O hip-hop é um movimento artístico e cultural que reúne dança (break), música (rap) e arte visual (grafite) com o objetivo de denúncia social contra as desigualdades e contra o racismo, além de evidenciar a realidade periférica. Com origem em Nova Iorque, nos Estados Unidos, na década de 70, a cena logo difundiu-se para diferentes países ao redor do mundo, adaptando-se aos diferentes contextos das regiões.
Entre os elementos do hip-hop, estão o break, estilo de dança que envolve movimentos característicos com os quadris, o papel do MC, responsável por cantar as rimas do rap (gênero musical), e a manifestação da arte visual por meio do grafite.
Leia também: Breaking (Breakdance) — conheça esse estilo de dança urbano ligado à cultura do hip-hop
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o hip-hop
- 2 - O que é hip-hop?
- 3 - Origem e história do hip-hop
- 4 - Características do hip-hop
- 5 - Cultura hip-hop
- 6 - Principais artistas do hip-hop
- 7 - Hip-hop no Brasil
- 8 - Hip-hop no mundo
- 9 - Impacto social do hip-hop
Resumo sobre o hip-hop
- O hip-hop é um movimento artístico que se popularizou em regiões periféricas de Nova Iorque na década de 1970.
- Afrika Bambaataa foi o artista pioneiro a utilizar a expressão “hip-hop”, que quer dizer “soltar os quadris”.
- É um movimento cultural caracterizado por manifestar as injustiças sociais vivenciadas por comunidades periféricas, bem como por valorizar os aspectos culturais desses coletivos.
- Os principais elementos do hip-hop são o break (dança), o rap (gênero musical), o MC (quem canta as rimas do rap) e o grafite (arte visual).
- No Brasil, o grupo Racionais MC’s foi importante para a popularização do rap e da cultura hip-hop.
- O hip-hop difundiu-se por diferentes partes do mundo, adaptando-se às diferentes realidades, mas conservando o princípio de contestação.
O que é hip-hop?
O hip-hop é um movimento cultural que envolve a música (com o rap), a dança (com os movimentos do break) e a arte visual (com o grafite). Surgiu a partir de jovens negros e periféricos estadunidenses que buscavam manifestar o descontentamento com a realidade de desigualdades social e racial.
A expressão “hip-hop” quer dizer “soltar os quadris”, o que remete ao movimento corporal característico do break, elemento desse movimento cultural.
A realidade do hip-hop evidencia diversos aspectos que moldam comportamento, vestimenta e linguagem. Todos os elementos convergem no objetivo de denunciar as injustiças sociais, as vivências periféricas e a luta contra o racismo, além de mostrar como é a vida das pessoas que vivem essa cultura.
Origem e história do hip-hop
O hip-hop surgiu nos Estados Unidos nos anos 1970, na cidade de Nova Iorque. O contexto do país era o da industrialização, marcado pela substituição da mão de obra humana pelas máquinas. Esse processo provocou a demissão de muitos trabalhadores, pois não tinham qualificação para manusear o maquinário que chegava aos espaços de produção industrial. Entre esses operários, estavam moradores do bairro do Bronx.
A instalação de uma via expressa que cortou o setor, predominantemente ocupado por pessoas negras, junto à desocupação dos trabalhadores que passaram a morar nas regiões periféricas do Bronx, provocou uma realidade de conflitos. Houve aumento da discriminação racial e criminalidade, como também a criação de novas gangues e o surgimento de conflitos entre elas pela sobrevivência.
Em contraposição à realidade violenta, também havia a realização de eventos e de manifestações culturais das comunidades que habitavam essa região. As batalhas por moradia e por espaços passaram a ser feitas no campo artístico, com disputa entre os grupos rivais que se desafiavam na música, na dança e nas pinturas de muros, afirma Vania Malagutti Fialho, doutora em Música, em seu artigo Hip-hop: conceito e história.
Afrika Bambaataa, líder da gangue Black Spade, foi responsável por articular um processo de pacificação entre os grupos rivais. Foi Bambaataa quem começou a utilizar a expressão “hip-hop” para remeter ao movimento artístico que se instalava nas periferias de Nova Iorque.
