Conflitos na Faixa de Gaza

Os conflitos na Faixa de Gaza persistem há décadas, mas sofreram uma escalada muito forte nos últimos anos e evoluíram para uma guerra travada entre Israel e Hamas desde 2023.

Os conflitos na Faixa de Gaza são os confrontos e as guerras que acontecem nessa parte do território da Palestina desde antes da sua delimitação, feita pela ONU em 1947 em conjunto com a criação do Estado de Israel.

Considerando um período mais recente, os conflitos na Faixa de Gaza escalaram a partir de 2007 com a chegada do grupo nacionalista Hamas ao poder e o bloqueio econômico imposto por Israel. No ano de 2023, iniciou-se a guerra que está em curso até o presente, tendo como consequência a destruição da maior parte da Faixa de Gaza, o deslocamento de mais de 1,9 milhão de árabes palestinos e a morte de mais de 60 mil palestinos na Faixa de Gaza.

Leia também: Onde fica a Palestina?

Resumo sobre os conflitos na Faixa de Gaza

  • Os conflitos na Faixa de Gaza são guerras e confrontos entre os árabes palestinos e os israelenses pelos territórios da Palestina.

  • São motivados por questões territoriais, principalmente, mas também étnicas e religiosas. A origem desses conflitos remonta ao final do século XIX, com o surgimento do sionismo.

  • De acordo com a resolução 181 da ONU, datada de 1947 e em vigor desde 1948, a Faixa de Gaza pertence à Palestina, território que foi designado aos árabes.

  • Os conflitos atuais na Faixa de Gaza são explicados por, entre outros fatores, a chegada do Hamas ao poder e o bloqueio econômico imposto por Israel.

  • As disputas escalaram para uma guerra em 2023, com um ataque surpresa promovido pelo Hamas no território de Israel, causando milhares de mortes e fazendo centenas de reféns.

  • Israel retaliou o ataque com uma série de bombardeios ao território da Faixa de Gaza, além de incursões por terra que visam ampliar a presença israelense na região.

  • Cidades foram destruídas e a maior parcela dos palestinos da Faixa de Gaza foi forçada a se deslocar para outras partes do território em busca de segurança.

  • A limitação e o eventual bloqueio de ajuda humanitária ao território de Gaza acentuou problemas como a insegurança alimentar e a fome.

  • O número de mortes na Faixa de Gaza supera 60 mil, com centenas de milhares de feridos.

O que são os conflitos na Faixa de Gaza?

Destroços da guerra na Faixa de Gaza. [imagem_principal]
A atual fase dos conflitos na Faixa de Gaza é marcada pela destruição de cidades e pelos registros de mortes.[1]

Os conflitos na Faixa de Gaza são as guerras e os confrontos travados entre árabes e israelenses no contexto histórico e político da Questão Palestina. Tais disputas se concentram no território que é denominado Faixa de Gaza. Essa é uma área de 365 km2 que fica localizada a oeste de Israel, com saída para o Mar Mediterrâneo.

Gaza integra um conjunto de regiões que são reivindicadas há centenas de anos por ambos os povos, sendo, por isso, marcada pela alta instabilidade política e pela ocorrência de sucessivos embates com Israel, o que resulta na instalação de crises humanitárias, como a que se instalou recentemente.

Qual o motivo do conflito na Faixa de Gaza?

O motivo do conflito na Faixa de Gaza é a reivindicação territorial da Palestina, incluindo a Cisjordânia, tanto pela população árabe quanto pela população israelense. Quando analisamos individualmente cada um dos embates que aconteceram em Gaza, eles apresentam motivações distintas que levaram a uma escala de tensões na região e culminaram em guerras como a que se desenrola atualmente. No entanto, o que está por trás de cada uma dessas ocorrências são questões de natureza política, notoriamente territoriais, étnicas e também religiosas, que se manifestam naquela parte do Oriente Médio desde o final do século XIX, conforme abordaremos adiante.

