A Guerra do Paraguai foi um conflito armado que aconteceu na América do Sul, entre os anos de 1864 e 1870, mobilizando Brasil, Argentina e Uruguai em uma luta contra o Paraguai. Essa aliança de três nações fez com que a guerra também fosse conhecida como Guerra da Tríplice Aliança. Esse foi o maior conflito da história da América Latina.
A Guerra do Paraguai foi reflexo da consolidação e do choque de interesses existente entre as nações da Bacia Platina (Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai), resultando em enorme destruição e grande saldo de mortos. Esse conflito foi um grande divisor de águas para todos os países envolvidos, principalmente para o Paraguai.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Guerra do Paraguai
- 2 - Videoaula sobre a Guerra do Paraguai
- 3 - O que foi a Guerra do Paraguai?
- 4 - Qual foi o motivo da Guerra do Paraguai?
- 5 - Principais acontecimentos da Guerra do Paraguai
- 6 - Desfecho da Guerra do Paraguai
- 7 - Consequências da Guerra do Paraguai
- 8 - Quanto tempo durou a Guerra do Paraguai?
- 9 - Contexto histórico da Guerra do Paraguai
- 10 - Exercícios resolvidos sobre a Guerra do Paraguai
Resumo sobre a Guerra do Paraguai
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A Guerra do Paraguai foi um conflito que aconteceu na América do Sul, entre 1864 e 1870.
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Esse conflito, também conhecido como Guerra da Tríplice Aliança, mobilizou Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai.
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Foi motivado pelos choques de interesses entre as nações platinas em questões políticas, econômicas e territoriais.
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Iniciou-se quando Paraguai invadiu o Mato Grosso, em dezembro de 1864.
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Encerrou-se depois da morte de Francisco Solano López, em 1870.
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O Paraguai foi a nação mais prejudicada, com mais da metade de sua população morrendo no conflito.
Videoaula sobre a Guerra do Paraguai
O que foi a Guerra do Paraguai?
A Guerra do Paraguai foi um conflito armado, o maior da história da América Latina, que aconteceu entre 1864 e 1870. Esse conflito também é conhecido como Guerra da Tríplice Aliança, pois mobilizou Brasil, Argentina e Uruguai na luta contra o Paraguai. O conflito, em sua grande maioria, foi travado no território paraguaio.
A guerra foi motivada pelo choque de interesses entre as nações platinas no século XIX. Havia disputas de interesses políticos, econômicos e territoriais entre as nações platinas, e essas disputas criaram um clima de animosidade que resultou em um conflito de longa duração que causou enormes prejuízos ao Paraguai.
Qual foi o motivo da Guerra do Paraguai?
A Guerra do Paraguai foi resultado das disputas políticas, econômicas e territoriais que existiam entre as nações platinas. Todas essas questões foram amplificadas quando Francisco Solano López assumiu o poder do Paraguai. Vale mencionar que era intenção de Solano López transformar o Paraguai em uma potência regional que pudesse rivalizar diretamente com o Brasil e Argentina como garantia da defesa dos interesses paraguaios.
Francisco Solano López era um ditador que dominava grande parte das terras do país e que perseguia de maneira sistemática seus críticos e opositores. Pensando em fazer do Paraguai uma potência regional, Solano López investiu de maneira pesada na modernização militar do país comprando armas dos ingleses.
Solano López assumiu o poder paraguaio em 1862, e muito rapidamente as relações entre as nações platinas se desestabilizaram. Primeiramente, a relação do governo paraguaio e do governo argentino se tornou ruim porque os paraguaios se aliaram com os federalistas, o grupo rebelde de Entre Ríos e Corrientes.
Essa aproximação do Paraguai com os federalistas permitiu que o governo uruguaio, nas mãos dos blancos de Bernardo Berro, se aproximasse do Paraguai. A aproximação dos dois era benéfica para o Paraguai porque permitia que o país pudesse utilizar o porto de Montevidéu como saída ao oceano.
O Uruguai, por sua vez, foi um cenário que intensificou as relações ruins entre brasileiros e paraguaios. Isso porque o país passava por uma guerra civil que mobilizava os blancos, de Bernardo Berro, contra os colorados, liderados por Venancio Flores e apoiados por Brasil e Argentina. A revolta dos colorados era diretamente apoiada pelo governo de Buenos Aires.
