Festival de Woodstock: o que foi, bandas, objetivo - Brasil Escola

Festival de Woodstock

O Festival de Woodstock foi um evento musical que ocorreu em 1969, nos EUA. Foi uma das maiores manifestações contraculturais do período e popularizou o rock ’n’ roll.

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O Festival de Woodstock foi um evento musical ocorrido nos Estados Unidos em agosto de 1969. Por três dias, mais de 30 bandas e artistas se apresentaram em uma fazenda no estado de Nova York a um público de mais de 400 mil pessoas, em meio a um caos na organização e logística. Mesmo com muitos imprevistos, o festival se tornou ícone do movimento contracultural, popularizando o rock ’n’ roll, alavancando o sucesso de vários grupos musicais e servindo de exemplo a outros grandes eventos artísticos.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre Festival de Woodstock

  • O Festival de Woodstock foi um evento musical realizado em uma fazenda nos arredores da cidade estadunidense de Bethel, estado de Nova York, no ano de 1969.
  • O festival contou com a participação de mais de 30 artistas e bandas, garantindo a popularidade de ícones musicais já conhecidos, como Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Who, Creedence Clearwater Revival e outros.
  • No evento também se apresentaram artistas até então pouco conhecidos, como o guitarrista Carlos Santana.
  • Em 1970, um filme documental disseminou os detalhes do festival e os ideais difundidos pela contracultura norte-americana, como o movimento antiguerra, o anticonsumo e o lema hippie “paz e amor”.
  • O festival, estimado para um público de 50 mil pessoas, acabou recebendo mais de 400 mil visitantes, o que causou um caos no tráfego local e problemas graves na infraestrutura do local.
  • Por três dias, o evento foi quase comprometido pelo mau tempo e problemas técnicos da organização.
  • O festival serviu de exemplo humanitário devido à presença de grupos voluntários que distribuíram alimentos e assistência médica para o público.
  • Woodstock foi uma coletânea de curiosidades, desde os imprevistos artísticos, até mortes causadas por diferentes motivos.

O que foi o Festival de Woodstock?

O Festival de Woodstock foi um evento musical ocorrido nas proximidades da cidade estadunidense de Bethel, Nova York, no ano de 1969. O festival foi uma das principais manifestações da contracultura norte-americana, responsável por popularizar diversas bandas e artistas do rock ’n’ roll sessentista.

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Contexto histórico do Festival de Woodstock

A década de 1960 foi marcada por complexos fenômenos políticos, sociais e econômicos por todo o mundo. Em diversos lugares, passou-se a questionar a cultura imposta principalmente pelas potências capitalistas, então representadas principalmente pelos Estados Unidos, mas também sem excluir a atenção dada aos líderes autoritários.

O contexto histórico era conturbado: além da constante ameaça nuclear decorrente da Guerra Fria, havia a violência propagada pela Guerra do Vietnã, as Leis Jim Crow de segregação racial nos EUA, as imposições morais da ala conservadora contra os direitos feministas, e os diversos confrontos entre países imperialistas e colonizados africanos que buscavam conquistar suas independências.

Em meio a esse cenário repressivo global, durante toda a década de 1960, os movimentos contraculturais procuraram contestar o modo de vida imposto pelo capitalismo. Nesse contexto, surgiram diversas manifestações artísticas contestadoras que se tornaram particularmente marcantes na música, apesar de também se refletirem na literatura, no cinema, e nas diversas expressões das artes visuais.

Entre os artistas e bandas de rock estadunidenses e britânicos mais influentes a surgirem ou se popularizarem nessa década, podemos citar Jimi Hendrix, Pink Floyd, The Doors, Janis Joplin, The Beatles, The Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, Bob Dylan, The Who, entre muitos outros (parte dos quais, inclusive, se apresentaria em Woodstock).

Todos eram fortemente inspirados pelo jazz, que já era compreendido como um gênero musical de protesto contra as injustiças raciais e sociais da contemporaneidade. Isso sem citar o contexto no Brasil, que viu a ascensão de bandas de rock como Os Mutantes e Os Incríveis.

