Golpe Militar de 1964: o que foi, contexto, resumo - Brasil Escola

Golpe Militar de 1964

O Golpe Militar de 1964 foi resultado de uma conspiração realizada por grupos conservadores da sociedade brasileira e deu início ao período da Ditadura Militar no Brasil.

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O Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) foi uma articulação golpista que foi realizada no Brasil para derrubar o presidente João Goulart. Essa articulação golpista foi conduzida pelos militares e apoiada pelo grande empresariado, pela grande imprensa, pelos grupos conservadores, entre outros.

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O Golpe Militar de 1964 foi o responsável por dar início ao período da Ditadura Militar, que se estendeu de 1964 a 1985 e que foi marcado por repressão, por censura e por diversas violações dos direitos humanos pelos agentes do Estado. O golpe realizado pelos militares ainda foi complementado por um golpe parlamentar que derrubou o presidente brasileiro.

Leia também: Como foi a Ditadura Militar no Brasil?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o Golpe Militar de 1964

  • O Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) foi um golpe de Estado que derrubou o presidente João Goulart de seu posto.

  • Esse golpe também deu início à Ditadura Militar, período ditatorial que se estendeu de 1964 a 1985.

  • O Golpe Militar de 1964 nasceu de uma articulação golpista que se iniciou tão logo foi iniciado o governo de João Goulart.

  • Esse golpe foi conduzido pelos militares, mas foi apoiado pelo grande empresariado e pela grande imprensa.

  • O Golpe Militar de 1964 foi realizado para interromper a atuação dos movimentos sociais e para enfraquecer os direitos dos trabalhadores.

O que foi o Golpe Militar de 1964?

Exército Brasileiro em frente ao Congresso Nacional no contexto do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964). [imagem_principal]
O Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) foi um golpe de Estado que derrubou o presidente João Goulart de seu posto.

Chamado por muitos historiadores de Golpe Civil-Militar de 1964, o Golpe Militar de 1964 foi um golpe realizado em nosso país no ano de 1964 contra o então presidente João Goulart, popularmente conhecido como Jango. Esse golpe foi resultado de uma articulação política que conspirou contra o presidente e a ordem democrática estabelecida no país.

O Golpe Militar iniciou-se no dia 31 de março por meio de um levante militar que tomou proporções e resultou na derrubada do presidente. A consolidação desse golpe deu-se por meio de um golpe parlamentar em 2 de abril que determinou como vaga a cadeira de presidente, abrindo o caminho para que Humberto Castello Branco assumisse a presidência como o primeiro mandatário militar após o golpe.

Rio de Janeiro no dia 2 de abril, no contexto do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964). [1]
Rio de Janeiro no dia 2 de abril, no contexto do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964). [1]

O golpe inaugurou o que chamamos de Ditadura Militar, um período autoritário de 21 anos que aconteceu em nosso país e que se encerrou somente em 1985. A Ditadura Militar ficou marcada pelas violações dos direitos humanos diversos casos de tortura, sequestros, atentados à bomba, execuções e desaparecimentos de cadáveres foram realizados por agentes desse regime.

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Como foi o Golpe Militar de 1964?

O golpe contra João Goulart estava organizado para acontecer por volta do dia 10 de abril, em uma ação conjunta de militares, de membros do Ipes e dos EUA (os estadunidenses organizavam-se a partir da Operação Brother Sam), mas as coisas não saíram como previsto. No dia 31 de março, uma rebelião organizada por Olympio de Mourão deu início ao Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964).


Olympio Mourão era comandante da 4ª Região Militar e iniciou uma rebelião em Juiz de Fora. Suas tropas marcharam em direção ao Rio de Janeiro com o objetivo de derrubar o governo. A rebelião de Mourão contava com o apoio do governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e, em um primeiro momento, foi vista com desconfiança por membros das Forças Armadas, como Castello Branco.

