Ortografia

Ortografia é a área da gramática que indica o modo correto de escrever as palavras. Ela pode ser regular (fruto de uma regra) ou irregular (de origem etimológica).

Ortografia é como chamamos o segmento da gramática que determina a forma correta de escrever as palavras. Ela pode ser regular (relacionada a uma regra) ou irregular (de origem etimológica ou consagrada pelo uso). Assim, “enxada”, por exemplo, possui uma ortografia regular; já “algema”, irregular.

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Resumo sobre ortografia

  • A parte da gramática que estuda a forma correta de escrever as palavras é a ortografia.

  • É comum errar na escrita de termos que possuem letras com sons iguais, como “g” e “j”.

  • Parônimas são palavras que apresentam pronúncia e escrita semelhantes, mas significados diferentes.

  • Homônimas são palavras que apresentam pronúncia e/ou escrita iguais, mas significados diferentes.

  • A ortografia pode ser regular (resultado de regras) ou irregular (de origem etimológica).

O que é ortografia?

A ortografia é a parte da gramática que apresenta as regras para a escrita correta das palavras.

Exemplos de regras de ortografia

Regras de uso de “ç”, “s” e “ss”

 

Quando usar

Exemplos

ç

Em substantivos derivados de verbos finalizados em “-ter”.

deter — detenção

s

Em substantivos derivados de verbos que apresentam o fragmento “-nd-”.

escandir — escansão

ss

Em substantivos derivados de verbos que apresentam o fragmento “ced-”.

suceder — sucessão

Regras de uso da letra “e”

A letra “e” é utilizada na sílaba final de verbos terminados em “-oar” e “-uar”, quando conjugados na primeira, segunda e terceira pessoas do singular do presente do subjuntivo (por exemplo: caçoe, caçoes) e na terceira pessoa do singular do imperativo (por exemplo: continue).

Regras de uso da letra “g”

  • Em substantivos terminados em “-agem”, “-igem” e “-ugem”. Exemplos: rolagem, vertigem, penugem etc. (Com exceção de “pajem” e “lambujem”)

  • Em palavras terminadas em “-ágio”, “-égio”, “-ígio”, “-ógio” e “-úgio”. Exemplos: pedágio, colégio, vestígio, relógio, refúgio etc.

  • Após o “a-” inicial de palavras como “agenda”, “agilizar” etc. (Com exceção de “ajeitar” e derivados)

  • Em termos derivados de outros que são escritos com “g”. Exemplos: vertiginoso, litigioso etc.

Regras de uso da letra “i”

A letra “i” é utilizada na última sílaba de formas dos verbos terminados em “-uir”. Exemplos: destituis, destituí etc.

Regras de uso da letra “h”

  • No início de alguns termos por razões etimológicas. Exemplos: haver, Helena, horóscopo etc.

  • No final de interjeições. Exemplo: Ah!

  • No termo “Bahia” (referente ao estado brasileiro).

  • Nos dígrafos “ch”, “lh” e “nh”. Exemplos: chá, telha, vinho etc.

Regras de uso da letra “j”

  • Em vocábulos derivados de outros escritos com “j” ou acabados em “-ja”. Exemplos: igrejinha, de igreja; jeitoso, de jeito etc.

  • Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplos: jiló, jenipapo etc.

Regras de uso das letras “k”, “w” e “y”

Essas letras são usadas em abreviaturas, símbolos e palavras de origem estrangeira. Exemplos: km (quilômetro), K (potássio), w (watt), W (tungstênio), Y (ítrio), byroniano, kamikaze, newtoniano etc.

Regras de uso de “rr” e “ss”

São dígrafos, com som de “r” e “s”, respectivamente, utilizados entre vogais. Exemplos: agressivo, amarrotar etc.

Regras de uso da letra “s” com som de “z”

  • Em adjetivos com os sufixos “-osa” ou “-oso”. Exemplos: gostoso, famosa etc.

