Extrativismo vegetal é a prática de extração de recursos naturais de origem vegetal, obtidos da flora. Por meio do extrativismo vegetal, os seres humanos obtêm frutos, sementes, folhas, raízes, ceras, resinas e diversos outros produtos das plantas e árvores que são encontradas no meio, os quais são utilizados para o consumo ou para a comercialização. Além disso, o extrativismo vegetal consiste em uma importante etapa de coleta de matéria-prima para diversos ramos da indústria, como alimentício, cosmético e farmacêutico.
Apesar da sua importância econômica, social e, ainda, cultural, tendo relação com comunidades tradicionais, o extrativismo vegetal pode causar sérios impactos ao meio ambiente, como o desmatamento e o esgotamento de recursos naturais.
Leia também: Agricultura — uma das principais atividades do setor primário da economia
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre extrativismo vegetal
- 2 - O que é extrativismo vegetal?
- 3 - Características do extrativismo vegetal
- 4 - Exemplos de extrativismo vegetal
- 5 - Impactos ambientais do extrativismo vegetal
- 6 - Importância do extrativismo vegetal
- 7 - Extrativismo vegetal, animal e mineral
Resumo sobre extrativismo vegetal
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O extrativismo vegetal é a atividade de extração de recursos naturais da flora.
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Trata-se de uma atividade milenar desenvolvida pelos seres humanos para a subsistência, e hoje atrelada, também, à economia.
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Por meio do extrativismo vegetal, obtêm-se folhas, frutos, sementes, raízes, ceras e resinas de árvores e plantas que se desenvolvem na natureza sem a necessidade de plantio controlado.
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Essa é uma atividade do setor primário da economia, desempenhada no meio rural. Seus produtos são comercializados, consumidos diretamente ou usados como matéria-prima.
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A extração do látex e a obtenção do açaí são dois dos principais exemplos de extrativismo vegetal no território brasileiro.
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Essa atividade é importante para inúmeras cadeias produtivas, para a subsistência de comunidades tradicionais e para a economia local das regiões que a praticam.
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Apesar da sua importância, o extrativismo vegetal pode causar danos ao meio ambiente, como desmatamento e esgotamento de recursos naturais, o que impacta o equilíbrio ecossistêmico.
O que é extrativismo vegetal?
O extrativismo vegetal é uma atividade que consiste na obtenção de recursos naturais da flora, isto é, das plantas e vegetais, que se desenvolve naturalmente no meio. Isso significa que o extrativismo vegetal não depende da preparação do solo e do plantio das espécies vegetais para a sua colheita ou extração, como acontece na agricultura e na silvicultura.
Essa é uma prática desenvolvida pela humanidade desde o seu surgimento no planeta Terra, mantendo-se até o presente. Entretanto, a organização dos seres humanos em sociedade e a implementação de um sistema econômico e industrial que demanda um volume cada vez maior de matérias-primas da natureza alteraram a forma como o extrativismo vegetal é realizado, transformando-o, também, em uma atividade econômica. Nesse caso, ele é enquadrado no setor primário da economia.
Características do extrativismo vegetal
O extrativismo vegetal é uma prática milenar realizada pelos seres humanos para o proveito de elementos encontrados na natureza, mais precisamente dos componentes de origem vegetal. Conforme adiantamos, a sua execução independe do plantio controlado de determinada árvore ou de qualquer outra espécie de planta, uma vez que tais elementos se desenvolvem de forma espontânea no meio natural.
Assim, essas plantas que são identificadas em diferentes tipos de ambientes se tornam a principal fonte de obtenção de uma ampla variedade de recursos naturais, o que inclui:
folhas |
ceras |
raízes |
resinas |
cascas |
óleos |
madeira |
seiva |
fibras |
frutos e sementes |
Cada um desses elementos apresenta funcionalidades que servem para:
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a comercialização em diferentes escalas de abrangência, desde a local até a internacional;
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o uso na indústria como matéria-prima, compreendendo segmentos variados, como alimentício, cosmético, automobilístico, farmacêutico, moveleiro e outros;
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garantir a subsistência, como acontece com populações tradicionais cujo modo de vida é conduzido em harmonia com a natureza, a exemplo dos indígenas.

