Taxonomia é a ciência que organiza e agrupa os seres vivos em táxons ou níveis hierárquicos. As categorias taxonômicas mais amplamente aceitas atualmente para a classificação biológica são: domínio, reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. A taxonomia permite identificar, nomear e agrupar os organismos de acordo com suas semelhanças e parentescos evolutivos. Esse ramo da ciência é fundamental para todo e qualquer tipo de estudo sobre a biodiversidade.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre taxonomia
- 2 - O que é taxonomia?
- 3 - Classificação taxonômica
- 4 - Taxonomia do ser humano
- 5 - Exemplo de classificação dos seres vivos
- 6 - Taxonomia de Bloom
- 7 - Nomenclatura binomial
- 8 - História da taxonomia
- 9 - Exercícios resolvidos sobre taxonomia
Resumo sobre taxonomia
- Taxonomia é a ciência que organiza e classifica os seres vivos hierarquicamente, de acordo com suas semelhanças e parentescos evolutivos.
- Em uma ordem decrescente de abrangência, os seres vivos são classificados nos seguintes níveis hierárquicos: domínio, reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
- A categoria taxonômica mais abrangente é o nível de domínio e a mais específica é o nível de espécie.
- O processo da classificação taxonômica foi evoluindo de acordo com as novas descobertas acerca das relações evolutivas entre as espécies.
- Na classificação taxonômica, a espécie humana pertence ao gênero Homo.
- Nomenclatura binomial é o sistema de identificação das espécies a partir do uso de 2 termos originados do latim.
- Os nomes científicos são muito úteis para as pesquisas e a compreensão da biodiversidade.
- Lineu, o pai da taxonomia, estabeleceu as bases dessa ciência.
- Os avanços no conhecimento genético e molecular alavancaram os estudos da taxonomia.
- A taxonomia de Bloom também é um método de organização hierárquica, mas está relacionado a habilidades cognitivas e não biológicas.
O que é taxonomia?
A taxonomia é o ramo da Biologia responsável por classificar, organizar, identificar e nomear os seres vivos em categorias hierárquicas. O principal objetivo desse método de classificação biológica é organizar toda a diversidade de organismos conhecidos em grupos sistemáticos que reflitam as relações evolutivas que eles compartilham entre si.
Por ser um sistema universal de classificação, a taxonomia proporciona qualidade e clareza necessárias para a comunicação entre cientistas de diferentes partes do mundo, além de ser de extrema importância para os estudos comparativos entre determinadas espécies e para a compreensão geral da história da vida na Terra, sendo essencial para a pesquisa, conservação e preservação da nossa biodiversidade global.
Classificação taxonômica
O processo da classificação taxonômica envolve a organização dos seres vivos em níveis hierárquicos, também conhecidos como táxons, de acordo com as características semelhantes que eles compartilham entre si. De todas as propostas de classificação biológica, a mais amplamente aceita, atualmente, organiza os seres vivos (em uma ordem decrescente de abrangência) nos seguintes níveis:
Historicamente, as primeiras tentativas de classificação eram baseadas em características morfológicas evidentes. No entanto, com o avanço do conhecimento e das técnicas de análise, como a genética molecular, a classificação moderna busca refletir com mais precisão as relações filogenéticas, ou seja, a história evolutiva dos organismos classificados.
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Taxonomia do ser humano
A nossa espécie, Homo sapiens, como qualquer outra espécie que já foi descrita, também tem sua classificação taxonômica dentro desse sistema hierárquico. Nossas características estruturais, evolutivas, genéticas e moleculares nos enquadram em táxons que têm similaridade de características com outros grupos de seres vivos. Entretanto, depois do agrupamento de domínio, a classificação taxonômica vai seguindo por um caminho mais específico, de modo que cada nível se torna menos abrangente, até chegar ao nível espécie.
Desse modo, a classificação biológica dos seres humanos é a seguinte:
- domínio Eukarya (organismos com células eucariontes),
- reino Animalia (seres multicelulares heterotróficos),
- filo Chordata (animais com notocorda),
- classe Mammalia (animais com glândulas mamárias),
- ordem Primates (animais com mãos e pés preênseis),
- família Hominidae (hominídeos bípedes),
- gênero Homo (humanos) e, finalmente,
- espécie Homo sapiens (o homem moderno).
