Marcos Bagno

Marcos Bagno é um famoso linguista e escritor brasileiro. Bagno é um defensor da diversidade linguística. Sua obra mais famosa é o livro Preconceito linguístico.

Marcos Bagno é um linguista e escritor brasileiro. Ele nasceu em 21 de agosto de 1961, em Cataguases, no estado de Minas Gerais. Mais tarde, fez faculdade de Letras e mestrado em Linguística na Universidade Federal de Pernambuco, além de concluir o doutorado em Filologia pela Universidade de São Paulo.

Professor da Universidade de Brasília, Bagno é autor de livros infantis e juvenis, além de obras de caráter sociolinguístico. Seu livro mais famoso é Preconceito linguístico, no qual o autor evidencia a relação entre língua e política. E mostra que o preconceito linguístico está associado a um preconceito de classe.

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Resumo sobre Marcos Bagno

  • Marcos Bagno é um linguista brasileiro.
  • Ele nasceu em 21 de agosto de 1961.
  • Bagno é professor da Universidade de Brasília e autor de obras literárias e não literárias.
  • Ele defende a diversidade linguística e combate o preconceito linguístico.
  • O escritor mostra que língua e política não estão dissociadas.
  • Seu livro mais conhecido é a obra sociolinguística Preconceito linguístico.

Biografia de Marcos Bagno

  • Nascimento de Marcos Bagno

Marcos Bagno nasceu em 21 de agosto de 1961, em Cataguases, no estado de Minas Gerais. É filho de Aloar Bagno, professor de Português, advogado e sociólogo.

  • Infância de Marcos Bagno

Quando criança, Marcos Bagno, juntamente com sua família, foi morar na Bahia. Já em 1966, se mudou para o Rio de Janeiro, onde começou a estudar. Foi aluno do famoso colégio Pedro II, a partir do quinto ano até concluir o primeiro ano do ensino médio.

  • Juventude e casamento de Marcos Bagno

No final da década de 1970, começou a estudar francês. E concluiu o ensino médio no Centro Educacional Elefante Branco, na cidade de Brasília. Na juventude, além do estudo de línguas, interessou-se também por Sociologia. O professor, linguista e escritor se casou no ano de 1987.

  • Formação e vida profissional de Marcos Bagno

Na Universidade Federal de Pernambuco, o autor se formou em Letras, no ano de 1991, e concluiu mestrado em Linguística, em 1995. Doutor em Filologia e Língua Portuguesa, pela Universidade de São Paulo, Bagno é professor na Universidade de Brasília. Ele tem inúmeros livros publicados, tanto literários quanto não literários. Além disso, também é tradutor.

No ano de 2004, fez parte da coordenação do Programa Nacional do Livro do Ensino Médio (PNLEM). Em 2006, trabalhou na Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Em 2007 e 2009, foi um dos coordenadores do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Veja também: Qual é a diferença entre língua e linguagem?

Características das obras de Marcos Bagno

As obras teóricas ou pedagógicas de Marcos Bagno apresentam perspectiva sociolinguística. Assim, o autor discute elementos gramaticais do português brasileiro, valoriza a diversidade linguística e combate o preconceito linguístico. Portanto, faz reflexões sobre questões linguísticas, políticas e culturais.

As obras literárias do autor fazem parte da literatura infantil e juvenil brasileira. Tais obras valorizam a leitura e o ato de narrar, apresentam questões ambientais e a cultura nordestina, além de elementos fantásticos. Elas mostram elementos da realidade e estimulam a reflexão.

Obras de Marcos Bagno

Crianças em capa do livro Preconceito linguístico, de Marcos Bagno.
Capa do livro Preconceito linguístico, de Marcos Bagno, publicado pela Editora Parábola.[1]

→ Obras não literárias de Marcos Bagno

  • A língua de Eulália: novela sociolinguística (1997).
  • Pesquisa na escola: o que é, como se faz (1998).
  • Machado de Assis para principiantes (1998).
  • Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999).
  • Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão social (2000).
  • O processo da independência do Brasil (2000).
  • Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa (2001).
  • A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira (2003).
  • Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística (2007).
  • Não é errado falar assim! Em defesa do português brasileiro (2009).
  • Gramática: passado, presente e futuro (2010). 
  • Gramática, pra que te quero? Os conhecimentos linguísticos nos livros didáticos de português (2011).
  • Gramática pedagógica do português brasileiro (2012).
  • Gramática de bolso do português brasileiro (2013).
  • Sete erros aos quatro ventos: a variação no ensino de português (2013).
  • Língua, linguagem, linguística (2014).
  • Dicionário crítico de sociolinguística (2017).
  • Objeto língua (2019).

→ Obras literárias de Marcos Bagno

  • A invenção das horas (1988) — contos.
  • O papel roxo da maçã (1989) — infantil.
  • Um céu azul para Clementina (1991) — infantil.
  • Frevo, amor & graviola (1991) — juvenil.
  • Amor, amora (1992) — juvenil.
  • A vingança da cobra (1995) — juvenil.
  • Dia de branco (1995) — juvenil.
  • Miguel, o cravo & a rosa (1995) — infantil.
  • Rua da soledade (1995) — contos.
  • A barca de Zoé (1995) — infantil.
  • Mirabília (1996) — contos.
  • Uma vitória diferente (1997) — juvenil.
  • Unhas de ferro (1997) — juvenil.
  • Minimirim e o planeta que encolheu (2000) — infantil.
  • O espelho dos nomes (2002) — juvenil.
  • Murucututu, a coruja grande da noite (2005) — infantil.
  • As caraminholas de Barrigapé (2009) — infantil.
  • Vaganau (2010) — poesia.
  • Festa no meu jardim (2011) — infantil.
  • O tempo escapou do relógio (2011) — infantil.
  • As memórias de Eugênia (2011) — novela.
  • Conversa de gatos (2012) — infantil.
  • Marcéu (2013) — infantil.