Consideremos, então, o atual conflito na Faixa de Gaza. A sua origem remonta ao ano de 2007, quando o grupo nacionalista e extremista Hamas foi eleito pela população para governar especificamente aquela região da Palestina. O Hamas, formado na década de 1980, atua de maneira incisiva contra o Estado de Israel e a favor da criação de um Estado palestino, contando com inúmeras ações de cunho militar executadas pelo seu braço armado. Para além das suas ações políticas e sociais voltadas para a população palestina, a maneira como o Hamas age com relação ao território israelense fez com que o grupo fosse classificado como terrorista por muitos países e organizações internacionais, incluindo Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Uma vez que o Hamas chegou ao poder na Faixa de Gaza, houve a reação de Israel por meio de um bloqueio econômico que limitou a importação de bens e, sobretudo, diminuiu drasticamente o volume de alimentos que entram em Gaza. Há inúmeros relatos desde então que denunciam a falta de acesso da população palestina à comida, à água e à eletricidade, o que acentuou a crise humanitária na Faixa de Gaza e agravou quadros como o da insegurança alimentar e da fome. Nesse ínterim, o Hamas desferiu ataques contra Israel, que retaliou. Essa é a realidade da Faixa de Gaza desde então, apesar de inúmeras tentativas de cessar-fogo.

Portanto, ainda que motivados por um contexto histórico mais abrangente, os conflitos na Faixa de Gaza também apresentam causas recentes que estão relacionadas com a atuação do Hamas no território da Palestina e o maior desgaste das relações com Israel após o grupo paramilitar ter assumido o poder na Faixa de Gaza.

Para saber mais sobre o confronto entre Israel e Hamas, leia: Guerra entre Israel e Hamas.

A quem pertence a Faixa de Gaza?

A Faixa de Gaza é uma área pertencente ao território da Palestina, que é governada pela Autoridade Nacional da Palestina (ANP). A atribuição da Faixa de Gaza aos povos árabes palestinos, juntamente da Cisjordânia, foi feita pela ONU por meio da Resolução 181, que data de 29 de novembro de 1947 e entrou em vigor no ano seguinte, em 1948. Essa foi a mesma decisão que criou o Estado de Israel.

  • Mapa da Faixa de Gaza

Mapa da Faixa de Gaza.
A Faixa de Gaza fica a sudoeste de Israel, onde é banhada pelo Mar Mediterrâneo.

Conflitos na Faixa de Gaza na atualidade

A Faixa de Gaza vivencia um dos conflitos de maior magnitude já registrados na região. As tensões entre Israel e o grupo Hamas vinham passando por momentos de escalada e de trégua desde o bloqueio que aconteceu em 2007, com algumas tentativas de cessar-fogo. Entretanto, as disputas entraram em uma nova fase no dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas deflagrou a invasão do sul de Israel, fazendo 251 pessoas reféns e causando a morte de outras 1.200.|1| Uma das justificativas utilizadas pelo Hamas para as ações realizadas foram as consequências do bloqueio econômico imposto previamente e a ocupação promovida por Israel em áreas tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia.

Um dia após o ataque do Hamas, Israel declarou guerra e prometeu uma resposta de grandes proporções. O país lançou uma série de ataques contra alvos na Faixa de Gaza, alegando inicialmente serem áreas estratégicas utilizadas por membros do Hamas. Durante todo o ano de 2024, uma sucessão de bombardeios e de incursões por terra foi efetuada pelos israelenses no território de Gaza, forçando a evacuação de áreas e o deslocamento da população palestina. Estima-se que 1,9 milhão de palestinos vivem, hoje, como refugiados dentro da Faixa de Gaza.

As ações de Israel foram apoiadas principalmente por países ocidentais, tendo à frente os Estados Unidos, que, até hoje, mantêm a sua posição. Os palestinos, por sua vez, receberam o suporte de países árabes, alguns dos quais sofreram e retaliaram ataques israelenses, como foi com o Líbano e com o Irã.