A espécie Homo sapiens pertence a um gênero que surgiu há milhões de anos, e que, há cerca de 300 mil anos, sofreu processos evolutivos marcantes no continente africano, trazendo fundamentais processos de adaptações e de desenvolvimento de características únicas, como a complexidade na forma de se comunicar e de raciocinar.
Exemplo de classificação dos seres vivos
Para ilustrar esse processo de taxonomia, vamos tomar outro exemplo de ser vivo, além do Homo sapiens, a espécie do leão, o famoso “rei da selva”, denominado cientificamente de Panthera leo. Sua classificação começa no domínio Eukarya, indicando que suas células apresentam uma membrana nuclear bem dividida. O próximo grupo taxonômico é o reino, sendo o leão pertencente ao reino Animalia, por ser um organismo multicelular que se alimenta de outros seres vivos.
A seguir, os leões se enquadram no filo Chordata, e na classe Mammalia, assim como a espécie humana, porém, a partir deste nível taxonômico, a classificação biológica dos humanos e dos leões se divergem, pois não fazemos parte do mesmo táxon que vem a seguir, a ordem.
Os leões, por serem animais estritamente carnívoros, pertencem à ordem Carnivora, que reúne todos os mamíferos predadores. Em seguida, são classificados na família Felidae, onde estão todos os felinos, e no gênero Panthera, que também inclui vários outros grandes felinos como os tigres, leopardos e onças-pintadas. E para concluir essa classificação, chegamos finalmente ao nível de espécie, denominada de Panthera leo, que se refere especificamente ao leão, com suas características morfológicas e comportamentais distintas.
Taxonomia de Bloom
A taxonomia de Bloom não possui relação direta com a taxonomia dos seres vivos que está sendo tratada ao longo deste texto. Ela foi criada pelo psicólogo educacional Benjamin Bloom e é um sistema de classificação de diferentes níveis de habilidades cognitivas importantes no processo de aprendizagem. Este método pedagógico organiza os objetivos educacionais em uma hierarquia que vai do conhecimento à avaliação.
Enquanto a taxonomia biológica classifica os organismos, a taxonomia de Bloom classifica as habilidades de pensamento e aprendizagem. Por isso, é importante não confundir estes dois conceitos, pois eles atuam em domínios completamente distintos do conhecimento.
Nomenclatura binomial
A nomenclatura binomial é um sistema universalmente adotado para nomear as espécies conhecidas de seres vivos. Foi inicialmente proposta pelo botânico e zoólogo sueco Carl Von Linné (Lineu), no século XVIII. Tal sistema atribui a cada espécie um nome científico, normalmente composto por dois termos, que segue uma gama de regras específicas para manter um padrão de escrita que seja compreendido por qualquer pesquisador, em qualquer território do mundo e que evite a confusão causada pelos nomes populares, que podem variar de região para região.
Por exemplo, Canis familiaris é o nome científico do cachorro doméstico, e o termo cachorro ou cão é apenas uma denominação popular que não é compreendida por outros idiomas além do português. Confira a seguir algumas das regras mais importantes referentes a esse sistema de nomenclatura binomial:
- 1ª regra: o nome científico é, geralmente, composto por duas palavras em latim (ou latinizadas);
- 2ª regra: o primeiro nome é sempre referente ao gênero e deve possuir a primeira letra maiúscula (Canis);
- 3ª regra: o segundo nome é composto pelo epíteto específico e é escrito todo em letras minúsculas (familiaris);
- 4ª regra: o termo científico sempre deve ser destacado do texto, de preferência no modo itálico, mas também pode ser sublinhado ou em negrito.
- 5ª regra: em alguns casos, o epíteto específico pode ser uma referência a alguém ou a alguma característica marcante da estrutura ou da região em que o organismo foi encontrado, como o Pinus sylvestris, pinheiro com epíteto específico referente à região florestal (sylvestris) onde foi encontrado.