A obtenção dos produtos do extrativismo vegetal é feita pela coleta, uma atividade mais comumente desempenhada manualmente, isto é, por seres humanos, e pode ser realizada mediante o auxílio de algum tipo de ferramenta própria.
O grau de mecanização do extrativismo vegetal é muito baixo, com exceção de segmentos como o madeireiro. Por isso, podemos dizer que essa é uma prática que é pouco intensiva em capitais e em maquinários quando comparada com as demais atividades do setor primário, em especial o agronegócio e a mineração.
O extrativismo vegetal é praticado no meio rural. Mesmo que determinados ramos pertençam a cadeias produtivas integradas ao meio urbano, ou que as etapas de beneficiamento do produto aconteçam em indústrias, trata-se de uma atividade que se concentra nas áreas afastadas das cidades.
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Exemplos de extrativismo vegetal
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Látex: a obtenção do látex é um dos principais exemplos quando tratamos do extrativismo vegetal. O látex é um tipo de seiva extraída da seringueira e utilizada para a fabricação de borracha. No Brasil, a produção de látex é concentrada entre as regiões Sul e Sudeste, destacando-se o norte do Paraná.|1| Em escala mundial, é a Tailândia que ocupa a primeira posição entre os maiores produtores dessa matéria-prima.

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Açaí: esse é o fruto do açaizeiro, uma árvore nativa da Amazônia brasileira. O Brasil é o maior produtor mundial de açaí, com destaque para o estado do Pará. O açaí é muito consumido em todo o território nacional de diferentes maneiras, e também enviado ao exterior na forma de purê. Os Estados Unidos são o principal importador dessa mercadoria.

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Coco do babaçu: o babaçu é uma árvore presente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, comum em estados como o Tocantins, o Pará, o Piauí e o Maranhão. Dela se obtém o coco, fruto que é utilizado na alimentação e também na base para a fabricação de cosméticos, óleos e gorduras. Sua extração é comumente feita por um grupo de mulheres que são chamadas de quebradeiras de coco.

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Castanha-do-pará: essa semente é derivada de uma árvore chamada castanheira-do-brasil, que, apesar desse nome, também é encontrada em outros países da América do Sul que estão inseridos na Amazônia. Por isso, a produção e comercialização de castanha-do-pará é identificada na Bolívia, no Peru e na Colômbia. Ela é utilizada tanto na alimentação quanto como matéria-prima na indústria, sendo um dos principais produtos de exportação de estados como Acre e Pará, no Norte do Brasil.

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Madeira: a madeira é uma matéria-prima versátil empregada em diferentes segmentos da indústria. Ela é um dos principais produtos do extrativismo vegetal, sendo acompanhada de elementos associados, como a polpa da madeira e a lenha. No Brasil, a produção madeireira acontece em maior escada nas regiões Sudeste e Sul, mas é identificada em todas as regiões. No mundo, os países que mais produzem e comercializam madeira são Estados Unidos, Rússia, Canadá e China.