  • Em adjetivos e substantivos terminados em “-ês” ou “-esa”. Exemplos: dinamarquês, dinamarquesa etc.

  • Em substantivos formados com os sufixos gregos “-ese”, “-isa” ou “-ose”. Exemplos: metamorfose, hipótese, poetisa etc.

  • Em algumas formas dos verbos “pôr” e “querer”. Exemplos: pusemos, quisemos etc.

  • Depois de um ditongo. Exemplos: lousa, maisena etc.

Regras de uso da letra “x”

  • Após ditongo. Exemplos: feixe, trouxa etc. (Com exceção de “recauchutar” e derivados)

  • Depois da sílaba inicial “en-”. Exemplos: enxada, enxugar etc. (Com exceção de “encharcar”, “encher” e derivados)

  • Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplos: xangô, abacaxi etc.

  • Depois da sílaba inicial “me-”. Exemplos: mexerico, mexilhão etc. (Com exceção de “mecha”)

  • Em palavras inglesas aportuguesadas, inicialmente escritas com “sh”. Exemplos: xavante, xampu etc.

Regras de uso da letra “z”

  • No sufixo “-izar”. Exemplos: amortizar, deslizar etc.

  • Em substantivo abstrato terminado em “-eza” Exemplos: estranheza, gentileza etc.

  • Em substantivo abstrato feminino formado com o sufixo “-ez”. Exemplos: morbidez, pequenez etc.

Verbos terminados em “-isar” e “-izar”

Usamos “-isar” em verbos relacionados a um substantivo que possui “s” na última sílaba, por exemplo: catálise + ar = catalisar; do contrário, utilizamos “-izar” (suave + izar = suavizar).

Uso das vogais nasais “ã”, “ãs”, “im”, “ins”, “om”, “nos”, “um”, “uns”

No final de palavras. Exemplos: alemã, alemãs, cupim, cupins, marrom, marrons, comum, comuns etc.

Veja também: Como evitar os erros mais comuns de português

Alguns erros ortográficos comuns

Trocar “x” por “ch

e vice-versa

ERRADO

CERTO

Ele puchou a tomada, e o computador apagou.

Ele puxou a tomada, e o computador apagou.

Peguei o caxecol, e fomos ao restaurante.

Peguei o cachecol, e fomos ao restaurante.

Trocar “g” por “j

e vice-versa

Júlia disse que a jente é confiável.

Júlia disse que a gente é confiável.

Há coisas que não têm geito.

Há coisas que não têm jeito.

Trocar “s” por “z”

e vice-versa

Compramos uma caza mal-assombrada.

Compramos uma casa mal-assombrada.

O material de limpesa está muito caro.

O material de limpeza está muito caro.

Trocar “ss” por “s”

Eu pasei muito mal esses dias.

Eu passei muito mal esses dias.

Trocar “e” por “i”

e vice-versa

Não podemos permitir que ele continui a prejudicar tanta gente.

Não podemos permitir que ele continue a prejudicar tanta gente.

Ela possue um grande senso de justiça.

Ela possui um grande senso de justiça.

Trocar “o” por “u

e vice-versa

Aquela táboa é pequena demais.

Aquela tábua é pequena demais.

A mágua é um sentimento que nos consome.

A mágoa é um sentimento que nos consome.

Trocar “rr” por “r”

Janete faleceu em decorência de um infarto.

Janete faleceu em decorrência de um infarto.

Uso equivocado de homônimos

É preciso coser bem os alimentos.

É preciso cozer bem os alimentos.

É preciso cozer a camisa.

É preciso coser a camisa.

Uso equivocado de parônimos

Meu vizinho sofreu descriminação racial.

Meu vizinho sofreu discriminação racial.

O iminente juiz proferiu a dura sentença.

O eminente juiz proferiu a dura sentença.

