O darmstádio (Ds) é um elemento químico sintético de número atômico 110 que se encontra no grupo 10 e sétimo período na tabela periódica, pertencendo à série dos metais de transição. Como ele não ocorre naturalmente, é produzido exclusivamente em aceleradores de partículas. Em vista disso, sua instabilidade impede a observação direta de suas propriedades físicas e químicas, fazendo com que a maior parte do que sabemos sobre ele venha de modelos teóricos e previsões baseadas em elementos semelhantes. Não obstante, sua criação representa um avanço significativo na síntese de elementos superpesados, fornecendo informações importantes sobre a natureza e as forças nucleares que governam sua estabilidade.
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Importante: Cabe ressaltar que muitas de suas propriedades não foram determinadas experimentalmente, são, portanto, estimativas baseadas em tendências periódicas. Além disso, muitas ainda são desconhecidas, como, por exemplo: a eletronegatividade, eletroafinidade, energia de ionização, pontos de fusão e ebulição, e raio atômico.
No que tange as características do darmstádio, elas não foram plenamente determinadas devido à sua instabilidade, portanto a maior parte do que se sabe sobre esse elemento é baseada em previsões teóricas, já que seu rápido decaimento impede experimentos prolongados. Por exemplo, prevê-se que ele seja um metal sólido e muito denso à temperatura ambiente, com propriedades semelhantes às dos outros metais de transição do grupo 10, como platina e paládio.
Além disso, ele deve exibir estados de oxidação variáveis, possivelmente +2, +4 e +6, mas devido à sua curta meia-vida, é difícil estudar seu comportamento químico em detalhes.
Tendo em vista a sua natureza sintética, o darmstádio não é encontrado naturalmente na Terra, porque só pode ser produzido em laboratório. Nesse sentido, ele é criado através da colisão de átomos mais leves, geralmente em aceleradores de partículas, onde núcleos de elementos como o chumbo e o níquel são forçados a se fundirem. Ademais, por ser altamente instável, ele se desintegra em frações de segundo, o que impossibilita sua presença em qualquer ambiente natural.
O darmstádio é obtido por meio de reações nucleares em aceleradores de partículas, onde núcleos de elementos mais leves são colididos para formar um núcleo mais pesado e altamente instável. Esse processo resulta na criação temporária desse elemento, que rapidamente se desintegra devido à sua curta meia-vida. Diante disso, para uma melhor compreensão, destacamos a seguir as etapas envolvidas neste processo:
O darmstádio ocorre exclusivamente na forma de isótopos sintéticos, criados em laboratório. Até o momento, foram identificados vários deles, os quais variam em massa de 267 a 284, todos altamente instáveis e com meias-vidas extremamente curtas, sendo os mais estudados o darmstádio-279 e o darmstádio-281, sendo este último o mais estável, apresentando uma meia-vida de aproximadamente 14 segundos.
As aplicações do darmstádio são limitadas devido à sua extrema instabilidade e curta meia-vida. No entanto, ele possui algumas utilizações em contextos científicos:
Assim como a maioria dos elementos superpesados, algumas precauções devem ser tomadas com o darmstádio, devido a sua instabilidade, como:
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O darmstádio foi descoberto em 9 de novembro de 1994 por uma equipe de cientistas liderada por Peter Armbruster e Sigurd Hofmann no Centro de Pesquisa de Íons Pesados (GSI) em Darmstadt, Alemanha.
A descoberta ocorreu durante experimentos que envolviam a colisão de íons de chumbo-208 com níquel-62 em um acelerador de partículas, resultando na criação do primeiro átomo de darmstádio-269. Diante disso, nomeado em homenagem à cidade de Darmstadt, o elemento 110 foi reconhecido oficialmente pela Iupac em 2003.
Desde sua descoberta, ele tem sido objeto de estudo em pesquisas sobre elementos superpesados, mas diante da sua extrema instabilidade, suas aplicações são limitadas ao campo científico.
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Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/quimica/darmstadio-ds.htm