O Dia Mundial do Lúpus é nesta quarta-feira, 10 de maio. A data tem como objetivo compartilhar informações sobre a doença a fim de fomentar o debate da importância do diagnóstico, tratamento e melhora nos serviços de saúde.
O lúpus ou lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória autoimune em que o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do corpo humano.
A condição pode atingir diferentes órgãos e tecidos, tais como a pele, articulações, rins e cérebro.
Desde 2004 são realizadas ações de conscientização sobre a doença no Dia Mundial do Lúpus. A nível internacional a Federação Mundial do Lúpus é a organização que reúne instituições de vários países para fomentar a realização da campanha.
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O lúpus ou lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma "doença crônica de origem autoimune em que o sistema imunológico passa a produzir substâncias e anticorpos que levam à inflamação dos tecidos saudáveis do corpo por engano", explica o médico reumatologista Edgard Reis do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Edgard explica que normalmente o corpo produz anticorpos para garantir a proteção contra infecções causadas por vírus, fungos e bactérias. Em casos de doenças autoimunes, como o lúpus, esses anticorpos atacam algumas células e órgãos do corpo.
As causas do lúpus ainda são desconhecidas, pontua o reumatologista. O que se sabe é que fatores hormonais, genéticos e ambientes estão presentes no desenvolvimento da doença.
Veja no vídeo abaixo a explicação do médico Edgard Reis sobre o diagnóstico da doença:
Pessoas que possuem susceptibilidade genética para desenvolver o lúpus podem diante de exposição a fatores ambientais como a radiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos, apresentar alterações imunológicas.
De acordo com Edgard, quando o sistema imunológico passa a atuar de forma desregulada ocorre a chamada "imunodesrregulação, em que há a produção de anticorpos contra estruturas e células do próprio corpo" causando inflamação destes locais.
É uma doença que apresenta ciclos de piora, conhecidos como "atividade da doença", bem como períodos de melhora, chamados de "remissão". A condição pode atingir diversos órgãos e tecidos do corpo, tais como: pele, articulações, rins, pulmões, coração, células do sangue, cérebro e outros, lista Edgard.
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O lúpus é mais comum em mulheres, provavelmente, diante da ação do estrogênio, hormônio feminino que apresenta maiores níveis no período entre a primeira menstruação e a menopausa, explica Edgard Reis.
É importante ressaltar que o estrogênio por si só não é suficiente para causar lúpus. A doença, lembra Reis, pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais.
Confira algumas informações destacadas pelo reumatologista Edgard sobre as faixas etárias e gênero relacionadas ao lúpus:
Mais comum em mulheres (15 a 45 anos). Neste caso, a proporção é de 9 a 14 mulheres para cada um homem, representando 70% dos casos.
Mais raro antes dos 16 anos, condição que é chamada de lúpus de início juvenil (20% dos casos), na proporção de 3 mulheres para cada homem.
Após os 50 anos é chamado de lúpus de início tardio (3 a 20% dos casos), ocorre de 3 a 8 mulheres para cada homem.
"Não há uma prevenção específica para o surgimento do lúpus", enfatiza Edgard.
É fundamental a manutenção de hábitos saudáveis aliada ao acompanhamento com o reumatologista para garantir o controle adequado do lúpus, já que o mesmo é uma doença crônica.
Os sintomas do lúpus podem mudar de acordo com as partes do corpo que estão sendo atingidas pela doença.
Saiba os sintomas do lúpus, segundo o Ministério da Saúde:
Fadiga;
Febre;
Dor nas articulações;
Rigidez muscular e inchaços;
Rash cutâneo - vermelhidão na face em forma de "borboleta" sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado;
Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol;
Dificuldade para respirar;
Dor no peito ao inspirar profundamente;
Sensibilidade à luz do sol;
Dor de cabeça,confusão mental e perda de memória;
Linfonodos aumentados;
Queda de cabelo;
Feridas na boca;
Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
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Confira quais são os tipos de lúpus, segundo o Ministério da Saúde:
O tratamento do lúpus se inicia a partir de uma "boa informação do paciente sobre a doença já que isso o torna protagonista e ator principal durante a jornada do tratamento", afirma Edgard.
"Entender sobre a doença, fazer o uso correto das medicações e realizar consultas médicas periódicas esclarecendo as suas dúvidas sobre a doença são muito importantes para que tudo corra bem. Também é muito importante estimular hábitos de vida saudáveis, como a prática de exercício físico, dieta adequada, evitar o tabagismo e o tratamento de outras doenças que podem estar presentes (hipertensão, diabetes, alterações no colesterol, tiroide etc.), assim como carteira de vacinação atualizada de acordo com orientação médica."
Edgard Reis - Médico reumatologista
É importante que durante o tratamento o paciente evite exposição à luz solar e radiação ultravioleta sem a proteção adequada. "Os raios solares do tipo UVA e UVB podem causar atividade do lúpus, não apenas na pele e em outros órgãos. O uso de protetor solar é um grande aliado no tratamento da doença e deve ser aplicado em áreas expostas ao sol.", explica Edgard.
A prescrição das medicações deve ser sempre feita por um médico especialista. A escolha e a dose dos imunossupressores e demais medicamentos utilizados é realizada de acordo com o grau de gravidade da doença, disponibilidade do medicamento e preferência do paciente.
As pessoas que convivem com o lúpus devem tomar alguns cuidados com a saúde além de seguir o tratamento:
Evitar exposição à luz solar e radiação ultravioleta sem a proteção adequada;
Manter uma alimentação saudável e peso corporal adequado;
Realizar regularmente práticas de exercícios físicos.
Manter acompanhamento médico de forma periódica, sempre seguindo as orientações e exames solicitados.
Quanto à proteção solar para as pessoas com lúpus, Edgard faz algumas recomendações:
Uso regular do protetor solar, especialmente entre 9h e 16h;
Utilizar protetor solar fator 30, no mínimo, com reaplicação frequente, ideal a cada 2 a 3 horas;
Uso de roupas apropriadas para a proteção solar, mesmo em dias nublados;
Dar atenção à proteção das partes do corpo que são mais expostas: rosto, pescoço, braços e pernas.
Por Lucas Afonso
Jornalista
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/noticias/dia-mundial-do-lupus-aspectos-da-doenca/3129060.html