Público no show do The Who, no segundo dia do Festival de Woodstock
Público no show do The Who, no segundo dia do Festival de Woodstock.[1]

Ainda no âmbito da música, a década de 1960 passou a significar um relevante consumo de drogas alucinógenas, muitas de origem sintética. O LSD, por exemplo, seria uma das drogas responsáveis pelo aumento da percepção espiritual. A influência das drogas alucinógenas incentivou a popularização da música de subgênero psicodélico, que seria o principal condutor das apresentações em Woodstock ao final da década.

Veja também: O que foi a Jovem Guarda?

Como surgiu o Festival de Woodstock?

O Festival de Woodstock, oficialmente Woodstock Music & Art Fair, surgiu como um modesto projeto de apresentação musical organizado e financiado por Michael Lang, Artie Kornfeld, John Roberts e Joel Rosenman, a fim de arrecadar fundos para a construção de um estúdio de gravação.

Inicialmente projetado para ocorrer na pequena vila de Woodstock, no estado de Nova York, o evento foi projetado para acomodar até 50 mil pessoas. Entretanto, as estimativas, que previram milhares de visitantes a mais, obrigaram os organizadores a negociarem o evento em Wallkill, a 50 km do local inicial. No entanto, principalmente devido à reprovação da porção conservadora da comunidade local, e consigo da prefeitura da cidade, os organizadores estimaram um terceiro ambiente, agora a mais de 120 km de Woodstock, com cerca de um mês para a sua execução.

Dessa vez, os quatro parceiros obtiveram a aprovação do fazendeiro Max Yasgur, sob um aluguel de 50 mil dólares, para promover o festival em sua propriedade, em uma área rural de 600 acres próximo da cidade de Bethel, entre 70 e 95 km de distância de Woodstock, dependendo do percurso.

Placa comemorativa que marca o local onde ocorreu o Festival de Woodstock em 1969.
Uma placa comemorativa marca o local onde ocorreu o Festival de Woodstock em 1969, uma fazenda em Nova Iorque.[2]

O festival foi sinônimo de caos no tráfego das estradas, já que o número de visitantes à fazenda ultrapassou a estimativa inicial em, pelo menos, oito vezes, ou seja, mais de 400 mil viajantes compareceram ao local. Com a confusão causada pelo grande afluxo de pessoas, os organizadores cancelaram a entrada por meio do ingresso (vendido a 18 dólares) para permitir seu livre trânsito.

Grande parte do público era representada pela tribo urbana hippie, composta por ativistas antiguerra, anticonsumo e a favor da espiritualidade e natureza — valores fortemente defendidos pela contracultura. Mesmo sob um tempo instável, com muita chuva e lama no local, grande parte do público se manteve acampada nos três dias de shows.

Dois hippies sentados no chão durante o Festival de Woodstock, em 1969.
Os hippies representavam grande parte do público do Woodstock.[3]

Artistas que participaram do Festival de Woodstock

Mais de 30 artistas e bandas se apresentaram no Festival de Woodstock. Veja, abaixo, a programação performada em ordem cronológica:

  • 15 de agosto (sexta-feira):
    • Richie Havens
    • Sweetwater
    • Bert Sommer
    • Tim Hardin
    • Ravi Shankar
    • Melanie
    • Arlo Guthrie
    • Joan Baez
  • 16 de agosto (sábado):
    • Quill
    • Country Joe McDonald
    • Santana
    • John Sebastian
    • Keef Hartley Band
    • The Incredible String Band
    • Canned Heat
    • Mountain
    • Grateful Dead
    • Creedence Clearwater Revival
    • Janis Joplin e The Kozmic Blues Band
    • Sly & the Family Stone
    • The Who
    • Jefferson Airplane
  • 17 de agosto (domingo):
    • Joe Cocker and The Grease Band
    • Country Joe and the Fish
    • Ten Years After
    • The Band
    • Johnny Winter
    • Crosby, Stills, Nash & Young
    • Paul Butterfield Blues Band
    • Sha Na Na
    • Jimi Hendrix e Gypsy Sun & Rainbows
Jimi Hendrix tocando sua guitarra, um dos artistas do Festival de Woodstock, em 1969.
Jimi Hendrix tocou para um público de 50 mil pessoas, encerrando o festival.

