As escolas de samba são associações populares que surgiram na década de 1920, em meio ao processo de popularização do Carnaval e do samba. Essas associações surgiram nos bairros populares e subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, sendo a Deixa Falar a primeira escola de samba da história de nosso país.
As escolas de samba adquiriram características de outras práticas do Carnaval brasileiro do começo do século XX, e, na década de 1930, os desfiles deram origem a um campeonato. Atualmente, a disputa entre as escolas de samba é um dos principais atrativos do Carnaval brasileiro, sobretudo as que acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Leia mais: Qual é a origem do Carnaval?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre escolas de samba
- 2 - Quais são as principais escolas de samba?
- 3 - Classificação das escolas de samba
- 4 - Qual a origem das escolas de samba?
- 5 - Desfiles das escolas de samba
- 6 - Curiosidades sobre as escolas de samba
Resumo sobre escolas de samba
- As escolas de samba são agremiações muito populares no Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, que promovem desfiles durante o Carnaval.
- As escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro, no final da década de 1920, iniciando as competições na década seguinte.
- Tornaram-se muito importantes, promovendo uma competição que atrai turistas de diferentes partes do Brasil e do mundo.
- Algumas das escolas de samba mais conhecidas do Rio de Janeiro são: Mangueira, Beija-Flor, Portela, Salgueiro, entre outras.
- Algumas das escolas de samba mais conhecidas de São Paulo são: Vai-Vai, Mocidade Alegre, Rosas de Ouro etc.
Quais são as principais escolas de samba?
As escolas de samba são agremiações diretamente relacionadas com o Carnaval no Brasil porque os desfiles que elas realizam são eventos de enorme importância, mobilizando milhões de espectadores e atraindo turistas de todas as partes do Brasil e do mundo. Os desfiles das escolas de samba mais importantes do Brasil acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Entre as principais escolas de samba, tanto do Rio de Janeiro quanto de São Paulo, estão:
Escolas de samba do Rio de Janeiro |
Escolas de samba de São Paulo |
Portela |
Vai-Vai |
Estação Primeira de Mangueira |
Mocidade Alegre |
Beija-Flor de Nilópolis |
Nenê de Vila Matilde |
Acadêmicos do Salgueiro |
Camisa Verde e Branco |
Império Serrano |
Rosas de Ouro |
Imperatriz Leopoldinense |
Gaviões da Fiel |
Mocidade Independente de Padre Miguel |
Império de Casa Verde |
Unidos da Tijuca |
X-9 Paulistana |
Unidos de Vila Isabel |
Mancha Verde |
Unidos do Viradouro |
Acadêmicos do Tatuapé |
Acadêmicos do Grande Rio |
Águia de Ouro |
Paraíso do Tuiuti |
Dragões da Real |
Classificação das escolas de samba
A disputa das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo é intensa e grandiosa, além de ser considerada bastante acirrada ano após ano. Vejamos as seis melhores colocadas nas disputas dos últimos anos em ambas competições. A escolha pelas seis primeiras escolas se explica porque as seis primeiras colocadas promovem, ao fim da competição, o evento chamado desfile das campeãs.