Durante esses acontecimentos, João Goulart manteve-se totalmente inerte e não tomou ações efetivas para deter os militares que marchavam contra o seu governo. Os grupos da esquerda ficaram esperando uma ordem superior para uma possível resistência, mas essa ordem nunca veio. Jango tinha conhecimento de que o golpe em curso tinha o apoio dos EUA e sabia que uma resistência daria início a uma guera civil – possibilidade rejeitada pelo presidente.

O grande aliado de Jango no exército, Amaury Kruel, retirou seu apoio a Jango, o que lhe colocou em isolamento e afastou as possibilidades de resistência interna nos quadros das Forças Armadas. Enquanto os militares marchavam contra o governo, os parlamentares brasileiros resolveram agir e, no dia 2 de abril de 1964, Auro de Moura, Senador da República, declarou vaga a presidência da República e abriu o caminho para que a Junta Militar tomasse o poder do Brasil. No dia 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional número 1 (AI-1), e a Ditadura Militar no Brasil começou a ganhar forma.

Contexto histórico do Golpe Militar de 1964

O Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) foi resultado de uma articulação política golpista realizada por civis e por militares na passagem de 1961 para 1962. É importante esclarecer que, apesar dessa conspiração ter efetivamente surgido em 1961, a Quarta República Brasileira foi marcada por diferentes tentativas de subversão da ordem realizadas pela União Democrática Nacional (UDN).

O caminho que levou ao golpe de 1964 começou a ser trilhado com a posse de João Goulart (Jango) em 1961. Criaram-se diversos obstáculos à posse de Jango como presidente, que só assumiu porque foi implantado às pressas um sistema parlamentarista que reduzia os poderes do Executivo.

Por causa da estreita relação de Jango com o sindicalismo brasileiro, os grupos conservadores da sociedade viram o político gaúcho com extrema desconfiança e frequentemente o acusavam de ser comunista. A crise política do governo de Jango fortaleceu-se também por causa de reformas que foram defendidas pelo governo – as Reformas de Base.

A posse de Jango não era um incômodo apenas para os grupos conservadores do Brasil, mas incomodava também o governo dos Estados Unidos, que consideravam João Goulart um político “muito à esquerda” do que se esperava de um presidente brasileiro.

Duas ações do governo de Jango aumentaram essa oposição do governo estadunidense, que passou a financiar as movimentações golpistas no Brasil. A primeira ação foi a Lei de Remessas de Lucros de 1962, que impedia multinacionais de enviar mais do que 10% de seus lucros para o exterior. A segunda medida que desagradava aos estadunidenses era a continuidade da política externa independente do Brasil e praticada pelo Ministro das Relações Exteriores, San Tiago Dantas.

Com isso, a partir de 1962, os Estados Unidos passaram a financiar ativamente grupos e políticos conservadores no Brasil. Dois grupos que recebiam amplo financiamento americano ficaram conhecidos como “complexo Ipes-Ibad”, sendo Ipes o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais e Ibad o Instituto Brasileiro de Ação Democrática.

O Ibad, inclusive, foi alvo de uma CPI em 1962 porque recebeu milhões do governo estadunidense para financiar a campanha de mais de 800 políticos durante as eleições daquele ano. Os políticos apoiados eram políticos conservadores, e o objetivo era criar uma frente parlamentar que barrasse o governo de João Goulart de todas as formas. Segundo a legislação brasileira da época, esse tipo de financiamento era ilegal.

Já o Ipes era um grupo que atuou decisivamente no sucesso do golpe civil-militar em 1964. Em sua fachada pública, o Ipes atuava como instituição que fazia produção intelectual de livros e de documentários, mas a atuação secreta do Ipes nos quadros políticos do Brasil é resumida pelas historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling da seguinte maneira:

[…] o Ipes agiu contra Goulart com uma política de duas vertentes. A primeira consistiu na preparação e execução de um bem orquestrado esforço de desestabilização do governo que incluía custear uma campanha de propaganda anticomunista, bancar manifestações públicas antigovernistas e escorar, inclusive no âmbito financeiro, grupos e associações de oposição ou de extrema-direita. |1|

A desestabilização do governo de Jango também foi, em grande parte, realizada pela imprensa brasileira. Os jornais de grande circulação do Brasil uniram-se em uma articulação golpista que recebeu o irônico nome de Rede da Democracia. A mobilização pelo golpismo da imprensa partia da seguinte leitura da realidade política brasileira:

[…] os jornais passaram a ser peças-chave na conspiração a partir do final de 1963. Tradicionalmente ligada à linha liberal-conservadora, a grande imprensa brasileira consolidou a leitura de que o país caminhava para o comunismo e a subversão no coração do poder, ou seja, a própria presidência da República. |2|

Quem era o presidente do Brasil em 1964?

