A poluição marinha é um tipo de poluição hídrica que consiste na degradação da qualidade da água de mares e oceanos. Ela acontece por meio do despejo de materiais sólidos, como objetos de plástico, do lançamento irregular de rejeitos de atividades econômicas ou dejetos urbanos, ou, ainda, pelo vazamento de petróleo e outros combustíveis. A degradação da qualidade dos mares e oceanos acontece também como resultado do aquecimento global e da maior dissolução de dióxido de carbono (CO2), o que resulta no aumento de sua temperatura e na sua acidificação.
Nesse sentido, a ação humana é a principal causadora da poluição marinha. Além disso, sabe-se que 80% de todo o material que polui o oceano, como é o caso do lixo, são provenientes de terra firme. A manutenção desse grave problema ambiental tem ocasionado o desequilíbrio dos ecossistemas marinhos, a contaminação da cadeia alimentar e a diminuição da biodiversidade terrestre. Por causa de elementos como microplásticos e toxinas a poluição marinha tem a capacidade de provocar doenças nos seres humanos, como problemas cardiovasculares e câncer. Solucionar a poluição oceânica depende da ação conjunta entre Estados, agentes econômicos e a sociedade.
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Poluição marinha é um tipo de poluição hídrica caracterizada pela introdução voluntária ou involuntária de diferentes tipos de materiais ou de energia em mares e oceanos. Essa ação acaba ocasionando alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas da água, o que pode causar a sua contaminação e inviabilizar seu uso pelos seres humanos e pelas diferentes formas de vida que fazem dela o seu habitat.
A definição aqui apresentada é utilizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu como uma das metas para o desenvolvimento sustentável a conservação e o uso racional dos oceanos e dos recursos nele presente.
A ação antrópica é a causa primária da poluição marinha. As atividades humanas que são responsáveis por degradar a qualidade da água de mares e oceanos podem acontecer diretamente em praias, em alto-mar ou na faixa costeira. Entretanto, parte significativa da poluição marinha tem origem no interior dos continentes, sendo proveniente de um amplo número de fontes que acabam por se encontrar no curso de rios que deságuam nos oceanos. Nesse caso, a poluição é chamada de difusa. Estima-se que 80% dos poluentes marinhos são provenientes do interior do continente, como é o caso de objetos feitos em plástico.
Muitas dessas causas estão associadas com as atividades econômicas de diferentes setores, desde aqueles que podem parecer distantes do ambiente em questão, como a agropecuária, até aquelas que são desempenhadas no oceano, como o transporte de combustíveis e de mercadorias.
Levando todos esses fatores em consideração, as ações dos seres humanos que causam a poluição marinha são:
Não são somente os materiais físicos e as substâncias tóxicas que afetam a qualidade da água marinha. Existem muitas atividades realizadas em terra firme que acabam por lançar gases poluentes na atmosfera, sobretudo o dióxido de carbono (CO2), que são incorporados aos mares e oceanos, onde se dissolvem e provocam aumento de temperatura e acidificação. A queima de combustíveis fósseis nos centros urbanos, o desmatamento e as queimadas são as principais causas do lançamento de poluentes da atmosfera que geram, também, poluição marinha.
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A poluição marinha é classificada de acordo com o material ou substância que a provocou. No entanto, a degradação dos mares e oceanos não é gerada por uma única fonte. Essa divisão é feita com o objetivo de melhor compreender a origem desse problema ambiental e, assim, buscar soluções que sejam compatíveis.
São tipos de poluição marinha:
A poluição marinha é um problema ambiental que tem origem de diferentes fontes. Algumas ocasionam impactos localizados e que podem ser controladas em médio prazo, enquanto outras, principalmente pelo seu volume e pela recorrência com que são inseridas no ambiente aquático, propagarão os seus efeitos por dezenas de milhares de anos. Esse é o caso do plástico. Confira, a seguir, quais são as principais fontes de poluição marinha:
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Os impactos da poluição marinha afetam a manutenção dos ecossistemas que se desenvolvem em mares e oceanos, interferem no funcionamento de ciclos da natureza e refletem nas formas de vida terrestres por meio de cadeias alimentares. As consequências da poluição hídrica afetam os seres humanos de diferentes maneiras, o que inclui prejuízos econômicos e o surgimento de problemas de saúde diretamente associados com a presença de poluentes nos oceanos.
Abaixo listamos alguns dos impactos da poluição marinha:
A poluição, enquanto um problema ambiental que afeta diferentes recursos naturais, é responsável pela morte de nove milhões de pessoas todos os anos no mundo. A degradação da qualidade das águas dos mares e oceanos, seguida da contaminação da fauna marinha e da introdução de toxinas nas cadeias alimentares, contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde e doenças não transmissíveis nos seres humanos, algumas das quais podem levar à morte. Entenda quais são essas doenças:
As soluções para a poluição marinha dependem da cooperação internacional e da conscientização de agentes econômicos e governantes da importância dos mares e oceanos para o equilíbrio ambiental e para a subsistência do planeta Terra. Diante disso, algumas propostas para diminuir a taxa de poluição das águas e reduzir seus impactos são:
Um dos problemas ambientais enfrentados pelo Brasil é a poluição marinha. Um relatório divulgado pela Oceana, uma organização não governamental (ONG), mostrou que o Brasil despeja 1,3 milhão de toneladas de plásticos no Oceano Atlântico todos os anos. Esse volume representa 8% de toda a poluição marinha por plásticos do mundo, o que coloca o país na oitava colocação dentre os maiores poluidores dos mares e oceanos. A maioria das espécies de animais que foram monitoradas no levantamento apresentou plástico em seu organismo, sendo as tartarugas e as aves costeiras as mais afetadas.