Israel tem sido acusado de uma série de crimes de guerra, incluindo genocídio, e violações de direitos humanos contra a população da Faixa de Gaza. Milhares de casas ficaram destruídas, e instalações como hospitais em funcionamento foram alvos de ataques no território palestino.

De acordo com a Ministra das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, cerca de 80% de Gaza está destruída. Além disso, desde que a guerra foi anunciada, houve episódios de bloqueio da entrada de ajuda humanitária com alimentos, medicamentos e água na Faixa de Gaza.

Pessoas esperando por comida na Faixa de Gaza
A insegurança alimentar e a fome são problemas que têm se acentuado na Faixa de Gaza.[2]

No início de 2025, 61.709 palestinos de Gaza haviam sido mortos no conflito, e pelo menos 111.588 deixados feridos, segundo dados da Autoridade Palestina. Entre os mortos no território palestino, 17.492 eram crianças. Em Israel, o número de mortes era de 1.139 e 8.730 feridos, conforme dados para fevereiro de 2025. O conflito continua mesmo sob os apelos da comunidade internacional, além de autoridades internacionais que passaram a falar em uma destruição sistemática do sistema de saúde da Palestina e, também, da Cidade de Gaza.

Leia também: O que pode ser considerado um crime contra a humanidade?

Origem dos conflitos na Faixa de Gaza

Os conflitos na Faixa de Gaza tiveram origem no século XIX, que foi quando surgiu o movimento sionista. Nascido na Europa, o sionismo defende a criação de um Estado nacional judeu na região da Palestina, que corresponde, hoje, à área ocupada pelos territórios de Israel, da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Era nela que os judeus viviam antes da diáspora que se iniciou na Antiguidade, e seria ali o local de fundação do seu Estado nacional. Note que a área era chamada de Palestina quando ainda era ocupada por povos como hebreus, filisteus e cananeus, que viveram naquela região há milhares de anos.

Com a difusão dos ideais sionistas, um intenso fluxo migratório de judeus seguiu em direção à Palestina, que estava integrada ao Império Otomano. Durante a Segunda Guerra Mundial, a migração de judeus para a região se tornou ainda maior, dada a perseguição que estavam sofrendo pelo regime nazista no continente europeu. Diante das disputas que começaram a se desenhar entre palestinos e judeus, a ONU propôs a divisão das terras em dois territórios: o Estado de Israel, destinado aos judeus, e a Palestina, destinada aos árabes. A proposta foi formalizada no ano de 1948, com a partilha tendo sido estabelecida da seguinte maneira:

  • 45,4% das terras correspondiam à Palestina;

  • 53,5% a Israel.

Houve um forte desacordo da população árabe, que era mais numerosa, com essa divisão que destinava mais da metade da área ao Estado de Israel. Desde então, as disputas se intensificaram, culminando em um quadro de guerra e destruição que observamos atualmente.

Exercícios sobre os conflitos na Faixa de Gaza

Questão 1

(Ameosc) O conflito iniciado em outubro de 2023 entre Israel e o Hamas levou a população da Faixa de Gaza a enfrentar uma grave crise humanitária, tendo com um dos principais impactos:

a) Destruição de infraestrutura, escassez de alimentos e medicamentos, e elevado número de vítimas civis.

b) Estabilização política e econômica, com redução das tensões regionais.

c) Fortalecimento das instituições locais e aumento da assistência internacional.

d) Aumento da produção agrícola e melhoria das condições de saúde.

Resposta: Alternativa A. A população da Faixa de Gaza vive uma situação de escassez de alimentos e de remédios, que aumentou a insegurança alimentar na região, além de ter parte do seu território destruído e dezenas de milhares de vítimas, incluindo crianças.

Questão 2

(IDCAP) “A maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados das suas casas, segundo as Nações Unidas, enquanto a sua estreita faixa de terra foi em grande parte reduzida a um deserto de escombros.

‘Estamos exaustos. Esta é a décima vez que eu e minha família tivemos que deixar nosso abrigo’, disse Zaki Mohammad, 28 anos, que mora no conjunto habitacional Hamad, no oeste de Khan Younis, onde vivem os ocupantes de dois edifícios de vários andares.”