Foto de João Goulart (Jango), presidente do Brasil no contexto do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964).
João Goulart (Jango) era o presidente do Brasil no contexto do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964). [2]

Na ocasião do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964), o presidente do Brasil era João Goulart, conhecido como Jango. O político gaúcho era um grande representante do trabalhismo no Brasil. O trabalhismo era uma vertente política que foi criada por Getúlio Vargas e que defendia a implantação de uma série de direitos e de benefícios aos trabalhadores como forma de estabelecer justiça social.

João Goulart havia sido vice-presidente do Brasil durante o governo de Juscelino Kubitschek e também havia sido eleito vice-presidente para o governo de Jânio Quadros. Em agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou à presidência do Brasil, e, pela Constituição, o vice – João Goulart – deveria assumir.

Isso criou uma grande crise política no Brasil, uma vez que militares e conservadores, concentrados na União Democrática Nacional (UDN), não aceitavam a posse de Jango como presidente. Essa crise política se agravou quando democratas, legalistas e, sobretudo, os trabalhistas, organizaram um movimento chamado Campanha da Legalidade.

Esse movimento político se estabeleceu como um movimento de resistência civil para garantir o respeito à Constituição e para permitir que João Goulart assumisse como presidente do Brasil. Essa mobilização foi liderada por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul e um dos grandes líderes trabalhistas do Brasil.

Essa mobilização teve sucesso e permitiu que João Goulart assumisse a presidência em 7 de setembro de 1961. Contudo, ele assumiu com poderes limitados, pois foi forçado a assumir a presidência em um regime parlamentarista. Esse regime parlamentarista, por sua vez, se estendeu no país até o começo de 1963, quando Jango recuperou seus poderes plenos de presidente.

Acesse também: Como foi o governo de João Goulart (Jango)?

Causas do Golpe Militar de 1964

A conspiração em curso contra o governo de João Goulart foi resultado do temor de grupos conservadores com a ascensão dos movimentos sociais, como os movimentos de camponeses, de operários e de estudantes. A sociedade brasileira estava rachada ideologicamente entre direita e esquerda, e um dos grandes alvos de debate foram as Reformas de Base.

As Reformas de Base foram um programa estipulado pelo governo Jango que criou uma agenda e promoveu um debate a respeito de entraves estruturais da sociedade brasileira. Elas estipulavam reformas agrária, tributária, eleitoral, bancária, urbana e educacional. Entre todas essas propostas, a que teve discussão mais avançada nos quadros políticos brasileiros foi a agrária.

A reforma agrária dominou o debate político nacional de março até agosto de 1963 e dividiu esquerda e direita. Formaram-se grupos de trabalhadores camponeses que começaram a invadir propriedades rurais e a pressionar o governo pela realização da reforma – mesmo que à força. Os proprietários, por sua vez, eram contrários à reforma agrária.

A proposta defendida pela esquerda estipulava que terras com mais de 500 hectares que fossem improdutivas seriam alvo da reforma e que a desapropriação dessas terras seria realizada mediante indenização de títulos da dívida pública a serem resgatados a longo prazo. A direita aceitava negociar, mas defendia que a reforma agrária deveria acontecer de acordo com os mecanismos constitucionais, ou seja, mediante pagamento indenizatório em dinheiro e à vista conforme valor de mercado.