As batalhas armadas deram lugar aos confrontos e às competições culturais e artísticas. Com isso, foram desenvolvidos os diferentes elementos que compõem a cena do hip-hop, tais como a dança break, o papel do DJ, a música do rap cantada pelo MC e a manifestação artística visual do grafite.
Na década de 70, o trabalho realizado por Watts Prophets e por Gil Scott-Heron fortaleceu uma tradição poética que se tornou precursora dos MCs, os quais foram responsáveis por criar e por desenvolver o rap como gênero musical.
Esses artistas da música, da dança e das artes visuais iam de metrô para o grande centro urbano de Nova Iorque denunciar as mazelas sociais que faziam parte de suas vidas. A denúncia era feita com a manifestação artística das formas e cores do grafite, das rimas do rap e dos movimentos corporais do break.
O movimento passou a ser um fator de luta contra a exclusão social, contra o racismo e contra a violência, além de uma forma de evidenciar o protagonismo de jovens negros estadunidenses. Com o tempo, passou a influenciar no comportamento da população, na moda e no cinema.
Características do hip-hop
O hip-hop é formado e composto por cinco principais elementos que caracterizam sua diversidade artística. Entenda o que representa cada um deles a seguir:
- MC: é responsável por narrar as experiências da periferia e as denúncias sociais por meio das rimas.
- Break: é a expressão corporal por meio da dança realizada pelas B.girls e B.boys, como são chamados os praticantes desse estilo. O breakdance é caracterizado por movimentos de quadril, de membros e de tronco, muitos deles no chão, com giros e com acrobacias que exigem diferentes habilidades técnicas.
- Rap: é o gênero musical formado por letras e por canções caracterizadas por denúncias de injustiças sociais. A poesia rimada é uma forte marca do rap.
- DJ: é a pessoa responsável por tocar a base musical do hip-hop. Entre os acessórios necessários, estão: fones de ouvido, discos de vinil e turntables. Os DJs fazem mixagem de efeitos sonoros e produzem versões de instrumentos tradicionais por meio dos aparelhos utilizados para sua prática.
- Grafite: cores e formas caracterizam a linguagem de arte visual do hip-hop. A pintura do grafite é realizada em espaços públicos, tais como prédios, muros e praças, sendo realizada por meio da mão livre com tinta, spray ou stencilart (espécie de molde).
Acesse também: Grafite — mais detalhes sobre essa expressão artística realizada em espaços públicos
Cultura hip-hop
A cultura hip-hop está relacionada de forma direta com uma realidade urbana marcada pela desigualdade e pela injustiça social. Dessa forma, a arte é utilizada como ferramenta de manifestar as inquietações de comunidades periféricas que convivem com mazelas sociais, especialmente o racismo.
O universo que envolve os diferentes elementos artísticos do hip-hop, protagonizados pela dança, pela música e pela arte visual, abarca também uma série de outros fatores intimamente relacionados ao comportamento de uma comunidade, como é o caso da moda e da linguagem.
Nesta cultura, a arte é constantemente utilizada para destacar as demandas, as realidades e as urgências de diferentes sujeitos sociais que são marginalizados pelos marcadores raciais e sociais. Ou seja, o hip-hop é uma cultura intrinsecamente política.
Principais artistas do hip-hop
→ Principais artistas do hip-hop no Brasil
No Brasil, entre os principais rappers, estão:
- Mano Brown;
- Preta Rara;
- Emicida;
- Criolo;
- Djonga;
- Negra Li.
No grafite, os brasileiros de maior destaque são:
- Kobra;
- Cranio;
- Os Gêmeos.
No break, veja a seguir os maiores B.boys e B,girls do Brasil (como são conhecidos os dançarinos da modalidade):
- Fabiana Balduína;
- Neguin;
- Miwa;
- Pelezinho;
- Leony.
→ Principais artistas do hip-hop no mundo
Entre os maiores rappers do mundo, estão:
- Lil Wayne;
- Kanie West;
- Kendrick Lamar;
- Nick Minaj;
- Cardi B;
- Eminem;
- Drake;
- Future;
- Travis Scott;
- Jay-Z.
Veja a seguir os maiores nomes do grafite no mundo:
- Jean Michel-Basquiat;
- Bansky;
- Edgar Müller.
