O concretismo no Brasil surgiu em 1952, com a publicação da revista Noigandres. Tal revista, divulgadora da poesia concreta, foi criada pelos três principais autores dessa corrente literária: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. O concretismo apresenta objetividade, racionalidade, antilirismo e antissentimentalismo.
O caráter verbivocovisual é a principal característica da poesia concreta. Portanto, tal poesia alia palavra, som e imagem. O aspecto visual e material da obra é bastante valorizado, de modo que a palavra é disposta de forma não linear e o espaço da folha de papel é considerado.
Leia também: Características do modernismo no Brasil
O concretismo foi um movimento artístico e literário brasileiro da segunda metade do século XX.
O concretismo apresenta caráter universal e objetivo, já que não está comprometido com questões sociais, políticas ou regionais. A literatura concretista valoriza o espaço da página a fim de criar uma poesia visual, sem versos, antilírica e não simbólica. A poesia concreta explora a verbivocovisualidade, isto é, a relação artística entre palavra, som e imagem.
É comum, na arte ou na literatura concreta, a presença de metalinguagem. O Concretismo é antissentimentalista, elíptico, não intimista, experimental, valoriza a racionalidade, o planejamento, a simplicidade e o geometrismo. Coloca em foco a materialidade da palavra, disposta de forma não linear.
Veja, abaixo, o poema “Acaso”, do livro Viva vaia, de Augusto de Campos. Ele é um exemplo de poesia concreta, a qual apresenta caráter verbivocovisual, pois evidencia a palavra “acaso”, o som (provocado pela variada disposição das letras) e a imagem, em que se verifica o geometrismo:
Os principais autores do concretismo brasileiro são:
Precursores do concretismo no Brasil:
Outros autores brasileiros cujas obras apresentam traços do concretismo:
As principais obras do Concretismo no Brasil são:
Também apresentam elementos concretistas:
É importante, também, destacar a revista Noigandres, criada pelos irmãos Campos e por Décio Pignatari, a qual publicou poemas de autores como Ronaldo Azeredo.
O concretismo no Brasil surgiu em 1952. O início desse movimento está relacionado à fundação da revista Noigandres (criada para divulgar a poesia concreta) pelos poetas Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos. A consolidação da estética concretista ocorreu em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo.
O neoconcretismo foi um movimento literário e artístico brasileiro, surgido em 1959 com o Manifesto neoconcreto, escrito pelo poeta Ferreira Gullar (1930-2016). Tal corrente estética valoriza a interatividade, os múltiplos sentidos, a visualidade, o geometrismo, a sensorialidade e a subjetividade. É a interatividade o principal elemento de diferenciação entre o concretismo e o neoconcretismo.
A poesia neoconcreta apresenta dobras e recortes na página, verbo no imperativo — o que leva à interação do(a) leitor(a) — e caráter simbólico. É uma poesia que se opõe à racionalidade e objetividade concretistas, de forma a enaltecer a expressão e a subjetividade. Por fim, é uma arte independente de questões morais, políticas e comerciais.
Criada em 1959, a instalação poética Poema enterrado, de Ferreira Gullar, é o grande destaque da poesia-arte neoconcreta. Esse poema é assim descrito pelo seu autor:
[...] me levou a inventar um poema escrito, palavra a palavra, no verso das páginas e a cortá-las, conforme a necessidade do poema. Nasceu, assim, o livro-poema, que me levou aos poemas espaciais (placa de madeira com um cubo colorido que ocultava uma palavra), que obrigavam o leitor mover as peças do poema.
Pois bem, depois de levá-lo a participar do poema, manuseando-o, usando a mão, decidi levá-lo a usar o corpo — e bolei o Poema enterrado: uma sala no subsolo, a que o leitor descia por uma escada e entrava no poema. Sua invenção foi no final de 1959, quando publiquei, no SDJB, a planta do poema e sua descrição.
FERREIRA GULLAR. Uma experiência-limite. Folha de S. Paulo, São Paulo, 08 nov. 2009.