Isso fez o debate emperrar, e a não realização da reforma agrária agravou a situação. Invasões de propriedades espalharam-se por diversas partes do Brasil. Além disso, por causa do desgaste gerado pelo debate, a base parlamentar de Jango vinculada ao Partido Social Democrático (PSD) bandeou-se para a oposição da União Democrática Nacional (UDN).

As dificuldades do governo de Jango aumentavam com a intransigência de muitos grupos da esquerda que queriam realizar as Reformas de Base a todo custo. Essa ala tinha como grande nome Leonel Brizola — cunhado de João Goulart, havia sido governador do Rio Grande do Sul e, a partir de 1963, tornou-se deputado federal pela Guanabara.

Essa atuação radicalizada da esquerda na defesa das Reformas de Base foi explorada pelos grupos que articulavam o golpe. Assim, um discurso disseminou-se pelo país:

Para justificar um possível golpe da direita, cada vez mais disseminou-se a ideia de um golpe da esquerda em gestação. […] a artimanha da direita foi a de construir equivalência entre a agenda reformista que pedia mais justiça social e mais democracia, […], e um golpe contra a liberdade e a própria democracia. Essa assertiva levava a uma conclusão lógica: o eventual golpe da direita, na verdade, seria meramente reativo, portanto, legítima defesa da democracia e dos valores “ocidentais e cristãos” contra os “radicais” da esquerda. |3|

O grande paradoxo de toda essa situação era que, mesmo com o discurso golpista articulado por imprensa, por grupos civis e por militares, o apoio popular ao governo de João Goulart era consistente. Dados do Ibope de março de 1964 apontam que 45% consideravam o governo vigente “bom” ou “ótimo”, e as intenções de voto para um possível candidatura de Goulart para disputa presidencial em 1965 eram de 49%. |4|

Além disso, o golpe militar foi pensado por grupos civis (incluindo grandes empresários e a grande imprensa) e por militares como o caminho para realizar a modernização do Brasil em um ambiente autoritário. Essa modernização forçada tinha como objetivos reduzir direitos dos trabalhistas, limitar o direito de greve e impor um arrocho salarial sobre os trabalhadores. A desarticulação dos movimentos sociais, incluindo o de trabalhadores, também era uma pauta importante na construção do golpe.

Enfraquecimento de João Goulart

O caminho para o golpe de 1964 tornou-se possível com o enfraquecimento do presidente João Goulart. No final de 1963, a situação do Brasil era caótica. Camponeses e operários urbanos estavam sublevados, as esquerdas exigiam a ampliação das reformas e defendiam uma postura mais enérgica do governo, e as direitas articulavam-se com as Forças Armadas pela tomada do poder. Nesse contexto, João Goulart deu demonstrações de enfraquecimento.

Em 12 de setembro de 1963, aconteceu em Brasília a Revolta dos Sargentos. Essa revolta foi motivada pela insatisfação dos sargentos, que haviam sido proibidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de ocupar cargos no Legislativo. Os sargentos rebeldes dominaram prédios governamentais em Brasília, mas foram rapidamente contidos, e a situação foi colocada sob controle. Como nenhuma ação punitiva foi tomada por Jango, o governo transpareceu um ar de impunidade para certa ala das Forças Armadas caso houvesse outras rebeliões.

A segunda demonstração de enfraquecimento ocorreu em outubro de 1963, quando João Goulart apresentou ao Congresso uma proposta de decreto de estado de sítio por 30 dias. Há bastante divergência na historiografia acerca dessa medida tomada por Jango.

O historiador estadunidense Thomas Skidmore afirma que Jango havia sido induzido por seus ministros militares para intervir contra a violência causada pelos movimentos sociais e para intervir no Estado da Guanabara por causa de declarações de Carlos Lacerda contra os militares brasileiros. |5| Já o jornalista Elio Gaspari trata isso como uma tentativa de golpe por parte de João Goulart. |6|

A proposta foi rejeitada pelos parlamentares de todos os grandes partidos (UDN, PSD e PTB). Três dias depois, Jango retirou a proposta do Congresso. A soma dos dois eventos abalou profundamente a imagem de Jango.