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Escolas de samba no Rio de Janeiro
Ano |
Campeã |
Vice-campeã |
Terceiro lugar |
Quarto lugar |
Quinto lugar |
Sexto lugar |
2024 |
Unidos da Viradouro |
Imperatriz Leopoldinense |
Acadêmicos do Grande Rio |
Acadêmicos do Salgueiro |
Portela |
Unidos de Vila Isabel |
2023 |
Imperatriz Leopoldinense |
Unidos do Viradouro |
Unidos de Vila Isabel |
Beija-Flor de Nilópolis |
Estação Primeira de Mangueira |
Acadêmicos da Grande Rio |
2022 |
Acadêmicos da Grande Rio |
Beija-Flor de Nilópolis |
Unidos do Viradouro |
Unidos de Vila Isabel |
Portela |
Acadêmicos do Salgueiro |
2020 |
Unidos da Viradouro |
Acadêmicos do Grande Rio |
Mocidade Independente de Padre Miguel |
Beija-Flor de Nilópolis |
Acadêmicos do Salgueiro |
Estação Primeira de Mangueira |
2019 |
Estação Primeira de Mangueira |
Unidos da Viradouro |
Unidos de Vila Isabel |
Portela |
Acadêmicos do Salgueiro |
Mocidade Independente de Padre Miguel |
2018 |
Beija-Flor de Nilópolis |
Paraíso do Tuiuti |
Acadêmicos do Salgueiro |
Portela |
Estação Primeira de Mangueira |
Mocidade Independente de Padre Miguel |
2017 |
Portela e Mocidade Independente de Padre Miguel |
Duas escolas dividiram o título e não houve vice-campeã. |
Acadêmicos do Salgueiro |
Estação Primeira de Mangueira |
Acadêmicos do Grande Rio |
Beija-Flor de Nilópolis |
2016 |
Estação Primeira de Mangueira |
Unidos da Tijuca |
Portela |
Acadêmicos do Salgueiro |
Beija-Flor de Nilópolis |
Imperatriz Leopoldinense |
2015 |
Beija-Flor de Nilópolis |
Acadêmicos do Salgueiro |
Acadêmicos do Grande Rio |
Unidos da Tijuca |
Portela |
Imperatriz Leopoldinense |
2014 |
Unidos da Tijuca |
Acadêmicos do Salgueiro |
Portela |
União da Ilha do Governador |
Imperatriz Leopoldinense |
Acadêmicos do Grande Rio |
No ano de 2021, não foi realizado desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro por conta da pandemia de covid-19.
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Escolas de samba em São Paulo
Em São Paulo também ocorre o desfile das campeãs, mas ele é dedicado apenas às cinco primeiras colocadas. A competição de 2021 também foi adiada em São Paulo por conta da pandemia de covid-19.
Ano |
Campeã |
Vice-campeã |
Terceiro lugar |
Quarto lugar |
Quinto lugar |
Sexto lugar |
2024 |
Mocidade Alegre |
Dragões da Real |
Acadêmicos do Tatuapé |
Gaviões da Fiel |
Mancha Verde |
Império de Casa Verde |
2023 |
Mocidade Alegre |
Mancha Verde |
Império de Casa Verde |
Acadêmicos do Tatuapé |
Dragões da Real |
Tom Maior |
2022 |
Mancha Verde |
Mocidade Alegre |
Império de Casa Verde |
Tom Maior |
Unidos de Vila Maria |
Águia de Ouro |
2020 |
Águia de Ouro |
Mancha Verde |
Mocidade Alegre |
Acadêmicos do Tatuapé |
Unidos de Vila Maria |
Dragões da Real |
2019 |
Mancha Verde |
Dragões da Real |
Rosas de Ouro |
Unidos de Vila Maria |
Império de Casa Verde |
Águia de Ouro |
2018 |
Acadêmicos do Tatuapé |
Mocidade Alegre |
Mancha Verde |
Tom Maior |
Dragões da Real |
Império de Casa Verde |
2017 |
Acadêmicos do Tatuapé |
Dragões da Real |
Vai-Vai |
Império de Casa Verde |
Rosas de Ouro |
Mocidade Alegre |
2016 |
Império de Casa Verde |
Acadêmicos do Tatuapé |
Mocidade Alegre |
Vai-Vai |
Unidos de Vila Maria |
Dragões da Real |
2015 |
Vai-Vai |
Mocidade Alegre |
Rosas de Ouro |
Águia de Ouro |
Dragões da Real |
Acadêmicos do Tucuruvi |
2014 |
Mocidade Alegre |
Rosas de Ouro |
Águia de Ouro |
Acadêmicos do Tucuruvi |
Dragões da Real |
Acadêmicos do Tatuapé |
Qual a origem das escolas de samba?
![Escola de samba em desfile. [imagem_principal]](https://s2.static.brasilescola.uol.com.br/be/2025/07/2-escolas-samba.jpg)
As escolas de samba são um fenômeno do começo do século XX e estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento do samba e a popularização do Carnaval no Brasil. Os elementos que deram origem às escolas de samba foram incorporados de uma série de práticas do Carnaval carioca que eram realizadas desde meados do século XIX.