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/israel-emite-nova-ordem-para-evacuacao-de-gaza-apos-ataque-em-escola-matar-dezenas/

A crise no Oriente Médio retratada no texto tem suas raízes históricas na:

a) criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra.

b) atuação do Hezbollah na Faixa de Gaza.

c) expansão do fundamentalismo islâmico do Irã.

d) intervenção dos Estados Unidos na região.

Resposta: Alternativa A. A criação do Estado de Israel, datada de 1948, se encontra nas raízes dos conflitos territoriais que acontecem no Oriente Médio, mais precisamente entre na Faixa de Gaza. A mesma decisão da ONU de 1947 delimitou a Palestina.

Créditos da imagem

[1] Anas-Mohammed / Shutterstock

[2] Anas-Mohammed / Shutterstock

Notas

|1| REDAÇÃO G1. Conflito em Gaza deixou 48 mil mortos em pouco mais de 1 ano, segundo Hamas; veja cronologia. G1, 19 jan. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/01/19/conflito-entre-israel-e-hamas-deixou-mais-de-48-mil-mortos-em-pouco-mais-de-um-ano-veja-cronologia.ghtml.

Fontes:

FREIRE, Tâmara. Israel declara estado de guerra após ataque do Hamas. Rádio Agência, 07 out. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/internacional/audio/2023-10/israel-declara-estado-de-guerra-apos-ataque-do-hamas

HUMAN RIGHTS WATCH. Israel e Palestina. Human Rights Watch, [2024]. Disponível em: https://www.hrw.org/pt/world-report/2025/country-chapters/israel-and-palestine.

KREVER, Mick; NASSER, Irene. Organização de direitos humanos acusa Israel de cometer crime de guerra em Gaza. CNN Brasil, 14 nov. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/organizacao-de-direitos-humanos-acusa-israel-de-cometer-crime-de-guerra-em-gaza/.

LABOISSIÈRE, Paula. ONU acusa Israel de crimes contra a humanidade e alerta para genocídio. Agência Brasil, 19 out. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-10/onu-acusa-israel-de-crimes-contra-humanidade-e-alerta-para-genocidio.

LUKIV, Jaroslav. France will recognise Palestinian state, Macron says. BBC, 25 jul. 2025. Disponível em: https://www.bbc.com/news/articles/ckg5g4p3245o.

REDAÇÃO. Deaths from Israel’s attacks on Gaza close to 62,000 as missing added. Al Jazeera, 03 fev. 2025. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2025/2/3/gaza-death-toll-rises-close-to-62000-as-missing-added

REDAÇÃO. Canadá sinaliza que vai reconhecer Estado Palestino; e Trump insinua que decisão afeta negociações do tarifaço. G1, 31 jul. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/07/31/canada-estado-palestino-trump-negociacoes-tarifaco.ghtml.

REDAÇÃO. Israel and the Palestinians: History of the conflict explained. BBC, 08 ago. 2025. Disponível em: https://www.bbc.com/news/articles/ckgr71z0jp4o.

REDAÇÃO. ONU reconhece oficialmente fome em Gaza e acusa Israel de crime de guerra. Brasil de Fato, 22 ago. 2025. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2025/08/22/onu-reconhece-oficialmente-fome-em-gaza-e-acusa-israel-de-crime-de-guerra/.

REUTERS. Mortes em Gaza passam dos 62 mil, diz autoridade palestina. CNN Brasil, 25 ago. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/mortes-em-gaza-passam-dos-62-mil-diz-autoridade-palestina/.

UN. Amid ongoing Israeli attacks, ‘the systematic destruction of Gaza City is already underway’: UN rights office. UN News, 20 ago. 2025. Disponível em: https://news.un.org/en/story/2025/08/1165690.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/geografia/o-conflito-na-palestina-faixa-gaza-1990-aos-dias-atuais.htm