Golpe Militar de 1964 e o fechamento do Congresso Nacional

O Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) foi concretizado com apoio do Congresso Nacional, uma vez que muitos parlamentares foram parte do golpe parlamentar que oficializou a derrubada do presidente. Esse apoio do Congresso Nacional fez com que essa instituição fosse mantida pelos militares naquele momento.

Entretanto, expurgos aconteceram, pois os militares queriam se livrar dos políticos “progressistas”, chamados pelos militares de subversivos. Os políticos cassados pelos militares logo após o golpe de 1964 foram os seguintes:

  1. Abelardo Jurema (PSD-PB)

  2. Adahil Cavalcanti (PTB-CE)

  3. Almino Afonso (PTB-AM)

  4. Arthur Lima Cavalcanti (PTB-PE)

  5. Benedito Cerqueira (PTB-GB)

  6. Bocayuva Cunha (PTB-RJ)

  7. Costa Rego (PTB-PE)

  8. Demistóclides Batista (PST – RJ)

  9. Eloy Dutra (PTB-GB)

  10. Fernando de Santanna (PSD-BA)

  11. Ferro Costa (UDN-PA)

  12. Francisco Julião (PSB-PE)

  13. Garcia Filho (PTB-GB)

  14. Gilberto Mestrinho (PTB-RR)

  15. Hélio Ramos (PSD-BA)

  16. Henrique Oest (PSP-AL)

  17. João Dória (PDC-BA)

  18. José Aparecido (UDN-MG)

  19. Lamartine Távora (PTB-PE)

  20. Leonel Brizola (PTB-GB)

  21. Marco Antonio (PST-GB)

  22. Mario Lima (PSB-BA)

  23. Max da Costa Santos (PSB-GB)

  24. Milton Dutra (PTB-RS)

  25. Moysés Lupion (PSD-PR)

  26. Neiva Moreira (PSP-MA)

  27. Océlio de Medeiros (PSD-PA)

  28. Ortiz Borges (PTB-RS)

  29. Paiva Muniz (PTB-RJ)

  30. Paulo Mincarone (PTB-RS)

  31. Paulo de Tarso (PDC-SP)

  32. Pereira Nunes (PSP-RJ)

  33. Plínio Arruda Sampaio (PDC-SP)

  34. Ramon de Oliveira Neto (PTB-ES)

  35. Rogê Ferreira (PTB-SP)

  36. Roland Corbisier (PTB-GB)

  37. Rubens Paiva (PTB-SP)

  38. Sérgio Magalhães (PTB-GB)

  39. Sylvio Macambira Braga (PSP-PA)

  40. Temperani Pereira (PTB-RS)

  41. Waldemar Alves (PST-PE)

Entretanto, ao longo da ditadura, o Congresso Nacional foi fechado em três ocasiões:

  • Outubro de 1966: Castello Branco ordenou o fechamento depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Adauto Lúcio Cardoso, recusou-se a obedecer à ordem de cassar os direitos políticos e o mandato de seis deputados.

  • Dezembro de 1968: o Congresso Nacional foi temporariamente fechado por conta do decreto do Ato Institucional número 5 (AI-5).

  • Abril de 1977: Ernesto Geisel ordenou o fechamento do Congresso Nacional por duas semanas para que ele pudesse lançar os Pacotes de Abril.

Golpe Militar de 1964 e a Marcha da Família com Deus pela Liberdade

Poucos dias antes de o Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964) acontecer, foi realizada aqui no Brasil a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Esse acontecimento foi uma manifestação conservadora que aconteceu em nosso país, sendo considerada pelos historiadores como uma reação conservadora ao governo de João Goulart.

Houve uma série de manifestações do tipo em todo o país, mas a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi realizada como uma resposta à guinada de Jango à esquerda e ao anúncio de que ele conduziria as Reformas de Base a todo custo. Essas manifestações foram organizadas pela elite econômica do Brasil, além de grupos religiosos e militares, todos desejando enfraquecer o governo de João Goulart.