História da taxonomia
A taxonomia primitiva apresentava um modo de classificação baseado em critérios mais visíveis, simplórios e, em alguns casos, superficiais. Aristóteles, na Grécia Antiga, foi um dos pioneiros ao classificar os animais em grupos com e sem sangue vermelho. No entanto, foi no século XVIII que Carl Von Linné, ou Lineu, estabeleceu as bases da taxonomia moderna com a introdução da nomenclatura binomial e a organização hierárquica dos seres vivos em seu livro Systema Naturae.
Ao longo dos séculos, outros estudiosos e pesquisadores contribuíram para o aprimoramento do sistema de classificação dos seres vivos. Além disso, pesquisadores de outras áreas, como Georges Cuvier, introduzindo o conceito de anatomia comparada, e Charles Darwin, contribuindo com os mais importantes estudos evolucionistas da época, forneceram bases imprescindíveis para a compreensão das relações filogenéticas entre as espécies.
No século XX, o desenvolvimento da genética molecular e da cladística (método de análise filogenética) permitiu a construção de árvores evolutivas mais precisas, levando à criação de categorias taxonômicas mais recentes e amplamente aceitas, como o domínio, que engloba os reinos em um nível superior de organização.
Nesse período, teóricos importantes trouxeram contribuições significativas para a taxonomia, como Robert Whittaker que propôs o sistema de 5 reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia), baseado em critérios de organização celular, tipos de nutrição e interações ecológicas. Posteriormente, Carl Woese, através de estudos de filogenia molecular baseados na análise do RNA ribossômico, revolucionou a classificação ao propor o sistema de 3 domínios (Bacteria, Archaea e Eukarya), refletindo a forma mais precisa das relações evolutivas entre os seres vivos e, também, a mais aceita na comunidade científica atualmente.
Saiba mais: Cladograma — representação visual das relações evolutivas entre as espécie
Exercícios resolvidos sobre taxonomia
Questão 1 (Enem 2022). O cladograma demonstra o grau de parentesco entre cinco grupos de animais vertebrados.
De acordo com esse cladograma, quais animais apresentam maior semelhança genética?
A) Sapo e jacaré.
B) Jacaré e pardal.
C) Pardal e coelho.
D) Sardinha e sapo.
E) Coelho e sardinha.
Resposta: B
Justificativa: O jacaré e o pardal possuem uma maior proximidade evolutiva, visto que em um cladograma, cada nó representa o ancestral comum mais recente de todos os grupos que se originaram a partir desse ponto.
Questão 2 (Enem 2013). Lobos da espécie Canis lycaon, do leste dos Estados Unidos, estão intercruzando com coiotes (Canis latrans). Além disso, indivíduos presentes na borda oeste da área de distribuição de C. lycaon estão se acasalando também com lobos cinzentos (Canis lupus). Todos esses cruzamentos têm gerado descendentes férteis.
Scientific American Brasil, Rio de Janeiro, ano II, 2011 (adaptado).
Os animais descritos foram classificados como espécies distintas no século XVIII. No entanto, aplicando-se o conceito biológico de espécie, proposto por Ernst Mayr em 1942, e ainda muito usado hoje em dia, esse fato não se confirma, porque
A) esses animais são morfologicamente muito semelhantes.
B) o fluxo gênico entre as três populações é mantido.
C) apresentam nichos ecológicos muito parecidos.
D) todos têm o mesmo ancestral comum.
E) pertencem ao mesmo gênero.
Resposta: B
Justificativa: De acordo com o conceito biológico de espécie, a capacidade de gerar descendentes férteis indica que os indivíduos pertencem à mesma espécie, pois o fluxo gênico é mantido.
Fontes
BIOTA NEUTROPICA. Taxonomia. Instituto Virtual da Biodiversidade. BIOTA - FAPESP, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bn/a/FCgBJYVZtrjYstCv3pd9LpN/?lang=pt
ZAGATTO, L. F. G.; WEISER, V. L. A classificação biológica e sua importância: de Aristóteles aos dados moleculares. Aprendendo Ciência. UNESP, 2022. Disponível em: https://seer.assis.unesp.br/index.php/aprendendociencia/article/view/2453