O Brasil também apoiava os colorados e havia recebido ultimatos do Paraguai para não intervir no conflito uruguaio. O Brasil ignorou o ultimato paraguaio e invadiu o Uruguai em 1863, derrubando os blancos do poder e colocando os colorados no lugar. A ação brasileira fez com que o Paraguai aumentasse o seu alistamento, temendo uma invasão brasileira.
O Brasil, por sua vez, não tinha intenções de invadir ou anexar o Paraguai. De toda forma, a questão na política uruguaia melindrou o Paraguai e colocou o país em rota de choque contra o Brasil. Além disso, havia questões como as disputas territoriais do Paraguai com o Brasil e com a Argentina. A questão da navegação dos rios da Bacia Platina também era um assunto que causava atritos entre as nações platinas.

Principais acontecimentos da Guerra do Paraguai
Os primeiros atos de agressão relacionados ao início da Guerra do Paraguai foram realizados pelo Paraguai: o aprisionamento de uma embarcação brasileira (Marquês de Olinda), que navegava pelo Rio Paraguai em direção a Cuiabá, e a invasão ao Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul), ocorrida em 26 de dezembro de 1864. O ataque paraguaio ao Brasil foi uma represália à invasão do território uruguaio, conduzida pelo governo brasileiro em favor dos colorados e contra os blancos (aliados de Solano López).
A ocupação paraguaia no Mato Grosso foi conduzida por 7700 soldados, que derrotaram facilmente as fracas forças de defesa dessa região (875 militares do Exército e três mil membros da Guarda Nacional). Esse território continuou sob posse paraguaia até meados de 1868, principalmente devido à dificuldade de acesso ao Mato Grosso. Naquela época, o único caminho para essa província era pela navegação dos rios da Bacia Platina.
Em seguida, as forças de Solano López foram encaminhadas em direção ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai. Solano enviou milhares de soldados para o Uruguai com o objetivo de socorrer os blancos na guerra contra o Brasil e os colorados. Para isso, solicitou passagem por Corrientes para Mitre, presidente argentino.
Mitre, que era aliado dos colorados na Guerra Civil Uruguaia, negou o direito de passagem às tropas paraguaias. Como consequência, Solano López declarou guerra à Argentina e invadiu Corrientes. Essa declaração de guerra ocasionou o surgimento da Tríplice Aliança, formada por Brasil e Argentina, juntamente dos colorados uruguaios, para lutar contra os paraguaios. Essa aliança foi formalizada em 1º de maio de 1865.
A ofensiva paraguaia no Rio Grande do Sul e em Corrientes foi um grande fracasso. As tropas paraguaias conquistaram a inimizade das populações locais por causa dos saques realizados e foram cercadas por tropas adversárias, sendo forçadas à rendição ou retirada. A partir dessas derrotas, que ocorreram na segunda metade de 1865, o Paraguai assumiu uma posição defensiva na guerra.
Coube aos membros da Tríplice Aliança organizar os ataques contra as forças paraguaias, posicionadas defensivamente no sul do país. Para o Brasil, a guerra representava um verdadeiro pesadelo logístico, uma vez que acontecia em uma região de difícil acesso, distante dos grandes centros brasileiros.
Um confronto extremamente importante para os rumos da guerra aconteceu em junho de 1865: a Batalha Naval de Riachuelo. Nessa batalha, a Marinha Brasileira alcançou uma vitória importantíssima, destruiu parte considerável da frota naval paraguaia e garantiu o controle das águas platinas para a Tríplice Aliança, isolando o Paraguai e impedindo-o de receber provisões essenciais para a continuidade da guerra.
Além da derrota em Riachuelo, as derrotas nas campanhas no Rio Grande do Sul e em Corrientes mantiveram o Paraguai em uma posição defensiva. Apesar dessa fragilidade paraguaia, a longa duração da guerra (finalizada em 1870) explica-se pelos seguintes fatores:
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Desentendimentos no comando dos exércitos da Tríplice Aliança atrasaram as ações militares. O comando das tropas era função de Bartolomé Mitre, mas problemas de convívio com o Marquês de Tamandaré atrapalhavam o gerenciamento das tropas e a tomada de decisões.
