O romantismo no Brasil foi um movimento artístico marcado pela busca de uma identidade nacional no período pós-independência. Após um período marcado pelos ideais da razão e do equilíbrio no arcadismo, a literatura brasileira acompanhou as transformações culturais da Europa, adotando os valores subjetivos e emotivos do romantismo, consolidando-se no Brasil a partir da década de 1830.
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O romantismo no Brasil foi um movimento artístico marcado pela busca de uma identidade nacional no período pós-independência.
Entre as principais características do romantismo brasileiro, estão o sentimentalismo, a idealização do amor e dos personagens e a fuga da realidade.
A primeira fase foi marcada pelo tom nacionalista, destacando o indígena como herói nacional e exaltando paisagens brasileiras.
A segunda fase foi marcada pelo tom pessimista, apresentando obras melancólicas e fantasiosas, com forte idealização do amor e da morte.
A terceira fase foi marcada pelo tom político e social, com poesias de denúncia e defesa da abolição da escravatura.
Os principais autores do romantismo no Brasil foram: Gonçalves Dias, José de Alencar, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Luís Gama, Maria Firmina dos Reis, Castro Alves e Narcisa Amália.
O romantismo no Brasil foi um movimento artístico marcado pela busca de uma identidade nacional no período pós-independência. Vindo da Europa, chegou ao país na primeira metade do século XIX, sendo a obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, considerada o marco inicial do romantismo brasileiro. A obra foi publicada em 1836.
O romantismo no Brasil ganhou algumas características próprias, especificamente ligadas ao processo de construção da identidade nacional após a independência do Brasil (em 1822). Nesse contexto, havia a necessidade de criar símbolos que diferenciassem o Brasil de Portugal, identificando-o como uma nação. A literatura funcionou como um instrumento ideológico de fortalecimento brasileiro e de criação de símbolos nacionais.
No Brasil, o romantismo trouxe alguns elementos característicos.
Durante todo o movimento romântico, mas principalmente na primeira fase, as descrições das paisagens buscavam valorizar o território nacional.
Apesar de ser um movimento surgido na Europa, o romantismo no Brasil buscava criar uma literatura genuinamente brasileira de modo a popularizar símbolos representativos das origens da nação.
No romantismo brasileiro, o olhar era voltado para o próprio interior, buscando construir obras de forma subjetiva e pautada pelos sentimentos (em vez da objetividade e do racionalismo característicos do movimento anterior, o arcadismo).
O amor romântico era um tema recorrente no romantismo brasileiro, geralmente sendo um tipo de amor impossível e/ou idealizado. Da mesma forma, muitos personagens eram construídos de forma idealizada, como a mulher amada ou a figura do indígena enquanto representante do país.
Se as obras criavam sentimentos e pessoas idealizadas, então era comum uma narrativa em tom escapista, com idealizações e com visões fantasiosas que fugiam da realidade. Isso era característico do movimento romântico brasileiro, que dava vazão à criatividade e às emoções.
O romantismo no Brasil teve três fases: a nacionalista (ou indianista), a ultrarromântica (ou mal do século) e a condoreira (ou social).
A primeira fase do romantismo no Brasil se caracteriza por uma busca pela construção de uma identidade nacional. Para isso, a figura do indígena é muito valorizada como símbolo do Brasil, sendo idealizado nos romances como herói nacional (porém, sendo romanticamente distorcido, ainda refletindo valores europeus). Além disso, é muito comum nessa fase o enaltecimento das paisagens brasileiras.
Na segunda fase do romantismo no Brasil, tornam-se populares na literatura as obras mais intimistas e escapistas, com forte apelo fantasioso. A busca por um mundo de emoção e sonho também ganha tons sombrios e melancólicos, marcada por narrativas que envolviam temáticas de morte e de amores impossíveis, com mulheres idealizadas e inatingíveis. Ficou conhecida como “mal do século” por ser um período que destacou diversos jovens poetas marcados por doenças e por mortes prematuras (como a tuberculose).
Na terceira fase do romantismo no Brasil, o debate sobre a abolição da escravatura se intensificava, o que refletiu nas obras literárias da época. Com o avanço da urbanização e com o crescimento do movimento abolicionista, a poesia desse período ficou marcada pelo forte tom social e político, denunciando a escravidão. O nome “condoreira” surge desse ideal do poeta como “porta-voz do povo”, que sobrevoa os problemas da sociedade.