Existem diversas iniciativas de coletivos populares e ONGs para a limpeza das praias e recolhimento de todo os resíduos sólidos que são descartados de forma incorreta em ecossistemas litorâneos. Quando analisamos as iniciativas do Estado, existem dispositivos legais que versam sobre a prevenção do lançamento de lixo no oceano e, também, a prevenção e a fiscalização de poluição causada pelo derramamento de petróleo e outras substâncias nocivas.
Ainda, existe um projeto de lei (PL) em tramitação desde 2013 que visa instituir a Política Nacional para a Gestão Integrada, a Conservação e o Uso Sustentável do Sistema Costeiro-Marinho (PNGCMar). A aprovação da Lei do Mar, que aguarda apreciação do Senado Federal, terá papel crucial no manejo dos ecossistemas litorâneos e no controle dos principais impactos ambientais que são observados na costa brasileira, como é o caso da poluição.
Questão 1
(Etec) A poluição marinha é um problema cada vez mais grave em todo o mundo, à medida que aumenta sistematicamente todos os anos por conta do descarte irregular de diferentes tipos de resíduos e por conta da falta de medidas sustentáveis. No entanto, esse problema pode ser revertido ou, pelo menos, amenizado por meio de medidas mais responsáveis do ponto de vista ambiental.
Assinale a alternativa que apresenta ações as quais indivíduos e empresas deveriam adotar para evitar a poluição marinha.
A) A utilização de microplásticos na produção de artigos de higiene pessoal, roupas e cosméticos, porque essas partículas, lançadas ao mar pelos esgotos, servem de alimentos para os seres vivos marinhos.
B) O descarte do lixo reciclável em locais inadequados, pois isso facilita o retorno da matéria-prima à cadeia produtiva a fim de se transformar no mesmo produto ou em produtos diferentes dos originais.
C) A substituição de copos, talheres, canudos e garrafas descartáveis por produtos reutilizáveis a fim de preservar os ecossistemas durante sua vida útil e também após o descarte.
D) A utilização de sacolinhas plásticas para empacotar as compras no supermercado, pois não prejudicam o meio ambiente e são recicladas para a alimentação da fauna marinha.
E) O estímulo à produção de objetos descartáveis a fim de diminuir o consumo de recursos naturais e de reduzir o volume de lixo no ambiente.
Resolução:
Alternativa C.
A substituição de objetos em plástico e de uso único, como os talheres descartáveis, copos e garrafas, por aqueles produzidos com material biodegradável ou de uso permanente ajuda a evitar a poluição marinha.
Questão 2
(Cesgranrio) Com relação à poluição dos oceanos por atividades relacionadas à indústria do petróleo, analise as afirmações a seguir.
I - Derramamentos de óleo causam danos severos aos ecossistemas costeiros e marinhos, em uma escala sempre regional.
II - A poluição decorrente de vazamentos de navios transportadores é rara e não causa maiores consequências.
III - Em termos do impacto ambiental global, a poluição dos oceanos por derramamento de óleo é mais significativa do que a poluição por esgotos.
IV - A maior frequência dos derramamentos de óleo ocorre nas zonas costeiras, onde tais derramamentos têm maior impacto sobre os recursos da vida marinha.
É correto APENAS o que se afirma em:
A) II.
B) IV.
C) I e III.
D) I, II e III.
E) II, III e IV.
Resolução:
Alternativa B.
Apesar do derramamento de petróleo ser uma ocorrência localizada, seus impactos podem afetar o equilíbrio do ambiente marinho e impactar os ciclos naturais em escala mais ampla (afirmativa I incorreta). Esses vazamentos são significativos quando acontecem tanto em plataformas continentais quando em off shore ou, ainda, em navios transportadores (afirmativa II incorreta). Entretanto, em comparação à poluição por esgotos, os derramamentos apresentam impacto menor por serem menos recorrentes (afirmativa III incorreta).
Notas
|1| NASA. Ocean Warming. NASA, [s.d.]. Disponível em: https://climate.nasa.gov/vital-signs/ocean-warming/?intent=121.
Crédito de imagem
[1] Venturing wild / Shutterstock
Fontes
FERREIRA, Nicola. Poluição oceânica pode levar a problemas intestinais, neurológicos e câncer. VivaBem, 16 jan. 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/16/poluicao-oceanica-pode-levar-a-problemas-intestinais-neurologicos-e-cancer.htm.
HAELLE, Tara. Pela primeira vez, estudos mostram partículas de microplástico associadas a doenças cardíacas. National Geographic, 28 set. 2024. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2024/09/pela-primeira-vez-estudos-mostram-particulas-de-microplastico-associadas-a-doencas-cardiacas.
NATIONAL GEOGRAPHIC. Encyclopedic entry: Marine Pollution. National Geographic, 22 jan. 2024. Disponível em: https://education.nationalgeographic.org/resource/marine-pollution/.
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PIOVESAN, Eduardo; MIRANDA, Tiago. Câmara aprova projeto que cria a Lei do Mar. Agência Câmara de Notícias, 27 mai. 2025. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/1163592-CAMARA-APROVA-PROJETO-QUE-CRIA-A-LEI-DO-MAR.
SINIMBÚ, Fabíola. Brasil lança por ano 1,3 milhão de toneladas de plástico no oceano. Agência Brasil, 17 out. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2024-10/brasil-lanca-por-ano-13-milhao-de-toneladas-de-plastico-no-oceano.
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Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/geografia/poluicao-marinha.htm