O que Marcos Bagno defende?

O linguista defende a importância das variedades linguísticas e o combate ao preconceito linguístico. Portanto, suas obras principais fazem uma reflexão sociolinguística acerca do português brasileiro. Desse modo, o autor mostra que a língua não está isenta de questões sociais e políticas. E indica que a exclusão social também pode ser feita por meio da língua, por aqueles que consideram a norma-padrão como uma variedade linguística superior, dominada por classes sociais privilegiadas.

Marcos Bagno e o preconceito linguístico

A principal obra de Marcos Bagno é o livro Preconceito linguístico, o qual se tornou uma referência para professores(as) e demais estudiosos(as) da língua portuguesa. O autor mostra que o português brasileiro é plural, já que é resultado da diversidade linguística. E evidencia o fato de que a gramática normativa é usada como instrumento de poder para excluir aqueles que não a dominam.

Nessa perspectiva, língua e política estão relacionadas, de forma que o preconceito linguístico e a desigualdade social não podem ser dissociados, como argumenta o autor, em sua obra Preconceito linguístico:

Se dizer Cráudia, praca, pranta é considerado “errado”, e, por outro lado, dizer frouxo, escravo, branco, praga é considerado “certo”, isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e política — as pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada “feia”, “pobre”, “carente”, quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola.

As variedades linguísticas existem em qualquer idioma. Mas considerar esta ou aquela variedade como superior é uma questão ideológica e não linguística. O linguista, ou seja, o estudioso da língua, enxerga o seu objeto de estudo por uma perspectiva científica: observa e descreve o fenômeno.

Segundo Marcos Bagno, ainda na obra Preconceito linguístico:

Cada um de nós, professor ou não, precisa elevar o grau da própria autoestima linguística: recusar com veemência os velhos argumentos que visem menosprezar o saber linguístico individual de cada um de nós. Temos de nos impor como falantes competentes de nossa língua materna. Parar de acreditar que “brasileiro não sabe português”, que “português é muito difícil”, que os habitantes da zona rural ou das classes sociais mais baixas “falam tudo errado”. Acionar nosso senso crítico toda vez que nos depararmos com um comando paragramatical e saber filtrar as informações realmente úteis, deixando de lado (e denunciando, de preferência) as afirmações preconceituosas, autoritárias e intolerantes.

→ Videoaula sobre preconceito linguístico

Prêmios e homenagens a Marcos Bagno

O escritor e linguista Marcos Bagno foi homenageado com os seguintes prêmios:

  • Cidade do Recife de Poesia (1988).
  • João-de-Barro de Literatura Infantil (1988).
  • Cidade de Belo Horizonte de Literatura Brasileira (1988).
  • Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1988).
  • Estado do Paraná de Contos (1989).
  • Carlos Drummond de Andrade de Poesia (1989).
  • Jabuti (2012).
  • Biblioteca Nacional (2013).
  • Bienal de Brasília do Livro e da Leitura (2014).

Saiba mais: O que são vícios de linguagem?

Frases de Marcos Bagno

A seguir, vamos ler algumas frases de Marcos Bagno, retiradas de uma entrevista concedida durante a IX Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes):

  • “Como todo preconceito, o linguístico é a manifestação, de fato, de um preconceito social, porque o que está em jogo não é a língua que a pessoa fala, mas a própria pessoa como ser social.” 
  • “Uma vez que a língua é parte fundamental da identidade de um indivíduo e de um grupo social, rejeitar a língua é rejeitar a própria pessoa e a comunidade de que ela faz parte.”
  • “Como tudo em sociedade, o que é certo e errado depende de quem utiliza esses rótulos contra o que e contra quem.”
  • “A televisão foi um meio de comunicação muito valorizado pela Ditadura Militar para promover a integração ideológica do Brasil.” 
  • “A língua de quem detém a riqueza é sempre considerada a boa e a bonita, enquanto todo o resto é jogado na lata de lixo do ‘erro’.”

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Editora Parábola (reprodução)

Fontes

ALMEIDA, Isis Maia de. Língua e marginalidade: um breve estudo do preconceito de linguagem. Cadernos do CNLF, Rio de Janeiro, v. 18, n. 12, 2014.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

CNPq. Marcos Araújo Bagno. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/9975840620597737.

LARA, Carlos Eduardo de Oliveira. O preconceito às avessas na linguagem: um estudo da variação linguística. 2010. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.

OLIVEIRA, Meryane Sousa. A questão da história da língua portuguesa na gramática pedagógica do português brasileiro, de Marcos Bagno: um estudo historiográfico. 2017. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências Humanas e Letras, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2017.

UNE. Marcos Bagno: preconceito linguístico no Brasil. Disponível em: https://www.une.org.br/2014/11/marcos-bagno-a-lingua-como-instrumento-de-poder/.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/biografia/marcos-bagno.htm