos nas eleições brasileiras. Veja as mulheres que protagonizaram esta conquista

Em 24/02/2024 05h00 , atualizado em 25/04/2024 18h35

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São 92 anos de conquista do voto feminino e mais de 100 anos de luta por esse direito
Crédito da Imagem: Wikicommons / TSE
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O voto feminino foi conquistado oficialmente, no Brasil, há 92 anos. Mas, a luta e as reivindicações de participação política das mulheres começaram bem antes.

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Inclusive, as primeiras eleitoras brasileiras votaram em 1928. Em 1910, Leolinda Daltro fundou o primeiro partido feminino brasileiro e ainda na constituição de 1891, já havia uma pressão social pela criação do voto das mulheres. 

O jornal “A família”, desde a proclamação da República, afirmava que sem a participação feminina nas eleições a igualdade prometida pelo sistema republicano jamais seria atingida.

Veja um pouco mais da história do voto das mulheres no Brasil e a configuração política de hoje em dia. 

Tópicos deste artigo

Luta feminina pelo direito ao voto

Os argumentos contrários ao voto das mulheres apareciam na mais diversas formas. Alguns afirmavam que com a participação política delas haveria uma inversão de papéis na sociedade e as “famílias” seriam destruídas. 

Veja essa charge 1927, por exemplo:

Resistência da imprensa: charge de 1917 mostra que o voto feminino faria o homem e a mulher trocarem de papel na sociedade (imagem: O Malho/Biblioteca Nacional Digital)
Fonte: Agência Senado

Outros iam mais longe e diziam que as mulheres não tinham capacidade intelectual para votar e deviam se restringir aos “deveres do lar”. Veja uma das declarações feitas por deputados em 1891, registradas nesta matéria da Agência Senado:

Lauro Sodré, deputado pelo Pará, disse:

É incontestável que, no momento em que nós formos abrir à mulher o campo da política, ela terá necessariamente de ceder diante da superioridade do nosso sexo nesse terreno.

Entretanto, estas posições não intimidaram o movimento das sufragistas. Nos anos subsequentes, a pressão pela criação do voto feminino só cresceu. Vários nomes surgiram nessa trajetória, veja alguns:

  •  Leolinda Daltro: criou o Partido Republicano Feminino. Ela faleceu em 1935 e, antes de morrer, disse:

Estou satisfeita porque vi, antes de morrer, a mulher brasileira acorrer às urnas

O presidente Hermes da Fonseca recebe em 1911 integrantes do Partido Republicano Feminino, associação feminista fundada por Leolinda Daltro (foto: Revista da Semana/Biblioteca Nacional Digital)
Fonte: Agência Senado
  • Carlota Pereira de Queiroz: a única mulher eleita nas eleições de 1933, lutou pela alfabetização e pela Assistência Social. 
  • Antonieta Barros: a primeira mulher negra eleita no Brasil. Foi eleita por Santa Catarina, menos de 50 anos após a abolição. Criou o “Dia do Professor” e lutou pela educação no país.  
  • Bertha Lutz: bióloga feminista que criou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Contribuiu para a criação de políticas nas áreas da educação, trabalho, saúde e ciência.

A conquista do voto feminino veio acontecer em 1932, no governo provisório de Getúlio Vargas. O primeiro país a reconhecer o voto feminino fez isso 40 anos antes do Brasil, foi a Nova Zelândia, em 1893.

Mulheres na política hoje em dia

Atualmente, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro e são um grupo determinante para o resultado das eleições. Elas são cerca de 30% dos candidatos e 15% das pessoas eleitas. 

Nas eleições de 2022, foram mais de 9 mil mulheres candidatas, a maioria delas concorrendo para cargos de deputada estadual. Enquanto as eleitoras são 82.373.164 mulheres.

A participação feminina na política já teve conquistas relevantes, entretanto há muito para se fazer a fim de se conquistar a igualdade plena.

Por Tiago Vechi

Jornalista