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A geografia do território paraguaio, repleta de pântanos, impedia as movimentações militares e o melhor posicionamento da artilharia durante as batalhas.
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O pouco conhecimento desse território, resultado de anos de isolamento do Paraguai, dificultava as ações militares, uma vez que as lideranças militares tomavam ações mais conservadoras, motivadas pelo desconhecimento do mapa desse país.
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Maior disponibilidade de tropas para os exércitos paraguaios e moral mais elevado por terem sido convencidos por Solano López de que a guerra era um conflito em defesa da independência paraguaia.
Outros destaques dessa fase defensiva do Paraguai na guerra podem ser feitos, tais como as duas Batalhas em Tuiuti, travadas em 1866 e 1867, ambas com vitória da Tríplice Aliança. Uma grande derrota brasileira ocorreu na Batalha de Curupaiti, quando muitos soldados brasileiros morreram (os números variam entre quatro mil e nove mil mortos).
Desfecho da Guerra do Paraguai
A fase final da guerra foi marcada pelo esgotamento do Paraguai e pelas sucessivas derrotas, com destaque para a capitulação da fortaleza de Humaitá, em 1868, e a invasão e o saque de Assunção, em 1º de janeiro de 1869. Depois da conquista de Assunção, a guerra transformou-se em uma caçada a Solano López — que foi considerado traidor da pátria pelo governo provisório paraguaio a partir de 1869. Nesse período (1868-1869), os soldados brasileiros foram liderados por Caxias, o maior nome do Exército Brasileiro.
A partir de finais de 1869, a liderança dos exércitos brasileiros foi assumida por Conde d’Eu, já que Caxias era contrário à continuação do conflito. A caçada a Solano encerrou-se na Batalha de Cerro Corá, em março de 1870, quando soldados brasileiros mataram o ex-ditador paraguaio. Finalizava-se, assim, a Guerra do Paraguai.
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Consequências da Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai gerou consequências, em diferentes graus, para todas as nações envolvidas. No caso da Argentina, a guerra resultou na consolidação do território argentino e na derrota definitiva dos federalistas de Entre Ríos e Corrientes. Apesar disso, o presidente Mitre não conseguiu eleger seu candidato nas eleições de 1868.
No caso uruguaio, o país saiu também consolidado, com a superação definitiva das disputas políticas entre blancos e colorados. No entanto, o presidente uruguaio, Venancio Flores, foi assassinado em Montevidéu, em 1868.
Para o Brasil, a guerra gerou forte impacto na economia, uma vez que os gastos foram 11 vezes o orçamento anual do país em 1864. Além disso, o governo brasileiro saiu bastante endividado, sobretudo com bancos ingleses, em decorrência dos empréstimos feitos para financiar o conflito. A guerra também fortaleceu o Exército como instituição e marcou o início da decadência da monarquia.
O Paraguai foi a nação mais prejudicada na guerra, afinal, grande parte das batalhas aconteceu em território paraguaio, o que lhe causou grande destruição material. A nação ainda foi obrigada a abrir mão dos litígios territoriais que travava com Brasil e Argentina. O país só não perdeu mais territórios para a Argentina porque o governo brasileiro tratou de defender a soberania do território paraguaio como forma de evitar o maior fortalecimento dos argentinos.
Em relação à quantidade de mortos, o saldo foi o seguinte:
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Uruguai: 3120 mortos;
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Argentina: 18 mil mortos;
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Brasil: 50 mil mortos.
O caso paraguaio é mais complexo por causa da imprecisão nas estatísticas dos censos realizados no país após o conflito. Ao longo dos anos, diferentes estudos foram feitos sobre a quantidade de mortos na guerra, cujas estatísticas variaram, de acordo com os diferentes pesquisadores, entre 25 mil e 300 mil mortos. A estimativa mais aceita apontou a morte de, aproximadamente, 150 mil paraguaios na Guerra do Paraguai. Acredita-se também que de 60% a 70% da população paraguaia tenham morrido durante a guerra.
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Território que o Brasil ganhou na Guerra do Paraguai
Além disso, com a derrota na Guerra do Paraguai, o governo paraguaio foi obrigado a abrir mão de todas as disputas territoriais que tinha com Brasil e Argentina. O Brasil manteve as terras que faziam parte da província do Mato Grosso (atual estado do Mato Grosso do Sul) e que eram reivindicadas pelo Paraguai.