O que aconteceu no Festival de Woodstock?

No Festival de Woodstock, ocorrido entre 15 de 18 de agosto de 1969, mais de 30 bandas e artistas se apresentaram para mais de 400 mil pessoas, consolidando um dos maiores eventos musicais ocorridos na época. Por três dias, o público acompanhou as diversas performances organizadas pelo evento.

Muitos contratempos também dificultaram a execução do evento além do intenso tráfego, já que chuvas repentinas transformaram parte do cenário em um lamaçal e quase comprometeram as apresentações. Ravi Shankar, por exemplo, performou o repertório todo debaixo de chuva.

Para garantir o bem-estar das centenas de milhares de pessoas, grupos beneficentes se voluntariaram a fim de colaborar com a infraestrutura do festival. Entre eles, havia o Hog Farm, comuna hippie que distribuiu alimentos gratuitos, auxiliou na segurança e até mesmo acudiu pessoas em crise por consumo impróprio de LSD (que causava as chamadas bad trips).

O grupo era formado por cozinheiros, médicos, enfermeiros e outros ofícios, que trabalharam junto da organização Food for Love, de distribuição gratuita de alimentos. Além disso, muitos moradores locais fizeram doações de mantimentos, como comida, cobertores e outras necessidades básicas.

Multidão aglomerada no Festival de Woodstock, em 1969.
O segundo dia de festival foi possivelmente o mais intenso.[4]

Apesar do esforço comunitário, alguns imprevistos ocorreram em meio ao festival, como um caso fatal de overdose (possivelmente por heroína), um grave atropelamento por trator e até mesmo uma morte por falta de insulina. A infraestrutura improvisada também gerou caos no cenário, já que os cerca de 600 banheiros químicos não atendiam a demanda do enorme público.

Ainda que o festival tenha sido um sucesso performático, estima-se que os organizadores tenham levado um prejuízo de 1,4 milhão de dólares devido ao acesso público livre, embora tenham conseguido abater a dívida com o lançamento do filme documental Woodstock: 3 Days of Peace and Music, de 1970.

Impacto do Festival de Woodstock

O Festival de Woodstock foi possivelmente o maior evento de disseminação contracultural dos Estados Unidos. Como resultado, o evento se tornou símbolo atemporal de resistência pacífica, liberdade e o legado hippie de “paz e amor”.

Figura de uma pomba no braço de uma guitarra, em folheto de divulgação do Festival de Woodstock.
Na imagem, cartaz original do Festival de Woodstock: “3 dias de paz e música”.

O evento disseminou não apenas grandes nomes da música, mas também o gênero rock ’n’ roll, que, durante toda a década de 1960, foi imensamente julgado pela mídia e alas conservadoras da sociedade. Dessa forma, a música “jovem” da época recebeu conotação de rebeldia e identidade contra um sistema consumista, materialista e militarista. Essa notoriedade se tornou possível, em parte, graças ao documentário Woodstock: 3 Days of Peace and Music, que levou aos cinemas os detalhes do festival.

Apesar de muitos artistas e bandas já serem estimados desde antes de Woodstock, como Jimi Hendrix, Janis Joplin e The Who, o festival também serviu de “trampolim” para outros músicos que se tornaram famosos da década de 1970 em diante. É o caso do guitarrista mexicano Carlos Santana e do cantor britânico Joe Cocker, por exemplo.

O Festival de Woodstock também serviu de exemplo para a organização logística de grandes eventos musicais posteriores, principalmente os realizados ao ar livre, tanto por seus erros quanto por seus acertos. Graças ao festival, outros grupos beneficentes passaram a auxiliar na infraestrutura de shows e assegurar um ambiente cômodo e salubre para os espectadores.

E, é claro, muito além do âmbito musical, Woodstock também teve reflexos políticos, a grande adesão de pessoas à causa do rock ’n’ roll tornou-se sinônimo de resistência contra as culturas capitalistas ou totalitárias.