Impactos ambientais do extrativismo vegetal
Apesar da sua importância, o extrativismo vegetal pode resultar na ocorrência de impactos negativos para o meio ambiente quando a sua realização é feita de maneira intensiva, desconsiderando o tempo de reposição da natureza e o papel ecológico das espécies vegetais exploradas para as comunidades em que elas estão inseridas.
As consequências listadas a seguir são observadas especialmente em áreas onde o extrativismo vegetal é praticado para o fornecimento de matérias-primas para a indústria nacional ou internacional, haja vista a maior demanda por produtos. São impactos ambientais do extrativismo vegetal:
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aumento da taxa de desmatamento e consequente destruição de habitats;
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exposição e fragilização do solo, tornando-o mais suscetível à erosão;
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esgotamento dos recursos naturais, o que afeta a economia e o sustento de populações;
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desequilíbrio de ciclos naturais e das relações ecológicas;
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insuficiência de frutos e sementes para a alimentação da fauna;
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perda de biodiversidade pela morte de plantas e animais.
Importância do extrativismo vegetal
A prática do extrativismo vegetal tem importância econômica e sociocultural. Essa atividade desempenha papel crucial na economia de países subdesenvolvidos em conjunto com a agricultura, empregando uma parcela da sua população.
Pensando no território brasileiro, o extrativismo vegetal é a atividade econômica que lidera o setor primário em muitos estados, além de seus produtos estarem presentes em larga escala na sua cesta de exportação. O extrativismo vegetal é responsável, ainda, por fornecer matérias-primas para diferentes segmentos da indústria, compondo a primeira etapa de importantes cadeias produtivas globais.
Muitas comunidades tradicionais dependem do extrativismo vegetal e de outras vertentes dessa prática para a sua subsistência. Elas obtêm elementos da natureza para o consumo direto ou, então, para a comercialização. Em alguns casos, são coletadas matérias-primas para o artesanato (como fibras, sementes, cascas e madeira), que também constitui uma fonte de renda para muitas famílias.

Culturalmente, o extrativismo vegetal está aliado ao modo de vida de povos indígenas e de outras populações tradicionais que são detentoras de um vasto conhecimento sobre a natureza e a funcionalidade de seus componentes, no caso aqui tratado, as plantas. Muitas delas apresentam princípios ativos que auxiliam em tratamentos de saúde, fornecem nutrientes e vitaminas ao organismo ou, ainda, podem ser utilizadas na culinária e como cosmético.

A prática do extrativismo vegetal, além do mais, estabeleceu grupos que são importantes para a valorização dos saberes tradicionais e o fortalecimento de comunidades de trabalhadores rurais, a exemplo das quebradeiras de coco e dos catadores de mangaba.
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Extrativismo vegetal, animal e mineral
O extrativismo vegetal é somente um dos três tipos de extrativismo que são praticados pelos seres humanos. Além dele, há o extrativismo animal e o mineral. Confira, a seguir, o que é cada um deles:
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Extrativismo animal: atividade de caça e pesca que consiste na obtenção de recursos de origem animal para o consumo, para a comercialização direta ou para a venda como matéria-prima. Devido aos seus impactos naturais, principalmente em ecossistemas frágeis ou ameaçados, a caça e a pesca são proibidas ou limitadas. No segundo caso, sua realização depende da autorização de órgãos ambientais.
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Extrativismo mineral: extração de minerais, pedras preciosas, rochas de valor comercial e combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) do solo ou subsolo, tanto em áreas continentais quanto oceânicas. Essa é uma prática de alta importância para a indústria, em especial a indústria de base, sendo a base da economia de muitos países e territórios.
Nota
|1| REDAÇÃO. Paraná lidera produção nacional de látex com cerca de 2 mil toneladas por ano. G1 PR, 05 jan. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/pr/parana/caminhos-do-campo/noticia/2025/01/05/parana-lidera-producao-nacional-de-latex-com-cerca-de-2-mil-toneladas-por-ano.ghtml.
Créditos das imagens
Fontes
CAMARA, Eliane. Extrativismo Vegetal – O que é, tipos, vantagens e desvantagens. 123Ecos, 13 nov. 2024. Disponível em: https://123ecos.com.br/docs/extrativismo-vegetal/.
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MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo, SP: Editora Ática, 2004. 47ª edição, 3ª reimp. 455p.
MOREIRA, P. I. Entre Extrativismo e Ciência: A História da Exploração da Cera de Carnaúba no Nordeste do Brasil na Primeira Metade do Século XX. Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (HALAC) revista de la Solcha, [S. l.], v. 12, n. 2, p. 107–139, 2022. Disponível em: https://www.halacsolcha.org/index.php/halac/article/view/606.
ROSS, Jurandyr L. Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimp. 546p.