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Conheça alguns autores essenciais do romantismo brasileiro:
Gonçalves Dias: um dos primeiros nomes da literatura romântica brasileira, criador de obras que enalteceram a natureza brasileira.
José de Alencar: importante escritor da fase indianista do romantismo brasileiro, consagrou o indígena como herói nacional.
Álvares de Azevedo: um dos principais poetas da segunda fase romântica, com obras lúgubres, fantásticas e mórbidas.
Casimiro de Abreu: outro poeta da segunda fase, marcado pelo lirismo, pelo pessimismo e pelo saudosismo de suas obras.
Luís Gama: importante poeta abolicionista, com poesia marcada por crítica social, por ironia e por defesa da liberdade.
Maria Firmina dos Reis: considerada a primeira romancista mulher no Brasil, escreveu uma obra de viés abolicionista e forte crítica social (Úrsula).
Castro Alves: um dos nomes consagrados da terceira fase romântica, com forte denúncia social em suas poesias, posicionando-se a favor da abolição da escravatura.
Narcisa Amália: outra autora da terceira fase romântica, com poesias marcadas por crítica social com forte olhar para a abolição da escravatura e para a emancipação feminina.
A seguir, algumas obras do romantismo no Brasil:
Primeiros cantos (1846) – Gonçalves Dias
Iracema (1865) – José de Alencar
Lira dos vinte anos (1853) – Álvares de Azevedo
Primaveras (1859) – Casimiro de Abreu
Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859) – Luís Gama
Úrsula (1859) – Maria Firmina dos Reis
O navio negreiro (1869) – Castro Alves
Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
Questão 1
(UEMG) O texto a seguir é um excerto da obra Iracema, do escritor do Romantismo brasileiro José de Alencar.
[...] Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. [...]
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 2004.
Considerando esse excerto da obra e o contexto de toda a narrativa, assim como as características do Romantismo, analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
I. Iracema é uma obra romântica, exercendo, portanto, a função de literatura crítica, denunciando a desumanidade e o apagamento cultural dos nativos implicados no processo de colonização.
II. A representação da natureza no contexto do Romantismo ocorre de maneira idealizada, ressaltando as belezas do Brasil, o que indica a presença de um nacionalismo ufanista na obra.
III. O protagonismo feminino verificado em Iracema visa à representação da mulher como figura emancipada, dona de seu destino, surgindo heroínas independentes do poder masculino.
IV. A linguagem é um aspecto fundamental no Romantismo, de modo que, embora o texto de Iracema seja em prosa, observam-se marcas líricas, com aguçado tom poético, na construção da narrativa.
V. Em Iracema, o colono surge como herói da narrativa, sendo o par romântico da nativa, reforçando o discurso de harmonia entre os colonos e os indígenas.
A) Apenas II e V estão corretas.
B) Apenas II, IV e V estão corretas.
C) Apenas III e V estão incorretas.
D) Apenas I está incorreta.
Resolução:
Alternativa B.
No romantismo brasileiro, há muita idealização e lirismo (portanto, II e IV estão corretas). Além disso, as relações também são idealizadas, especialmente para criar o mito de que o Brasil foi um país formado pela união entre povos de culturas diferentes (portanto, V está correta e I está incorreta). A assertiva III está incorreta, pois Iracema não representa uma mulher independente do poder masculino, nem era essa a visão buscada no romantismo.
Questão 2
(Cespe/Cebraspe)
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar --- sozinho, à noite ---
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permitir Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias. Canção do exílio. Internet: dominiopublico.org.br.
Tendo como referência o poema Canção do exílio, escrito pela poeta Gonçalves Dias e publicado em 1846, julgue o item a seguir.
O poema é representante do nacionalismo literário romântico.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Certo.
O poema “Canção do exílio” marca o forte tom nacionalista da primeira fase do romantismo brasileiro, buscando valorizar a natureza do país e fortalecer a identidade nacional.
Fontes
MOTTA FILHO, C. O romantismo: introdução ao estudo do pensamento nacional. São Paulo: Editora Política, 1932.
PICCHIO, L. S. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/literatura/romantismo-no-brasil.htm