O pesquisador da música brasileira Ricardo Albin estabelece que as escolas de samba incorporaram elementos dos “Zé Pereiras”, dos ranchos carnavalescos e das associações carnavalescas que começaram a surgir no Rio de Janeiro no final do século XIX.|1|
Outros elementos, como a influência das procissões religiosas e o corso (prática de realizar um desfile em carros e de jogar confetes e serpentinas em outros foliões que estavam na rua), também influenciaram o desenvolvimento das escolas de samba.
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Zé Pereira, ranchos e cordões
A bateria, um dos elementos mais básicos da composição de uma escola de samba, é derivada de uma prática que surgiu no Carnaval durante o século XIX. À medida que o entrudo — a brincadeira de jogar bexigas d’água em outras pessoas nos dias anteriores à Quaresma — passou a ser combatido enquanto prática carnavalesca, novas práticas acabaram surgindo e uma delas foi a execução de música na festa na rua.
O Zé Pereira surgiu com a introdução de instrumentos percussivos (bumbos) para reger a festa na rua. Assim, o batuque passou a fazer parte da festa popular. O Zé Pereira consistia basicamente em homens que saíam as ruas com bumbos fazendo a algazarra.
No final do século XIX, estabeleceram-se, pelas associações carnavalescas, os ranchos carnavalescos como prática carnavalesca. Os ranchos eram basicamente blocos que se formavam para realização de desfiles que, frequentemente, abordavam importantes temas sociais e políticos durante sua realização.
Os ranchos, por sua vez, são considerados uma evolução dos cordões, desfiles públicos mais simples realizados por grupos durante o Carnaval, no século XIX. Considera-se que os cordões e os ranchos tiveram forte influência de procissões religiosas que aconteciam nas ruas das cidades do Brasil.
Na história do Carnaval, considera-se que a linha evolutiva é formada pelos cordões, que se transformaram nos ranchos, que deram origem a blocos carnavalescos, que, por fim, transformaram-se em escolas de samba.
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Origem do samba
No começo do século XX, surgiu o samba, o ritmo musical que hoje é o grande símbolo do Carnaval. Existem alguns registros que mencionam a palavra “samba” para referir-se a ritmos musicais, mas os historiadores só consideram que o samba surgiu de fato na década de 1910, nas regiões populares do Rio de Janeiro.
Considera-se que o primeiro grande samba produzido e o marco fundador desse ritmo no Brasil foi a canção, composta por Donga e Mauro de Almeida, “Pelo telefone”. Essa canção foi oficialmente lançada no começo de 1917. Outras canções de samba já haviam sido compostas antes, mas “Pelo telefone” ganhou mais popularidade.
Muitos historiadores do samba apontam que ele surgiu em uma região do Rio de Janeiro habitada por negros e mestiços, que formavam as camadas populares da cidade. Essa região engloba locais como Cidade Nova e Estácio, habitados por negros libertos da escravidão e por seus descendentes.
O racismo, muito presente na sociedade brasileira do começo do século XX, fez com que o samba fosse abertamente criminalizado e, portanto, perseguido. A criminalização do samba acabou quando ele passou a ser utilizado como ferramenta de Getúlio Vargas para consolidar o seu projeto nacionalista no Estado Novo. Se quiser saber mais sobre a história do samba, leia nosso texto: Samba.
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Surgimento das escolas de samba
As escolas de samba surgiram na década de 1920 e seguiram aquela linha evolutiva mencionada anteriormente. Os historiadores consideram que a Deixa Falar foi a primeira escola de samba a surgir no Rio de Janeiro, em 12 de agosto de 1928. Ela é considerada a primeira escola de samba da história porque foi a primeira a reunir a série de elementos que formam uma escola de samba atualmente.
Os fundadores da Deixa Falar foram Ismael Silva, Alcebíades Barcelos, Nilton Bastos, Edgar Marcelino dos Passos, Osvaldo Vasques e Sílvio Fernandes. Fundada no bairro do Estácio, ela só foi mencionada nos jornais pela primeira vez em janeiro de 1929. Seus membros tinham envolvimento com ranchos carnavalescos e levaram essa experiência para o desenvolvimento dessa escola de samba.
