A cerimônia da premiação de 683 medalhistas de ouro da OBMEP 2024 acontecerá na próxima segunda-feira, dia 30 de junho. Além do prestígio, estas medalhas são consideradas em processos seletivos de universidades públicas e instituições de ensino como Unicamp, IMPA Tech e USP.
Anualmente, a OBMEP conta com a participação de 18,5 milhões de estudantes do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio e acontece em 99,9% dos municípios brasileiros. Na busca de colher dicas para quem participará este ano e de compreender a trajetória dos medalhistas de ouro, conversamos com Mateus Mundstock e com Cristiane Magrinhos.
Saiba mais sobre a OBMEP 2025.
Ambos serão premiados nesta segunda, Mateus conta com 8 medalhas (sendo 7 de ouro) e Cristiane já ganhou 4 medalhas da OBMEP no total. Atualmente, os dois são alunos do ciclo básico do IMPA Tech. Veja como foi o caminho deles para chegar até aqui e as dicas que eles têm para quem pretende participar da OBMEP.
Tópicos deste artigo
- 1 - Vida antes da OBMEP
- 2 - Primeira participação e medalhas da OBMEP
- 3 - Sonhos para o futuro dos premiados da OBMEP
- 4 - Desafios enfrentados na OBMEP
- 5 - Dicas para quem vai fazer a OBMEP
Vida antes da OBMEP
Cristiane nos conta que, no seu 8º ano do fundamental, era pandemia e ela desejava (no ano seguinte) verificar como o seu nível de aprendizado se comparava com outros alunos do Brasil. Para isso, ela se inscreveu na OBMEP e acabou gostando das provas e de seus respectivos conteúdos.
Além disso, ela participou do PIC que fornece bolsa de estudos para alunos premiados, o que manteve o seu interesse pela participação na OBMEP. Ela também nos conta que, antes de realizar a OBMEP, já gostava de matemática.
Sua escola de formação foi o CAp-UERJ, uma escola de aplicação associada à universidade, Cristiane diz sobre sua trajetória escolar:
"Eles tinham vários projetos por fora, então eu tive alguns professores que faziam projetos de olimpíada. Depois que eu comecei a participar da OBMEP, fizeram projetos de olimpíadas, eles tinham uma didática diferente de matemática ,eles sempre queriam que a gente priorizasse nosso raciocínio lógico ao invés de decorar fórmulas, priorizavam esse desenvolvimento de raciocínio, então, foi muito útil e muito importante para fazer a OBMEP."

Desde o seu 6º ano, Matheus participou da OBMEP. A princípio, sua escola estava inscrita e ele diz ter pensado na época:
"Ah! Vai ser uma prova divertida de matemática"
Logo na primeira experiência, Mateus já ganhou uma medalha de ouro e ficou entusiasmado com a competição. Assim começou o seu interesse pelo que viria se tornar boa parte da sua trajetória na educação básica.
Ele também foi aluno de um colégio de aplicação associado à universidade, no caso, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), o nome da escola é COLUNI. Sobre a diferença que estudar nessa escola fez, ele disse:
"Primeiro que a matemática lá era de um nível muito mais avançado do que em um outra escola pública, ou estadual. Até conversando com alunos de institutos federais aqui no IMPA Tech, vejo que lá aprofundou até mais que em insitutos federais. . Mas também teve dificuldade na matemática principalmente por causa da greve dos professores no 3º anoe por causa do novo ensino médio, que foi aplicado no 2º ano"
Ele diz que lá não foi bom apenas pela matemática, mas pela formação de uma forma geral, as matérias eram bem aprofundadas. Mateus afirma que teve uma formação ampla de qualidade que o ajudou a decidir qual caminho trilhar.
Primeira participação e medalhas da OBMEP
Mateus conta que, antes da prova, ele já era um aluno aplicado e matemática era só mais uma matéria que ele estudava. Depois da OBMEP, veio a se tornar uma de suas preferidas.
Quando questionado sobre a sensação de ser premiado, afirmou:
"Foi algo surreal, sabe? Foi lá em 2017, a primeira vez que vim para o Rio de Janeiro. Foi uma experiência muito nova, a primeira vez que viajei sem meu pai e minha mãe, eu sozinho... Os professores e coordenadores eram meio que babá da gente durante as premiações. Foi algo que me surpreendeu muito, uma experiência muito nova para mim, foi algo fantástico"

Já Cristiane, diz que na sua primeira participação se sentiu nervosa, ainda mais porque havia feito alguns simulados, mas nunca tinha feito outra olimpíada e nem provas de vestibular. Mas que a experiência foi muito boa e gratificante.
A aluna afirma que ser premiada é uma sensação ótima, apesar de sentir um pouco de vergonha para pegar a medalha no palco.
Sonhos para o futuro dos premiados da OBMEP
Os alunos do IMPA Tech fazem um primeiro ano de estudo dentro do ciclo básico e depois podem escolher entre 4 áreas, sendo elas:
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Matemática,
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Ciência de Dados,
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Física e
-
Ciência da Computação
Quando mais nova, Cristiane pensou em fazer direito, biomedicina, entre outras profissões, mas, agora, com sua vivência de OBMEP e sendo aluna do IMPA Tech, ela deseja ingressar na área da computação ou ciência de dados.
Mateus disse que, na época de escola, gostava muito de física, mas com o tempo foi se apegando mais a matemática. Atualmente, continua decidindo se vai seguir no caminho da matemática pura ou se vai para a computação.
Desafios enfrentados na OBMEP
O maior desafio que Cristiane enfrentou durante suas participações na OBMEP foi manter a constância da preparação, mesmo com uma rotina pesada de estudos, todos os sábados ela realizava uma prova OBMEP.
Estude com provas antigas da OBMEP
Já Mateus, afirma que a pandemia foi o maior desafio enfrentado. Neste período, inclusive, ele optou por ficar 2 anos sem escola e a qualidade do seu estudo caiu de rendimento. O seu "pior" resultado na OBMEP foi nesse período, ele ganhou uma medalha de prata.
Dicas para quem vai fazer a OBMEP
Para quem vai começar a trilhar o caminho da OBMEP, Cristiane aconselha:
"Tente manter uma constância, não precisa estudar 5 horas por dia, todo dia, mas é bom, pelo uma vez por semana, duas... Tentar resolver os exercícios, e sempre que sentir dificuldade em um exercício específico, focar bastante em como foi feita a resolução dele, tanto no portal de soluções da OBMEP, quanto por vídeos do YouTube".
O conselho de Mateus foi:
"A melhor forma de estudar, isso é algo que eu fazia muito no sexto e no sétimo ano, é você pegar as provas, imprimir e realmente simular a prova, dá o tempo que você teria para fazer na escola, que se não me engano, são 2 horas e meia, não lembro direito, acho que é 3 horas e meia, e resolve as questões, o máximo que der nesse tempo. Depois, confere o gabarito para ver. Eu acho que simular prova é o melhor jeito que você consegue fazer.
Qualquer medalha que você conseguir ou até mesmo, menção honrosa é possível que você entre no programa de iniciação científica, o PIC júnior. O PIC júnior é uma ótima forma de estudar para a OBMEP, porque muitas vezes, as questões do PIC júnior são as questões da OBMEP. É basicamente um intensivão em matemática. Então, por natureza, vai te ajudar muito na OBMEP. Meus resultados foram ainda mais possíveis porque o PIC júnior me treinou."
Por Tiago Vechi
Jornalista