Ao todo, foram realizadas 69 Marchas da Família com Deus pela Liberdade, mas a primeira delas aconteceu na cidade de São Paulo em 19 de março de 1964, poucos dias depois do discurso de Jango na Central do Brasil e poucos dias antes do golpe. Os historiadores entendem que essa marcha fortaleceu a conspiração golpista em curso no Brasil.

Confira também: O que foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade?

Consequências do Golpe Militar de 1964

Entre as grandes consequências do Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964), destacam-se:

  • início da Ditadura Militar;

  • encerramento da primeira experiência democrática do Brasil;

  • repressão dos movimentos sociais;

  • interrupção do crescimento político-partidário do Brasil;

  • arrocho salarial e retirada de direitos dos trabalhadores;

  • censura e repressão;

  • violação dos direitos humanos;

  • corrupção;

  • endividamento do país.

Órgãos de repressão da Ditadura Militar

Policiais perseguindo estudante anos após o Golpe Militar de 1964 (ou Golpe Civil-Militar de 1964).
Policiais perseguindo estudante no dia que ficou conhecido como “sexta-feira sangrenta”, em 1968, já no contexto da Ditadura Militar. [3]

Durante os anos da Ditadura Militar, foram estabelecidos órgãos de repressão que estabeleciam a censura, além de perseguirem, de torturarem e de executarem cidadãos brasileiros. Todas as informações coletadas como parte do sistema de repressão dos militares era formado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI).

Haviam, no entanto, diversos órgãos de repressão durante o período da Ditadura Militar. Vejamos alguns deles:

  • Departamento de Ordem Política e Social (DOPS): órgãos estaduais que foram utilizados na repressão de políticos e militantes de esquerda, prendendo-os, torturando-os e executando-os.

  • Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI): departamento do Exército que promovia repressão, prendendo, torturando e executando cidadãos brasileiros. Foi o órgão que conduziu a maioria das operações de repressão no Brasil.

Mapa mental sobre a Ditadura Militar no Brasil

Mapa mental sobre a Ditadura Militar no Brasil.

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Exercícios resolvidos sobre o Golpe Militar de 1964

Questão 1

No contexto do Golpe Militar de 1964, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foram:

A) marchas conservadoras que defendiam a derrubada de João Goulart e que fortaleceram a conspiração golpista.

B) marchas organizadas pelo Partido Comunista Brasileiro a fim de implantar o comunismo no Brasil.

C) marchas organizadas pela Igreja Católica para impedir a transformação do Brasil em um país laico pelo governo de Jango.

D) manifestações do movimento estudantil que exigiam mais vagas para o ensino superior no Brasil.

E) marchas em apoio dos Estados Unidos no contexto da Guerra do Vietnã.

Resolução:

Alternativa A.

As Marchas da Família com Deus pela Liberdade foram uma série de manifestações que aconteceram no Brasil em 1964, sendo que a primeira delas aconteceu dia 19 de março de 1964, dias depois de um discurso de Jango na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Essas eram marchas de caráter ideológico conservador e reacionário e atuaram para fortalecer o golpe no Brasil.

Questão 2

Qual das pautas das Reformas de Base que geraram um grande debate político e contribuíram para o desgaste de João Goulart na presidência?

A) Reforma financeira

B) Reforma tributária

C) Reforma agrária

D) Reforma política

E) Reforma educacional

Resolução:

Alternativa C.

A reforma agrária era parte das Reformas de Base propostas por João Goulart, mas era um dos tópicos mais sensíveis e no qual o debate foi mais acalorado. O movimento camponês exigia uma reforma agrária imediato, mas o debate para que isso acontecesse travou e não avançou desgastando o presidente e fazendo com que ele perdesse apoio.

Notas

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 441.

|2| NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016, p. 46.

|3| NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016, p. 50.

|4| NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016, p. 47.

|5| SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castello. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 306.

|6| GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014, p. 49.