A fundação da Deixa Falar acabou motivando a evolução de outros blocos de Carnaval, e, assim, novas escolas, como a Portela e a Mangueira, surgiram. Em 1929, foi realizado um concurso de samba entre a Deixa Falar, o Conjunto Carnavalesco Osvaldo Cruz (futura Portela) e o Bloco Carnavalesco Estação Primeira (Mangueira). Os historiadores, no entanto, não consideram esse o início dos desfiles das escolas de samba.
Leia mais: Como o Carnaval é vivido no mundo?
Desfiles das escolas de samba

Os desfiles das escolas de samba foram criados, oficialmente, a partir de 1932, e considera-se que o idealizador desse evento foi Saturnino Gonçalves, sambista e primeiro presidente da Mangueira. A ideia que estava em curso entre os sambistas acabou sendo implantada por Mário Filho, jornalista que era dono de um periódico de esportes, o Mundo Sportivo.
Esse primeiro concurso de escolas de samba contou com a participação de 19 grupos, mas apenas os quatro primeiros tiveram sua posição divulgada na época. A classificação foi a seguinte:
- Estação Primeira de Mangueira;
- Segunda Linha do Estácio e Vai Como Pode (dividiram o segundo lugar);
- Unidos da Tijuca.
Os desfiles dos anos seguintes foram realizados pelos seguintes jornais: O Globo, em 1933, e O País e A Hora, em 1934. Em 1933, a campeã novamente foi a Mangueira, e, em 1934, foram realizados dois desfiles, tendo como campeãs a Mangueira e a Recreio de Ramos. A partir de 1935, os desfiles das escolas de samba foram oficializados e passaram contar com o apoio financeiro do poder público.

Atualmente, os critérios avaliados nos desfiles das escolas de samba, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, são os seguintes:
- Bateria
- Samba-enredo
- Harmonia
- Evolução
- Enredo
- Alegorias e adereços
- Fantasias
- Comissão de Frente
- Mestre-sala e porta-bandeira
As escolas de samba começaram a surgir em São Paulo, na década de 1930, e os historiadores falam que a Lavapés foi a mais antiga escola de samba de São Paulo, fundada em 9 de fevereiro de 1937. Os desfiles das escolas de samba em São Paulo aconteciam de maneira não oficial na capital paulista desde a década de 1930, mas só foram oficializados pelo poder público em 1968.

Em São Paulo, os desfiles são realizados no Sambódromo do Anhembi, fundado em 1991. Já no Rio de Janeiro, os desfiles acontecem no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, fundado em 1984. Os desfiles são um dos elementos mais tradicionais do Carnaval brasileiro e atraem turistas de diferentes partes do mundo.
Curiosidades sobre as escolas de samba
- A escola de samba de São Paulo que mais tem títulos é a Vai-Vai, com 15 títulos no total.
- No Rio de Janeiro, a maior campeã é a Portela, com 22 títulos.
- Um carro alegórico pode custar de 200 mil a 500 mil reais.
- Em 2012, um homem invadiu o local de apuração das notas do Carnaval de São Paulo, roubando-as e rasgando os papéis com as notas.
Créditos das imagens
[1] Bruno Martins Imagens e Shutterstock
Fontes
ALBIN, Ricardo Cravo. Escolas de Samba. Disponível em: http://www.tecap.uerj.br/pdf/v6/ricardo_cravo_albin.pdf
FERNANDES, Nelson da Nóbrega. Escolas de samba, identidade nacional e o direito à cidade. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/coloquio2012/actas/08-N-Nobrega.pdf
FERNANDES, Nelson da Nóbrega. Escolas de samba: sujeitos celebrantes e objetos celebrados. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4204430/4101441/samba.pdf
SANTOS, Fernanda Fernandes. Escola de samba em São Paulo: identidade e engajamento. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-24102015-232435/publico/DissertacaofinalFFS.pdf