Saiba mais: Como foram os anos 80 no Brasil e no mundo

Curiosidades sobre o Festival de Woodstock

  • A banda Led Zeppelin foi convidada para Woodstock, mas o seu empresário recusou por achar o festival desinteressante e os demais artistas “amadores” demais.
  • The Doors também recusou o convite, mas por paranoia do líder Jim Morrison, que acreditava que seria assassinado no palco.
  • The Beatles não aceitou o convite porque Yoko Ono (namorada de John Lennon) não poderia ir ao evento devido à recusa de seu passaporte pelos EUA.
  • O motivo de Jethro Tull, Frank Zappa e Bob Dylan não terem aceitado a presença no evento foi o desgosto desses artistas perante a comunidade hippie.
  • O filme Woodstock: 3 Days of Peace and Music foi coeditado por Martin Scorsese, ainda em anonimato na época.
  • Os caches recebidos pelos músicos, na época, não chegavam perto dos atuais acordos milionários: o mais bem pago foi Jimi Hendrix, com 18 mil dólares (cerca de 154 mil em 2025, com a inflação reajustada).
  • Artistas “menos famosos”, como Santana, receberam 750 dólares pelo show.
  • Uma grávida foi socorrida de helicóptero durante o festival para dar à luz.
  • Três pessoas morreram durante o festival: uma por atropelamento, outra por overdose, e outra, por falta de insulina.
  • O lucro estimado do documentário lançado em 1970 é de 600 milhões de dólares.
  • A banda Blood, Sweat & Tears foi o único grupo confirmado que não compareceu ao festival.
  • O artista a encerrar o evento, Jimi Hendrix, tocou para “apenas” 50 mil pessoas, já que a grande maioria do público já havia deixado o festival.
  • Em 1994, uma nova edição de Woodstock conquistou relativo sucesso, mas sem chegar perto do evento original. Nela, participaram bandas como Red Hot Chilli Peppers, Green Day e Metallica.
  • As reedições de 1999 e 2019 foram as mais desastrosas, com diversos casos de violência, insalubridade e problemas financeiros.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] James Kirkikis/ Shutterstock

[3] Wikimedia Commons

[4] Wikimedia Commons

Fontes

ADORO Cinema. Woodstock: 3 Dias de Paz, Amor e Música. Disponível em https://www.adorocinema.com/filmes/filme-2634/.

ENGEL, Currie. Pessoas nasceram e morreram em Woodstock: aqui estão suas histórias. Time, 2019. Disponível em https://time-com.translate.goog/5641667/woodstock-50-health-care/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc&_x_tr_hist=true.

FORNATALE, Pete. Woodstock: Quarenta anos depois, o festival dia a dia, show a show, contado por quem esteve lá. Rio de Janeiro: Agir, 2019.

LANG, Michael. A Estrada para Woodstock. Osasco: Belas Letras, 2019.

SISARIO, Ben. Michael Lang, a force behind the Woodstock Festival, dies at 77. New York Times, 2022. Disponível em https://www-nytimes-com.translate.goog/2022/01/11/arts/music/michael-lang-dead.html?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc.

TEBER, Elliot; MONTE, Tom. Aconteceu em Woodstock. Rio de Janeiro: Bestseller, 2009.

ULTIMATE Guitar. Woodstock ’69 artist payments: Jimi Hendrix reportedly tops the list with $18,000 fee, 2015. Disponível em: https://www.ultimate-guitar.com/news/general_music_news/woodstock_69_artist_payments_jimi_hendrix_reportedly_tops_the_list_with_18000_fee.html.

Woodstock foi um evento embasado pelos preceitos contraculturais que pregavam, entre outras coisas, a paz e o amor.
Woodstock foi um evento embasado pelos preceitos contraculturais que pregavam, entre outras coisas, a paz e o amor.
Escritor do artigo
Escrito por: Cassio Remus de Paula Cássio é doutor em História pela UFPR, mestre e bacharel em História pela UEPG. Atua como professor de História, Filosofia e Sociologia.
Deseja fazer uma citação?
PAULA, Cassio Remus de. "Festival de Woodstock"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescolav3.elav.tmp.br/datas-comemorativas/woodstock-maior-dos-festivais.htm. Acesso em 09 de setembro de 2025.
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