Créditos de imagem

[1] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Edeiaid / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Evandro Teixeira/Instituto Moreira Salles (reprodução)

Fontes

CORDEIRO, Janaína Martins. Direitas em movimento: a Campanha da Mulher pela Democracia e a ditadura no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2009.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

FERREIRA, Jorge. João Goulart: uma biografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

GOMES, Angela de Castro. Segunda República (1946-64): República Liberal-Democrática. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Dicionário da República: 51 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-1964). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Policiais perseguem estudante no dia que ficou conhecido como "sexta-feira sangrenta", no Rio de Janeiro [1]
Policiais perseguem estudante no dia que ficou conhecido como "sexta-feira sangrenta", no Rio de Janeiro [1]
Crédito da Imagem: Evandro Teixeira/Instituto Moreira Salles
Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.
Deseja fazer uma citação?
SILVA, Daniel Neves. "Golpe Militar de 1964"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/historiab/golpe-militar.htm. Acesso em 09 de setembro de 2025.
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Exercício 1

(Fundatec – adaptado) Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, o primeiro e último presidente da Ditadura Militar.

a) Emílio Garrastazu Médici e Itamar Franco.

b) Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici.

c) Castelo Branco e João Baptista de Oliveira Figueiredo.

d) João Baptista de Oliveira Figueiredo e Ernesto Geisel.

e) Castelo Branco e Emílio Garrastazu Médici.

Exercício 2

(Fundatec) Os discursos dos militares, no Brasil, no período antes da Ditadura Militar, eram de que eles precisavam tomar o poder para afastar o perigo do comunismo; segundo o discurso, logo após a

tomada do poder, seria(m):

a) criada uma junta militar para fortalecer o Poder do Executivo.

b) restabelecida a ordem, com a criação do Ato Institucional nº 1.

c) devolvido o poder aos civis por meio de eleições democráticas.

d) elaborada uma nova Constituição, dando mais poder ao povo.

e) ampliados os direitos e deveres políticos com a criação do partido do PTB.

Exercício 3

(IF Sul Rio-Grandense – adaptado) Leia o excerto a seguir.

“A extensão do mandato do próximo presidente da República, de cinco para seis anos; as eleições para governador de Estados seriam indiretas (ao contrário do que previa a própria constituição do regime); um terço dos senadores seria nomeado pelo presidente; mudança do cálculo do número de cadeiras por Estado na Câmara Federal (visando diminuir a representatividade dos Estados em que a oposição ganhava força, como o Rio de Janeiro e São Paulo).”

NAPOLITANO, M. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo, SP: Contexto, 2014. p.62.

O texto faz referência:

a) ao Plano Trienal, que procurou acabar com o crescimento político da Arena nas esferas estadual e municipal.

b) à Operação Condor, que ocasionou a cassação dos mandatos dos parlamentares do MDB.

c) ao Ato Institucional número 4, que estabeleceu eleições indiretas em todas as esferas políticas.

d) ao Pacote de Abril, editado durante o governo Geisel para limitar a atuação da oposição ao governo.

e) Nenhuma das alternativas acima.

Exercício 4

(Unesc – adaptado) No dia 13 de dezembro de 2018, completaram 50 anos da promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Sobre o Al-5 observe as afirmativas a seguir:

I – O Ato Institucional era o modo como os governos militares executavam suas ordens sem a necessidade de consultar o Congresso Nacional; esse ato instaurou a censura e possibilitou a perseguição aos opositores.

II – Outra proibição do AI-5 era relativa às reuniões públicas, já que no ano de 1968 a oposição ao regime militar tornou-se mais visível devido aos movimentos como a passeata dos cem mil e as produções culturais que questionavam a ditadura.

III – O AI-5 é conhecido como um dos motivos para o acirramento dos embates entre o regime militar e a oposição, que, por não poder propor atos públicos, enveredou-se pela clandestinidade ao optar pela luta armada.

IV – A revogação dos atos institucionais aconteceu somente em 1978, quando Ernesto Geisel promulgou a emenda constitucional que punha fim no Al-5 e demais atos. Essa emenda entrou em vigor no ano de 1979, conhecido como o ano da anistia.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e II, apenas.

b) I, II, III e lV.

c) I e IV, apenas.

d) I, II e IV, apenas.

e) Todas as alternativas estão incorretas.