Alguns dos maiores dançarinos de break no mundo são:
- Ami;
- Logistix;
- Kastet;
- Lil Zoo;
- Menno;
- Shigekix;
- Amir;
- Victor;
- Hong 10;
- Phil Wizard;
- Lee;
- Sunni.
Hip-hop no Brasil
Assim como ocorreu nos Estados Unidos, o break foi o elemento precursor do universo do hip-hop no Brasil. Os brasileiros difundiram o break com o intuito de diversão.
Entre os primeiros espaços urbanos utilizados por praticantes do break aqui no Brasil, estão a Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, bem como a Rua 24 de Maio, esquina com a Dom José de Barros, também no centro da capital paulista. O início da prática foi marcada pelo preconceito contra a dança que era realizada em ambiente público.
Com o passar do tempo, o movimento popularizou-se e ganhou a adesão de novos praticantes, sendo realizado também por moradores de regiões nobres da grande São Paulo.
Quando os demais elementos do hip-hop chegaram ao Brasil (grafite e rap), houve um processo de amadurecimento do movimento social juvenil. Marcos Fochi afirma, em seu artigo Hip-hop brasileiro: tribo urbana ou movimento social?, que foi criado nesse contexto o Movimento Hip-hop Organizado, conhecido como MH2O-SP, com o intuito de organizar os grupos de break.
O rap foi um importante elemento difusor da cultura hip-hop pelo brasil. Entre os artistas de maior destaque está o grupo Racionais MC’s, pioneiros do gênero por aqui. A popularização veio após o lançamento do CD intitulado Sobrevivente no inferno, em 1997. O disco atingiu a marca de mais de um milhão de cópias vendidas.
Hip-hop no mundo
O hip-hop foi amplamente difundido em diferentes países e regiões pelo mundo, principalmente por meio da mídia. Apesar da importante influência das características do hip-hop estadunidense, o movimento cultural sofreu um processo de releitura em cada país que passou a vivenciá-lo.
Nesse sentido, a realidade social das comunidades periféricas de outros países além dos Estados Unidos tornou-se o cenário central das vivências do hip-hop nessas outras localidades. Com isso, as pessoas que vivem essa cultura dizem sobre seus próprios processos de construção de identidade e de representação de suas vivências.
Impacto social do hip-hop
O hip-hop pode se aproximar dos trabalhos realizados por determinados movimentos sociais, pois é estabelecido a partir dos mesmos objetivos que certos coletivos. A busca por direitos básicos, como o de ir e o de vir, e pela moradia está presente em muitos dos trabalhos artísticos produzidos por meio do hip-hop e de suas diferentes manifestações de arte.
Nesse sentido, o hip-hop é fortalecido enquanto movimento cultural por enunciar sentidos sociais que dizem sobre vidas e sobre modos de ser. Muito mais do que arte, o hip-hop é sobre fazer política e sobre a valorização de narrativas que são historicamente subalternizadas.
Créditos de imagem
[1] ArturoAlmanza / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Jgphotographydetroit / Shutterstock
[3] Stephen and Helen Jones / WOMAD 2023 / Wikimedia Commons (reprodução)
[4] catwalker / Shutterstock (reprodução)
[5] Ted Alexander Somerville / Shutterstock
[6] GualdimG / Wikimedia Commons (reprodução)
[7] Fernando Eduardo / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ANDRADE, Elaine Nunes de. Movimento negro juvenil: um estudo de caso sobre jovens rappers de sao bernardo do campo. 1996. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. . Acesso em: 20 dez. 2024.
BARBIO, Leda. Jovens (sub)urbanos: o impacto do hip hop na produção de identidades sociais. Forum Sociológico [Online], 21, 2011. Disponível em: https://journals.openedition.org/sociologico/450#quotation.
FIALHO, Vania Malagutti. hip-hop: conceito e história. Porto Alegre: Sulina, 2008. Disponível em: https://hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Fialho-Hip_Hop-conceito_e_historia.pdf.
PIMENTEL, S. O livro vermelho do hip-hop. São Paulo: USP, 1997.
SANTOS, Maria Aparecida Costa dos. O universo hip-hop e a fúria dos elementos. 2017. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.copene2018.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/1534718569_ARQUIVO_OUNIVERSOHIP-HOP.pdf.