A Argentina, por sua vez, manteve suas terras da província de Missiones que eram reivindicadas pelos paraguaios. Os paraguaios também perderam um território que era parte do Chaco e ficava ao sul do Rio Pilcomayo e que atualmente corresponde com o território da província de Formosa. Posteriormente, o Paraguai também teve de lidar com questões territoriais com a Bolívia.
Quanto tempo durou a Guerra do Paraguai?
A Guerra do Paraguai se estendeu de 26 de dezembro de 1864, quando os paraguaios invadiram o Mato Grosso, até 8 de abril de 1870, quando o Paraguai se rendeu. Ao todo foram mais de cinco anos de conflito.
Contexto histórico da Guerra do Paraguai
![Cenário de embate durante a Guerra do Paraguai.[imagem_principal]](https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/2025/07/guerra-paraguai.jpg)
A Guerra do Paraguai ocorreu na segunda metade do século XIX, em um contexto em que as nações da Bacia Platina (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) estavam se consolidando e procurando definir seus territórios, além de defender seus interesses econômicos na região. As relações entre as nações platinas oscilavam bastante e, em muitos casos, eram tensas.
Havia disputas políticas existentes no interior do Uruguai entre dois grupos políticos — blancos e colorados — que mobilizavam a atenção das outras nações platinas (Argentina, Paraguai e Brasil), além de haver também conflitos políticos na Argentina entre o governo de Bartolomé Mitre e duas províncias rebeldes — Entre Ríos e Corrientes.
O Paraguai, por sua vez, era uma nação que surgira da sua separação do território das Províncias Unidas do Rio da Prata. Na década de 1840, por exemplo, o Brasil tinha uma boa relação com o governo paraguaio, inclusive reconhecendo a independência desse país em 1844 — o Brasil foi um dos primeiros países a fazê-lo.
Nesse momento, o governo brasileiro entendia que a existência do Paraguai e do Uruguai era ótima para os interesses brasileiros, pois impedia que a Argentina, uma grande nação e força rival ao Brasil, pudesse ter o controle total sobre a Bacia Platina. Era do interesse do Brasil que os rios da bacia permanecessem livres, pois eram o único meio de se chegar ao Mato Grosso.
Vale destacar que o governo brasileiro apoiava grupos políticos que se alinhavam de alguma forma com os interesses liberais do Brasil e com a intenção de garantir a livre navegação da Bacia Platina. Assim, o Brasil apoiava os unitaristas (o partido do governo), na Argentina, e os colorados, no Uruguai. Até esse momento, as relações do Brasil com o Paraguai eram pacíficas, até que Solano López chega ao poder.
Exercícios resolvidos sobre a Guerra do Paraguai
Questão 01
Qual dos fatores abaixo não explica o início da Guerra do Paraguai:
a) as tensões causadas pela livre navegação dos rios da Bacia Platina.
b) a disputa política entre blancos e colorados.
c) as disputas territoriais entre Paraguai, Brasil e Argentina.
d) a invasão brasileira no Uruguai.
e) a interferência britânica nas relações entre as nações platinas.
Resposta: Letra E
A atual historiografia da Guerra do Paraguai não considera que os britânicos tenham tido papel para dar início ao conflito. Isso porque não era do interesse inglês que seu comércio nas nações platinas fosse prejudicado pelo conflito. Além disso, a Inglaterra atuou como mediadora para evitar um conflito, o que não foi suficiente.
Questão 02
Quais foram os estopins para o início da Guerra do Paraguai, em 1864:
a) a invasão do Uruguai por tropas brasileiras.
b) o sequestro de um navio brasileiro pelo Paraguai e a invasão do Mato Grosso.
c) a invasão de Corrientes pelos paraguaios.
d) a subida de Venancio Flores ao poder uruguaio.
e) a posse de Solano López como presidente paraguaio.
Resposta: Letra B
Foi o sequestro do Marquês de Olinda, navio brasileiro que cruzava o Paraguai em direção ao Mato Grosso, em novembro de 1864, e a invasão do Mato Grosso, em dezembro do mesmo ano, os motivos que deram início à Guerra da Tríplice Aliança.
Créditos da imagem
[2] Commons
Fontes
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.