Parônimos e homônimos

  • Parônimos: termos que apresentam pronúncia e escrita semelhantes, mas significados diferentes. Exemplos: absorver e absolver; descrição e discrição; deferir e diferir; delatar e dilatar, entre outros.

  • Homônimos: termos que apresentam pronúncia e/ou escrita iguais, mas significados diferentes. Exemplos: cobra (animal) e cobra (do verbo “cobrar”); censo e senso; prezar e presar; traz e trás, entre outros.

Videoaula sobre parônimos e homônimos

Tipos de ortografia

  • Ortografia regular: faz referência a palavras cuja grafia é fruto de uma regra.

  • Exemplos:

    • enxame, enxaqueca, enxerga, enxofre, enxoval, enxurrada etc.;
    • mexediço, mexerica, mexicana etc.;
    • linguagem, mensagem, pilhagem etc.
  • Irregular: faz referência a termos cuja grafia não é resultado de uma regra. Nesse caso, a escrita da palavra se explica por meio de sua origem etimológica ou mesmo pela tradição, ou seja, uma forma de escrever consagrada pelo uso.

  • Exemplos:

    • bruxa, caxumba, praxe etc.;
    • arrocho, chimpanzé, chuchu etc.;
    • algema, argila, esfinge etc.

Qual a importância da ortografia?

Conhecer as regras de ortografia de uma língua é essencial para uma escrita formal bem-sucedida. Assim, por meio dessas regras, o usuário da língua portuguesa pode evitar erros ao escrever. As normas referentes à escrita das palavras, em um contexto formal, visam tornar a comunicação mais uniforme e, consequentemente, mais eficiente.

Saiba mais: Regras de uso do hífen — o que mudou com o novo acordo ortográfico

Acordo ortográfico

Com o acordo ortográfico, foram acrescentadas ao alfabeto português as letras “k”, “w” e “y”. Desse modo, nosso alfabeto passou a contar com 26 letras, em vez de 23. Além disso, o uso do trema (ü) foi abolido. Por fim, foi eliminado o uso das consoantes mudas “c” e “p” em palavras que apresentavam dupla grafia, como “exacto” e “adopção”.

Exercícios resolvidos sobre ortografia

Questão 01

Assinale a alternativa que apresenta um par de parônimas:

a) caçar/cassar

b) cela/sela

c) cesto/sexto

d) esbaforido/espavorido

e) desconcerto/desconserto

Resolução:

Alternativa “d”

As palavras “esbaforido” e “espavorido” são parônimas, pois apresentam semelhança na pronúncia e na escrita. Já as outras alternativas apresentam termos homônimos.

Questão 02

Qual das palavras abaixo apresenta um erro de ortografia?

a) Estágio

b) Pajem

c) Garajem

d) Vestígio

e) Agiotagem

Resolução:

Alternativa “c”

O correto é escrever “garagem” (com “g”), pois essa palavra é um substantivo terminado em “-agem”, sendo “pajem” uma exceção.

Questão 03

Marque a alternativa em que o uso de “x” ou “ch” está incorreto:

a) enchovalhar

b) peixe

c) enchimento

d) mexido

e) frouxa

Resolução:

Alternativa “a”

O correto é escrever “enxovalhar” (com “x”), uma vez que, após o “en-” inicial, utilizamos “x” em vez de “ch”, sendo “enchimento” uma exceção.

Fontes:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BRASIL. Acordo ortográfico da língua portuguesa: atos internacionais e normas correlatas. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2014.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 45. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002.

FREITAS, Hellen Mariany Abrão de; SANTOS, Nilma Fernandes do Amaral. Investigando a ortografia: regularidades e irregularidades. SEMINÁRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CAMPUS ANÁPOLIS DE CSEHUEG, 3., 2016, Anápolis. Anais [...]. Goiás: UEG, 2019.

NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 9. ed. São Paulo: Scipione, 1992.

SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescolav3.elav.tmp.br/gramatica/ortografia.htm