A poesia concreta brasileira foi inspirada pelo Manifesto da arte concreta, publicado em 1930, pelo holandês Theo van Doesburg (1883-1931). Assim, na década de 1950, a poesia concreta surgiu, concomitantemente, no Brasil, na Suíça e na Suécia. Porém, os poetas brasileiros foram os principais responsáveis por delimitar as bases dessa poesia.
Desse modo, as principais características da poesia concreta foram forjadas em solo brasileiro. E seus principais autores são Décio Pignatari e os irmãos Campos. Essa poesia material, objetificada e antilírica levou as ideias modernistas ao extremo, em completa quebra com a tradição literária, de forma a aproximar o poema da materialidade de um objeto artístico.
Leia também: Poesia marginal — literatura independente que surgiu no Brasil durante a década de 1970
Questão 1
Analise as seguintes afirmações:
I- A poesia concreta brasileira apresenta caráter intimista e lírico.
II- Os versos livres são recorrentes na literatura concretista brasileira.
III- O espaço da página é valorizado pelo poeta concretista brasileiro.
Está correto o que se afirma no(s) enunciado(s):
A) I apenas.
B) II apenas.
C) III apenas.
D) I e II apenas.
E) II e III apenas.
Resolução:
Alternativa C.
A poesia concreta brasileira é antilírica, não intimista e não possui versos. O poeta explora o espaço da página na distribuição de palavras e formas.
Questão 2
Analise o seguinte poema concreto:
CAMPOS, Augusto de. tensão. Disponível em: https://www.augustodecampos.com.br/tensao.html.
O poema de Augusto de Campos apresenta a seguinte característica:
A) A sonoridade é obtida por meio da repetição de sílabas.
B) Os versos simbolizam a tensão política brasileira.
C) As rimas dão ao poema um caráter lírico-musical.
D) As palavras são distribuídas aleatoriamente na página.
E) O aspecto linguístico é relegado a segundo plano.
Resolução:
Alternativa A.
O poema valoriza a sonoridade por meio da repetição das sílabas “som”, “tem” e “bem”. No mais, a poesia concreta é apolítica e não possui rimas, já que não tem versos. As palavras são cuidadosamente distribuídas na página. O caráter linguístico, ou seja, o trabalho com a palavra, é tão importante quanto a sonoridade e o aspecto visual.
Créditos da imagem
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
ASSUNÇÃO, Teodoro Rennó. Os “livros-poema” e os “poemas espaciais” de Ferreira Gullar e os Bichos de Lygia Clark. O Eixo e a Roda, Belo Horizonte, v. 22, n. 2, 2013.
BÔAS, Glaucia Villas. A estética da conversão: o ateliê do Engenho de Dentro e a arte concreta carioca (1946-1951). Tempo Social, São Paulo, v. 20, n. 2, nov. 2008.
CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Plano-piloto para poesia concreta. Noigandres, São Paulo, v. 4, 1958.
CAMPOS, Augusto de. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.
GERHEIM, Fernando. Cruzamentos entre palavra e imagem em três momentos da arte brasileira. ARS, São Paulo, v. 18, n. 39, maio/ ago. 2020.
KHOURI, Omar. Noigandres e Invenção: revistas porta-vozes da Poesia Concreta. FACOM, São Paulo, n. 16, jul./ dez. 2006.
LYGIA CLARK. Manifesto do Neoconcretismo. Disponível em: https://portal.lygiaclark.org.br/acervo/5741/manifesto-do-neo-concretismo.
MARQUES, Cristina. O Concretismo brasileiro e a poesia experimental portuguesa. Diálogos, Maringá, v. 1, n. 1, p. 16-29, 2007.
MENEZES, Philadelpho. Poesia concreta e visual. São Paulo: Ática, 1998.
SALVÁ, Camila; DIEDRICH, Andressa. O Neoconcretismo e a ruptura com a arte tradicional. Disponível em: https://institutoling.org.br/explore/o-neoconcretismo-e-a-ruptura-com-a-arte-tradicional.
SALZSTEIN, Sonia. Construção, desconstrução: o legado do Neoconcretismo. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 90, jul. 2011.
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/literatura/concretismo-no-brasil.htm